Torre e Casa de Gomariz
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Interessante que toda a gente tratava este solar vilaverdense como Torre e Casa de Gomariz, como se um substantivo singular fosse, sendo a torre e a casa parte de um único bloco. Hoje, revirado o monumento num recomendadíssimo e premiado hotel de cinco estrelas, reduziram-lhe o nome para apenas Torre de Gomariz, pois o espaço, comercialmente falando, levou com a designação Torre de Gomariz – Wine Hotel e Spa.
De casa nobre a hotel de luxo
Sempre que hoje ouvimos falar da Torre e Casa de Gomariz é, pela certa, para lhe gabar a sua recente condição de espaço de hotelaria. Nada de mal com isso – não só porque assim damos a casa a provar a mais gente, mas sobretudo porque, se não fosse a intenção de a rentabilizar com turismo, o que aqui se veria era mais um exemplo da decadência do património histórico português.
Não obstante, e por muito que se goste de massagens, de Spas, de jacuzzis e piscinas interiores, houve antes, neste perímetro, uma história para contar. A Torre e Casa de gomariz exprime o que o Minho foi, e até certo ponto exprime o que o Minho ainda é. Terra de muito sangue azul, boa parte dele migrado para outras partes do país porque aqui, na sua província natal, não havia espaço para que a sua patente pudesse ser exposta ao ponto de encher o olho dos outros. Mas as casas senhoriais foram ficando, por muito que os nobres que lá cunhavam os seus brasões arranjassem poiso noutras paragens mais a sul.
No caso de Gomariz, indicam os primeiros registos ter sido propriedade, enquanto quinta, de Durão Esteves, administrador da Sé de Braga. Falamos do final do século XIII. É possível que uma torre e uma casa já por ali estivessem instaladas. A verdade é que o torreão que sobrou até hoje, tal como a casa solarenga, não vêm de tão longe. Não sabemos exactamente quando se levantaram. É possível que a torre venha do século XV. A casa solarenga é definitivamente mais recente, do século XVII ou XVIII. E só no fim chegou a capela, seguramente setecentista.
Os Silva Couto, família burguesa que se abastou no Brasil ao longo do século XIX, entendeu comprar todo este espaço (no total, 14 hectares) no início do século XX, e desde aí que não mudou mais de mãos. A transferência da Torre e Casa de Gomariz de uma classe em declínio – a nobreza – para uma nova classe em ascensão – a burguesia -, é um sinal dos tempos que se sentiam então. Foi a descendência dos Silva Couto que, em 2015, e face a um estado de completo abandono, se atravessou com a ideia de fazer do complexo um hotel de luxo, com a torre e o solar, claro, mas também com a vinha e com o bosque de carvalhos e castanheiros.
A casa solarenga
De todo o lado, a torre sobressai
Vinha e bosque
A torre
Aquilo que se destaca em todo o conjunto é a torre, especialmente tendo em conta que o solar que lhe está anexo não é muito exuberante, pelo contrário, faz-se de linhas sóbrias como se soubesse que o seu papel ali será sempre secundário, o mesmo acontecendo com a capela, que não deixou que o barroco onde foi buscar a traça a premiasse com injustificado protagonismo.
A torre, porque mais alta, e porque mais bela, é aquilo que segura o olho. E diga-se que é reveladora de uma nova abordagem à arquitectura militar que, se em tempos medievos se queria essencialmente defensiva, isto é, o bastião dos Senhores que mandavam na terra, sujeitos a possíveis ataques ou saques, logo depois, quando a lógica dos tempos mudou, especialmente ao longo do século XVI e XVII, passou a ter uma função predominantemente civil – uma casa, para todos os efeitos, ainda que amuralhada. Calha bem, portanto, que o hotel tenha mantido essa disposição, e hoje os quartos mais afamados do Torre de Gomariz são, precisamente, os da torre.
Foi só mais tarde, em anos seiscentistas e setecentistas, que o solar, então construído ou reconstruído, passou a fazer o papel de residência – os quartos estariam no primeiro piso, os serviços no piso térreo -, numa altura em que os castelos e os torreões deste país perdiam terminantemente a sua principal função e se transformavam em vestígios de si mesmos.
Vila Verde – o que fazer, onde comer, onde dormir
Vila Verde explica-se a si própria: para onde quer que se mire, é a cor que lhe dá nome que ataca os olhos. Estamos num dos mais longos vales do coração do Minho. Não admira que à nossa volta, debaixo de cada pedra, salte uma romaria. A ter de escolher, a de Santo António de Vila Verde ou a Feira dos Vinte da vila de Prado, são das mais concorridas.
E já que estamos na vila de Prado, terra em lugar prometido, numa das principais passagens do rio Cávado, leia-se um pouco sobre a fascinante história lendária da ponte que serve de papel de parede à Praia Fluvial do Faial. Um pouco a norte do vilarejo, e continuando no encalço do património lendário, temos o Penedo da Moura junto ao antigo castro, hoje popularmente conhecido como Monte do Castelo, ao qual só se acede com esforçada caminhada. E para nascente, uma nova lenda justifica um bizarro costume que deve ser comprovado na Casa das Promessas do Santuário do Alívio - à santa, é costume oferecerem-se cobras como ex-votos.
Mas vila verde não se percorre apenas entre montanhas. Na fronteira norte do concelho, há vila-verdenses serranos, a viverem nas sobras ocidentais do Gerês. Por lá encontramos uma pequena aldeia de nome Borges onde, segunda crença popular, um dente de São Frutuoso ajudava as povoações a curarem-se da raiva. E também na serrania vila-verdense tem lugar, no minúsculo povoado de Mixões da Serra, a famosa Bênção dos Animais, celebrada num livro e numa exposição fotográfica de Alfredo Cunha. Mais para sul, uma outra elevação foi equipada com torreão para defesa de um dos maiores apoiantes de D. Dinis na guerra civil contra D. Afonso IV - a Torre de Penegate.
Na gastronomia, não se pode sair de lá sem ir aos pratos elementares: as Papas de Sarrabulho (que têm uma versão especial na Feira dos Vinte), o Pica-no-Chão (do qual Vila Verde é capital), e o Pudim Abade de Priscos (cujo inventor aqui nasceu). Para ir ao melhor que o o concelho tem para entregar no prato, recomendam-se a Tasquinha do Cerqueira e a Toca do Lobo para as carnes. Com preço um pouco acima dos anteriores, mas famoso pelo bacalhau e pelo arroz de pica-no-chão (vulgo, arroz de cabidela), temos o Torres.
E para dormir, à cabeça, aparece a antiga Torre e Casa de Gomariz, actualmente revivida enquanto hotel de luxo, a Torre de Gomariz Wine & Spa Hotel. Mas há tanta oferta que podemos passar uma tarde inteira no processo de escolha. De portas recentemente abertas está o Recanto Nature, novinho em folha mas já com boa fama. Para casas, uma boa opção é a Casa Tarrio, a norte da sede de concelho, ou a Casa da Assudra, perto do Monte do Castelo.
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=41.58851 ; lon=-8.53537