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Benfeita pode bem ser um ensaio para uma nova tendência crescente no país e, de uma forma geral, na cultura ocidental. A freguesia tem vindo a ganhar gente nova que para aqui veio com filhos à procura de uma nova vivência.

Aldeia de xisto, mas não muito

Das chamadas aldeias do xisto portuguesas, Benfeita é das que conta com menos dessa pedra.

E ainda assim, Benfeita é inequivocamente uma obra de xisto. Porquê? Porque de xisto é a Serra do Açor que a acolhe, porque de xisto são os socalcos que a sustém, porque de xisto é o trilho ribeirinho onde chapinha.

E todavia, em contraponto, quando a olhamos da margem esquerda da ribeira, sobretudo se situados no varandim da Fonte das Moscas, observamos uma dominante mancha branca de casas feitas de argamassa, e apenas muito ocasionalmente se distingue o tom escuro do xisto em alguma edificação. Aliás, um passeio pelas apertadas ruelas da terra leva-nos até para edifícios recentes, cobertos com reboco, que nos transportam para um sítio menos bucólico do que Benfeita, na essência, é.

Uma das excepções à alvura moderna de Benfeita é a torre sineira, a ovelha negra da terra. Uma peça xistosa que contrasta com a envolvente, numa inversão de cores em relação àquilo que acontece no Piódão (onde, ao invés, há uma igreja branca no meio de um casario de lousa). A Torre de Benfeita, também chamada Torre da Paz, poderia ser o torreão defensivo da povoação. Ironicamente, é o contrário disso. Não tem qualquer função bélica ou de vigia. É antes um dos mais curiosos monumentos à paz nacionais, como aqui já se falou, mas que tentarei sintetizar desta forma: todos os anos, no dia 7 de Maio, por ocasião da rendição alemã na II Grande Guerra, o seu sino repica 1620 vezes, tantas quanto os dias do conflito.

A verdade é que, recorrendo à arquitectura contemporânea ou à arquitectura popular, Benfeita – a aldeia e a freguesia – tem recebido um esperançoso número de jovens casais, lusos e estrangeiros, que por cá procuram uma outra forma de viver, distante do que a civilização ocidental tem praticado desde há décadas para cá. Alguns organizaram-se com o objectivo de preservar a identidade do lugar, como é disso exemplo a associação ArBOR, que se mexe pela protecção da natureza e da cultura autóctones. Será esta surpresa demográfica um sinal de novos tempos?

Um pequeno trilho junto ao rio, em Benfeita

O caminho ribeirinho de Benfeita

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Uma entrada no Açor

Para quem quiser conhecer o Açor pela sua vertente norte, não há melhor forma do que entrando por aqui, no ainda suave relevo de Benfeita. Para sul da povoação, começa a escalada, com a Mata da Margaraça e a Fraga da Pena a compilarem o que de melhor a serra tem, e com o anfiteatro de cumes que barra caminho a quem queira seguir para o Portugal meridional – de nascente para poente, são os cabeços de Fonte de Espinho, da Picota, do Carvalhal, de Arintas, do Reguengo.

Desses picos do Açor escorrem as águas que, cá para baixo, formam ribeiras apropriadas a banhos. Benfeita recebe duas: a ribeira da Mata, com origem na Mata da Margaraça, e a ribeira do Carcavão, também conhecida por ribeira do Vale, com origem no cabeço do Carcavão. As ribeiras unem-se na aldeia benfeitense. O caudal, claro, aumenta. E com uma represa instalada a jusante atrasa-se a correria das águas e forma-se uma praia fluvial a que alguns calorentos acodem. Da praia, os nossos olhos têm acesso a toda a amplitude do burgo. Vemos tudo num mergulho.

Quem for explorar os recessos de Benfeita, pode fazê-lo e em pouco tempo. Além da igreja matriz, encontrará um desproporcionado número de capelas tendo em conta o perímetro da aldeia. Sobressaem a octogonal Capela de Santa Rita, que acompanha a Torre da Paz e, por isso, virou uma das caras da terra, e a Capela da Assunção, com moldura da portada que aponta para um manuelino humilde, passe o paradoxo. Há os habituais testemunhos do trabalho que já não existe: os lagares, as azenhas, os moinhos. E na Casa José Simões Dias temos loja para levar recordação – artesanato e licores, entre mais um ou outro souvenir.

Mais do que bem feita, Benfeita é bem situada, bem organizada, bem simpática. Uma óptima primeira estação a caminho dos altos do Açor.

Arganil – o que fazer, onde comer, onde dormir

Arganil deve ser um dos concelhos do país com maior número de opções no que toca a praias fluviais - das mais secretas às que recebem o reconhecimento da Bandeira Azul, há de tudo um pouco, excepto água salgada. No meio de tanta escolha, sobressaem a praia fluvial de Foz d'Égua, a belíssima Fraga da Pena na autóctone Mata da Margaraça, os vários poços do Poço da Cesta, a vasta praia fluvial de Côja, a menos conhecida praia fluvial de Moinhos de Alva, e a pequena península que se forma na Barragem das Fronhas com área de lazer. São quase todas originadas pela Serra do Açor, que distribui caudais na sua vertente norte até ao rio Alva.

Mas além das ribeiras e praias e cascatas, Arganil faz-se valer pelas suas vilas e aldeias de xisto vestidas, umas reconhecidas de forma oficial na rede Aldeias de Xisto, outras nem por isso: o Piódão é a mais célebre, sendo capa de vários livros que ilustram o interior do país e parte integrante da rede Aldeias Históricas, conta com um bom restaurante para quem quiser ir à Chanfana; Foz d'Égua, à beira do Piódão, apesar de ser propriedade de meia dúzia de pessoas, pode ser visitável em todo o seu alcance; Benfeita conta com uma torre que repica pela paz; Vila Cova de Alva embeleza-se com convento, ermidas a rodos, e rua manuelina; e Barril de Alva vale a pena se andar por ali no terceiro Sábado de cada mês, quando acontece a feira. Não sendo um povoado mas merecendo de igual forma visita, temos a Capela da Rainha Santa Isabel, de planta distinta e diferenciadora.

Também na componente gastronómica, o município de Arganil dá cartas: nas carnes, é famoso o Bucho Recheado de Benfeita, de Vila Cova de Alva e de Folques, o coelho assado, e o cabrito; nas sopas, a canja de galinha e o caldo da castanha têm versão depurada, à moda da serra; o resto da imaginação foi despendida com a lambarice, nas Tigeladas de Torrozelas servidas em recipientes de barro, na Broa de Batata que se vende nas lojas do Piódão e de Côja, nos licores serranos feitos à base de ervas nativas, nas bolachas de ovo e açúcar conhecidas por Sequilhos. Em Junho podemos provar tudo isto num só sítio: a Feira das Freguesias.

E enfim, mal se falou da própria vila de Arganil. Os monumentos que mais merecem visita do burgo estão na sua periferia - o Santuário do Mont'Alto, a este, e a Capela de São Pedro, a norte. Simpático e barato é o restaurante A Tasquinha, bem no centro, para picar pratos locais. Uma boa alternativa à sede de concelho é a vila de Côja, apelidada de princesa do Alva por ser cruzada por este, famosa pelo seu parque de campismo com acesso à praia fluvial, e onde no restaurante Príncipe do Alva se pode entregar aos sabores do Polvo à Lagareiro.

Para dormir, o que mais se recomenda é que se pernoite nas pequenas casas xistosas afogadas nas ondas do Açor. Há muitas que conseguiram manter o toque da serra modernizando-a com o necessário conforto. Para nomear algumas, aqui ficam as que destacamos: a Casa da Quelha ou os InXisto Lodges em Chãs de Égua, bem perto do Piódão e de Foz d'Égua; a Casa da Padaria bem no coração do Piódão, e por favor fiquem para o pequeno-almoço; a Casa do Loureiro, um chalé no Soito da Ruiva; a Casa do Alto, na aconchegante Benfeita, bem perto da Mata da Margaraça; o muito procurado Campus Natura; ou a Casa do Rio Alva, à beira-rio e mais próxima de Arganil. Se entender que o ideal é ter mais serviço e menos tradição, terá sempre o INATEL Piódão, com a melhor vista sobre a aldeia presépio, ou a Quinta da Palmeira, casa oitocentista adaptada a hotelaria com dez quartos disponíveis.

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=40.23174 ; lon=-7.94578

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