Feira dos Vinte (Vila Verde)

by | 21 Mar, 2023 | Festas, Janeiro, Minho, Províncias, Tradições

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A Feira dos Vinte realiza-se na vila de Prado, concelho de Vila Verde, todos os dias 20 de Janeiro – não deve ser confundida com uma outra, realizada pela mesma data, e portanto com o mesmo nome, no concelho de Vila do Conde.

É acima de tudo uma feira de compra e venda e troca de gado. Com os anos, e sobretudo com o aumento da afluência, ampliou a sua área de acção, incluindo hoje espectáculos e concertos, exposições, religião e, claro, gastronomia.

Setecentos anos de trocas

Parece impossível, mas a tradição da Feira dos Vinte tem já sete séculos de história, existindo desde o reinado de D. Dinis, depois de já ter recebido Carta de Foral do seu pai, D. Afonso III. A vila de Prado conta com uma localização especial, como a ponte o faz transparecer: aqui se atravessava o Cávado, ora para ir para norte, até às actuais províncias da Galiza e de Leão, ora para ir para sul, estando Braga logo aqui ao lado.

Com tanto ano entre a sua origem e o seu presente, é normal que o que hoje se vê seja já uma significativa adulteração da feira de outros tempos. Vemos isso pelos vários nomes por que já foi conhecida. Chegou a ser designada Feira dos Burros, porque o gado que prevalecia era o asinino. Os burros perderam, entretanto, preponderância na economia dos países – já quase ninguém os usa como meio de transporte ou de carga -, e foram paulatinamente substituídos por animais que, por uso doméstico ou por interesse lúdico, se tornaram mais interessantes comercialmente, como os bois barrosos e galegos, ou os cavalos de todo o tipo, desde os trezentos aos dez mil euros. E assim ganhou o evento um outro nome: Feira das Trocas, por aí se trocar gado vacum e equino.

Só mais tarde se atribuiu o nome por que é popularmente mais conhecido actualmente: Feira dos Vinte, visto realizar-se a 20 de Janeiro. Há uma minoria, provavelmente a mais devota, que também a trata por Feira de São Sebastião, tendo em conta que este é o dia reservado para homenagear o bem-aventurado e se aproveita a festa para ir à missa pela manhã na Capela do Bom Sucesso.

A evolução da Feira dos Vinte

As últimas edições da Feira dos Vinte vão além do 20 de Janeiro. Há, pelo menos, um dia a acrescentar ao cortejo, e esse é sempre o dia 19, isto é, o anterior à data principal. Nele se realiza, com o apoio da Confraria Gastronómica das Provas, a já muito concorrida Noite das Provas, altura em que é posto a teste o vinho novo e os restaurantes trabalham a sua interpretação das minhotas Papas de Sarrabulho, aqui na versão regional de Papas à Moda dos Vinte. Uma maravilha de um serão, passado de porta em porta, a pôr o bucho à prova.

Poderá haver ainda uma terceira data caso o dia 20 de Janeiro calhe coincidir com o fim de semana, aproveitando-se os dias sem trabalho para estender a feira e ajudar os comerciantes da terra – o que, naturalmente, aumenta o trânsito do evento, com mais gente, mais gado, e mais actividades paralelas a aparecerem.

Quanto ao resto, e falando só do dia principal, temos as sempre tradicionais tascas e tasquinhas, bem como as rulotes da praxe, a servir gastronomia local e doçaria nortenha. Há ainda um espectáculo equestre, que recentemente passou a ser apresentado pela noite, já que é abrilhantado com luzes ou fogo. Na música, dá-se preferência aos ranchos e às desgarradas minhotas.

Tudo isto gira em torno do núcleo da Feira dos Vinte: o comércio pecuário, a par com alguma maquinaria para trabalhar a terra, no central Largo de São Sebastião. Afinal, as estrelas da feira são os animais – os cavalos de freios atados aos postes, os bois emparelhados em cangas -, benzidos pelo padre, que acabam, muitas vezes, por sair de lá com outro dono e outra casa.

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Vila Verde – o que fazer, onde comer, onde dormir

Vila Verde explica-se a si própria: para onde quer que se mire, é a cor que lhe dá nome que ataca os olhos. Estamos num dos mais longos vales do coração do Minho. Não admira que à nossa volta, debaixo de cada pedra, salte uma romaria. A ter de escolher, a de Santo António de Vila Verde ou a Feira dos Vinte da vila de Prado, são das mais concorridas.

E já que estamos na vila de Prado, terra em lugar prometido, numa das principais passagens do rio Cávado, leia-se um pouco sobre a fascinante história lendária da ponte que serve de papel de parede à Praia Fluvial do Faial. Um pouco a norte do vilarejo, e continuando no encalço do património lendário, temos o Penedo da Moura junto ao antigo castro, hoje popularmente conhecido como Monte do Castelo, ao qual só se acede com esforçada caminhada. E para nascente, uma nova lenda justifica um bizarro costume que deve ser comprovado na Casa das Promessas do Santuário do Alívio - à santa, é costume oferecerem-se cobras como ex-votos.

Mas vila verde não se percorre apenas entre montanhas. Na fronteira norte do concelho, há vila-verdenses serranos, a viverem nas sobras ocidentais do Gerês. Por lá encontramos uma pequena aldeia de nome Borges onde, segunda crença popular, um dente de São Frutuoso ajudava as povoações a curarem-se da raiva. E também na serrania vila-verdense tem lugar, no minúsculo povoado de Mixões da Serra, a famosa Bênção dos Animais, celebrada num livro e numa exposição fotográfica de Alfredo Cunha. Mais para sul, uma outra elevação foi equipada com torreão para defesa de um dos maiores apoiantes de D. Dinis na guerra civil contra D. Afonso IV - a Torre de Penegate.

Na gastronomia, não se pode sair de lá sem ir aos pratos elementares: as Papas de Sarrabulho (que têm uma versão especial na Feira dos Vinte), o Pica-no-Chão (do qual Vila Verde é capital), e o Pudim Abade de Priscos (cujo inventor aqui nasceu). Para ir ao melhor que o o concelho tem para entregar no prato, recomendam-se a Tasquinha do Cerqueira e a Toca do Lobo para as carnes. Com preço um pouco acima dos anteriores, mas famoso pelo bacalhau e pelo arroz de pica-no-chão (vulgo, arroz de cabidela), temos o Torres.

E para dormir, à cabeça, aparece a antiga Torre e Casa de Gomariz, actualmente revivida enquanto hotel de luxo, a Torre de Gomariz Wine & Spa Hotel. Mas há tanta oferta que podemos passar uma tarde inteira no processo de escolha. De portas recentemente abertas está o Recanto Nature, novinho em folha mas já com boa fama. Para casas, uma boa opção é a Casa Tarrio, a norte da sede de concelho, ou a Casa da Assudra, perto do Monte do Castelo.

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=41.59786 ; lon=-8.46558

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