Feira das Freguesias de Arganil

by | 29 Jun, 2022 | Beira Litoral, Festas, Junho, Províncias, Tradições

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Arganil teve a feliz ideia de pôr cada uma das suas catorze freguesias a defender as suas cores no que toca aos prazeres da gastronomia – fica fácil quando a variedade e a qualidade abundam. O encontro, com o nome de Feira das Freguesias, acontece em Junho, por altura do feriado nacional do dia de Portugal, e é já um dos principais festivais do município e arredores.

O poder da freguesia

Sabemos que, regra geral, quando alguém diz a terra de onde vem, menciona o concelho, mesmo que não viva na sua sede. Percebe-se porquê. A maioria dos portugueses não conhecerá as terras pequenas – por vezes, nem as maiores -, e mais vale despachar conversa e assinalar logo o ponto de referência mais óbvio. As freguesias ficam, desta forma, diluídas em generalizações geográficas e apagadas de mapas nacionais.

Que uma sede de concelho, apoiada pela Casa da Comarca de Arganil, apresente uma feira cujo principal objectivo é dar palco às particularidades de cada freguesia, para lá de disputas históricas ou das cores políticas de cada administração, é de se tirar o chapéu.

Em Arganil, a Câmara cometeu a proeza de motivar cada uma das suas freguesias para que, em Junho, todas elas se reúnam num fim de semana afim de promover as suas mais-valias gastronómicas. No total, são catorze, umas que o leitor reconhecerá, nem que seja de nome, outras que nem tanto: Arganil, São Martinho da Cortiça, Sarzedo, Secarias, Côja e Barril de Alva, Vila Cova de Alva e Anseriz, Pomares, Piódão, Cerdeira e Moura da Serra, Benfeita, Folques, Pombeiro, Cepos e Teixeira, Celavisa.

O ambiente é salutar, claro, mas tendo em conta que existem três concursos para eleger as que criaram o melhor prato, a melhor sobremesa, e a melhor apresentação, há competitividade suficiente para que ninguém vá para lá apenas para ter medalha de presença. O orgulho característico das pequenas terras garante que a intenção é mesmo ganhar e levar para casa o prémio.

E a parte boa é que Arganil tem riqueza para dar e vender. Os representantes de cada freguesia – que normalmente são comissões de festas, restaurantes, ranchos ou grupos de danças e cantares, Casas da Misericórdia -, levam o seu ouro no que toca a comida e bebida. Saltar de tenda em tenda e tentar perceber, por exemplo, o que é que a chanfana de uma tem que a outra não tem, é um contento.

O longo cardápio de Arganil

Já falei, neste espaço, sobre os diferentes buchos que o concelho de Arganil dispõe. Contudo, isso não é válido apenas para o bucho. Várias iguarias do município conhecem diferentes receitas consoante a freguesia que as faz, mesmo que a diferença entre cada versão seja, em muitos casos, de pormenor.

A sopa de castanhas (um caldo de castanha, feijão, e enchidos vários), a sopa serrana (combinação surpreendente entre carne de porco e couve), a broa de milho (saída de forno a lenha), as papas-laberças (couve e farinha de milho misturadas numa pasta consistente e saborosa), os torresmos (especiais na freguesia de Pombeiro), o coelho (habitualmente assado no forno), as bolas de carne de Folques (com recheio de presunto e chouriço), a tigelada (um doce de leite e ovos confinado numa taça de barro e servido depois às fatias), os farta-rapazes (biscoitos, também feitos com leite e ovos, mas com uma pitada de aguardente ou whisky), o sequilho (um dos marcos da doçaria arganilense, espécie de bolacha com manteiga e ovo), os coscoréis (uma filhós feita à moda do concelho), entre muitos outros pitéus, podem ser aqui provados, em curto tempo e em curto espaço. Nas bebidas, o ênfase vai para a serradura – bebida alcoólica à base de vinho e fruta, principalmente ananás, produzida em Luadas, junto a Benfeita.

Junta-se a isto o artesanato, que acaba por ser igualmente revelador das idiossincrasias de cada freguesia, e um programa que dá destaque à música tradicional, com ranchos folclóricos, grupos etnográficos, zés-pereiras, tunas, bandas filarmónicas, e até bandas locais.

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Arganil – o que fazer, onde comer, onde dormir

Arganil deve ser um dos concelhos do país com maior número de opções no que toca a praias fluviais - das mais secretas às que recebem o reconhecimento da Bandeira Azul, há de tudo um pouco, excepto água salgada. No meio de tanta escolha, sobressaem a praia fluvial de Foz d'Égua, a belíssima Fraga da Pena na autóctone Mata da Margaraça, os vários poços do Poço da Cesta, a vasta praia fluvial de Côja, a menos conhecida praia fluvial de Moinhos de Alva, e a pequena península que se forma na Barragem das Fronhas com área de lazer. São quase todas originadas pela Serra do Açor, que distribui caudais na sua vertente norte até ao rio Alva.

Mas além das ribeiras e praias e cascatas, Arganil faz-se valer pelas suas vilas e aldeias de xisto vestidas, umas reconhecidas de forma oficial na rede Aldeias de Xisto, outras nem por isso: o Piódão é a mais célebre, sendo capa de vários livros que ilustram o interior do país e parte integrante da rede Aldeias Históricas, conta com um bom restaurante para quem quiser ir à Chanfana; Foz d'Égua, à beira do Piódão, apesar de ser propriedade de meia dúzia de pessoas, pode ser visitável em todo o seu alcance; Benfeita conta com uma torre que repica pela paz; Vila Cova de Alva embeleza-se com convento, ermidas a rodos, e rua manuelina; e Barril de Alva vale a pena se andar por ali no terceiro Sábado de cada mês, quando acontece a feira. Não sendo um povoado mas merecendo de igual forma visita, temos a Capela da Rainha Santa Isabel, de planta distinta e diferenciadora.

Também na componente gastronómica, o município de Arganil dá cartas: nas carnes, é famoso o Bucho Recheado de Benfeita, de Vila Cova de Alva e de Folques, o coelho assado, e o cabrito; nas sopas, a canja de galinha e o caldo da castanha têm versão depurada, à moda da serra; o resto da imaginação foi despendida com a lambarice, nas Tigeladas de Torrozelas servidas em recipientes de barro, na Broa de Batata que se vende nas lojas do Piódão e de Côja, nos licores serranos feitos à base de ervas nativas, nas bolachas de ovo e açúcar conhecidas por Sequilhos. Em Junho podemos provar tudo isto num só sítio: a Feira das Freguesias.

E enfim, mal se falou da própria vila de Arganil. Os monumentos que mais merecem visita do burgo estão na sua periferia - o Santuário do Mont'Alto, a este, e a Capela de São Pedro, a norte. Simpático e barato é o restaurante A Tasquinha, bem no centro, para picar pratos locais. Uma boa alternativa à sede de concelho é a vila de Côja, apelidada de princesa do Alva por ser cruzada por este, famosa pelo seu parque de campismo com acesso à praia fluvial, e onde no restaurante Príncipe do Alva se pode entregar aos sabores do Polvo à Lagareiro.

Para dormir, o que mais se recomenda é que se pernoite nas pequenas casas xistosas afogadas nas ondas do Açor. Há muitas que conseguiram manter o toque da serra modernizando-a com o necessário conforto. Para nomear algumas, aqui ficam as que destacamos: a Casa da Quelha ou os InXisto Lodges em Chãs de Égua, bem perto do Piódão e de Foz d'Égua; a Casa da Padaria bem no coração do Piódão, e por favor fiquem para o pequeno-almoço; a Casa do Loureiro, um chalé no Soito da Ruiva; a Casa do Alto, na aconchegante Benfeita, bem perto da Mata da Margaraça; o muito procurado Campus Natura; ou a Casa do Rio Alva, à beira-rio e mais próxima de Arganil. Se entender que o ideal é ter mais serviço e menos tradição, terá sempre o INATEL Piódão, com a melhor vista sobre a aldeia presépio, ou a Quinta da Palmeira, casa oitocentista adaptada a hotelaria com dez quartos disponíveis.

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=40.21742 ​; lon=-8.05441

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