Manuelino

by | 6 Mai, 2016 | Culturais, Tradições

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Identificar o estilo Manuelino com a arquitectura portuguesa é um vício comum. No entanto, foi bem além disso, e a arquitectura foi apenas um meio para atingir um fim. Entrou no inconsciente de um país inteiro, vincando uma indomável vontade de Estado em projectar a sua prosperidade nas paredes dos seus monumentos magnos.

O gótico português

O seu nome advém do nome próprio de um rei, D. Manuel (ou Emanuel), como é de prever. Um rei que subiu à coroa por via indirecta, e que, talvez por isso, quis mostrar serviço como prova da sua legitimidade.

Iconoclasta que baste, nunca Portugal teve outra marca de água estilística tão forte. Foi tão vigoroso que hoje ainda o vemos por todo o lado, identitário e diferenciador – ora no formato original, ora recuperado, ora revivido enquanto neo-manuelino.

Veio substituir uma corrente muito em voga na Europa, o gótico, na sua fase mais tardia. Semelhanças entre o gótico e o Manuelino existem, como é evidente (tanto que há quem o trate por gótico português), mas este desvio luso pôs ênfase no ornamento e no maneirismo, adicionando-lhe pitadas arabescas (maioritariamente de influência mudéjar, muito em voga em determinadas cidades espanholas).

E funcionou assim como reflexo de um particular período da história de Portugal. O Manuelino quis-se exagerado e rico porque o Portugal desse tempo assim o era: exagerado em tamanho, rico em comércio. As linhas das grandes obras nacionais passaram a reflectir a realidade imperial de um país abastado, pelo menos em aparência. O Manuelino tornou-se assim uma tradução que a arte fez de um Império impossível.

Defini-lo não é fácil. Nem situá-lo sequer. Se é verdade que se estabeleceu no século XVI, pela mão do monarca que lhe deu o nome, também é que Dom João II, antecessor, já tinha definido os esboços do que viria a ser o seu paradigma: uso e abuso de motivos vegetais, outros tantos ligados ao mar e aos descobrimentos, de forte base simbólica (a esfera armilar, divisa de Dom Manuel, foi adoptada como emblema e esculpida centenas de vezes) e apoiado num enigmático jogo de números – tudo isto envolto num cenário que tinha tanto de exótico como de rigoroso, passe o aparente paradoxo.

Serviu como papel de parede para quase tudo. Mosteiros, igrejas, fortes, castelos, palácios, solares, janelas de certos edifícios públicos, casas de uma nova burguesia que crescia com o comércio ultramarino, ourivesaria… até pelourinhos sofreram desta vaga, ou nela se inspiraram mais tarde.

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