Santuário do Alívio

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O seu nome, Santuário do Alívio, remete para a Nossa Senhora do Alívio, padroeira de Soutelo, freguesia em Vila Verde, e curadora de maleitas e doenças, de acordo com o milagre que operou a um pároco minhoto.
O santuário é especialmente famoso pela sua Casa das Promessas, onde figuram várias jibóias e cobras que foram oferecidas à Senhora, mas sobre a qual se fala num outro texto.
Do milagre ao santuário
O início de tudo isto vai até ao final do século XVIII, quando Pedro Xavier Frágoas administrava a Igreja de de São Miguel de Soutelo – hoje a igreja matriz da vila -, tendo intenção de a requalificar. As obras estavam a meio e o pároco acabou por se ver muito enfermo, ao ponto de os médicos concordarem que poucos dias lhe restavam.
O padre Pedro Xavier rezou então à sua Senhora em busca de salvação para que, pelo menos, pudesse acabar a obra da igreja. Segundo a tradição oral, a Senhora apareceu num rasgo de luz, enquanto o pároco se encontrava sozinho no seu quarto. O inexplicável fenómeno foi testemunhado por um dos seus empregados. A verdade é que, desde esse momento, o padre recuperou a sua saúde. Além de restaurar a Igreja de São Miguel, resolveu construir uma outra capela mais a norte com o seu próprio dinheiro, esta em agradecimento à Nossa Senhora que o aliviou. Pôs mãos à obra logo que teve autorização do arcebispado de Braga, e em 1798 Soutelo ganha um novo lugar para a oração: a Capela de Nossa Senhora do Alívio.
Tudo começou, assim, com uma pequena ermida – ela ainda lá está, entretanto intervencionada, nas traseiras da igreja principal. Rapidamente se verificou que o singelo templo era pequeno demais para a afluência de peregrinos que vinham pedir alívios à sua nova Senhora, em especial grávidas que a passaram a adoptar como protectora dos seus partos. Daqui se partiu para a ideia de aumentar o seu espaço. Os esforços iam sendo travados por alguns problemas financeiros. A reforma da capela tardava e, ao mesmo tempo, o número de devotos não parava de crescer. Às tantas, o projecto de ampliação da capela primitiva tornou-se insuficiente para receber tanta gente. E decidiu-se que um novo templo deveria existir, ao lado do actual, que representasse com dignidade a crença na Senhora do Alívio.
Comprou-se mais terreno à sua volta para que uma nova igreja fosse levantada. O empreendimento ganhou a sua primeira pedra corria o ano de 1872, nem um século passado depois da primeira ermida aparecer, o que dá para perceber a celeridade com que o novo culto se tinha espalhado. Mas se a ampliação da primeira capela tinha dado problemas, a construção de uma nova igreja seria ainda pior. Mais de cinquenta anos depois, o templo contava com a nave e a fachada, e tudo o resto não tinha saído do papel. A obra foi sendo concluída a conta-gotas, intercalando-se momentos de determinação com outros de apatia. O término chegou nos últimos anos do século XX, mais de cem anos depois do seu início. O que faz de nós, visitantes actuais, privilegiados por podermos ver-lhe o fim.

Fachada de duas torres, no Santuário do Alívio
O palco de nova romaria minhota
Basta olhar para o Santuário do Alívio para se adivinhar que populosa romaria deve ser aqui feita – e assim é, no segundo e no terceiro Domingo de Setembro, uma das últimas romarias de Verão da província do Minho. A procissão começa na Igreja Matriz de Soutelo, e daí parte o andor até chegar ao Santuário do Alívio, a cerca de dois ou três quilómetros de distância. Nessa altura, o templo está com casa cheia. A transbordar.
Mas é com o santuário vazio que melhor percebemos a sua dimensão. A monumentalidade do Santuário do Alívio reduz-nos. De fora, a altura da fachada deixa antever que há nave volumosa lá dentro. E confirma-se. O que é menos expectável é a crueza do interior, onde quase só pedra existe, numa sucessão de arcos altivos que lembram as antigas catedrais góticas. De belo efeito é a cúpula, quando vista do interior. Pela geometria e pelos feixes de luz, mas sobretudo pelos rubros vitrais alusivos a Maria, que só não encantam mais porque estão lá no cimo, bem longe de uma visão detalhada.
Um apontamento final, em jeito de agradecimento, para a Confraria de Nossa Senhora do Alívio, que vai fazendo o seu trabalho na protecção e manutenção de um dos santuários mais subvalorizados do país.

Fontanário da Senhora do Alívio

Jogos de luz nos vitrais do Santuário do Alívio

A austeridade do Santuário do Alívio

Tudo começou aqui, na Capela Primitiva, entretanto requalificada
Vila Verde – o que fazer, onde comer, onde dormir
Vila Verde explica-se a si própria: para onde quer que se mire, é a cor que lhe dá nome que ataca os olhos. Estamos num dos mais longos vales do coração do Minho. Não admira que à nossa volta, debaixo de cada pedra, salte uma romaria. A ter de escolher, a de Santo António de Vila Verde ou a Feira dos Vinte da vila de Prado, são das mais concorridas.
E já que estamos na vila de Prado, terra em lugar prometido, numa das principais passagens do rio Cávado, leia-se um pouco sobre a fascinante história lendária da ponte que serve de papel de parede à Praia Fluvial do Faial. Um pouco a norte do vilarejo, e continuando no encalço do património lendário, temos o Penedo da Moura junto ao antigo castro, hoje popularmente conhecido como Monte do Castelo, ao qual só se acede com esforçada caminhada. E para nascente, uma nova lenda justifica um bizarro costume que deve ser comprovado na Casa das Promessas do Santuário do Alívio - à santa, é costume oferecerem-se cobras como ex-votos.
Mas vila verde não se percorre apenas entre montanhas. Na fronteira norte do concelho, há vila-verdenses serranos, a viverem nas sobras ocidentais do Gerês. Por lá encontramos uma pequena aldeia de nome Borges onde, segunda crença popular, um dente de São Frutuoso ajudava as povoações a curarem-se da raiva. E também na serrania vila-verdense tem lugar, no minúsculo povoado de Mixões da Serra, a famosa Bênção dos Animais, celebrada num livro e numa exposição fotográfica de Alfredo Cunha. Mais para sul, uma outra elevação foi equipada com torreão para defesa de um dos maiores apoiantes de D. Dinis na guerra civil contra D. Afonso IV - a Torre de Penegate.
Na gastronomia, não se pode sair de lá sem ir aos pratos elementares: as Papas de Sarrabulho (que têm uma versão especial na Feira dos Vinte), o Pica-no-Chão (do qual Vila Verde é capital), e o Pudim Abade de Priscos (cujo inventor aqui nasceu). Para ir ao melhor que o o concelho tem para entregar no prato, recomendam-se a Tasquinha do Cerqueira e a Toca do Lobo para as carnes. Com preço um pouco acima dos anteriores, mas famoso pelo bacalhau e pelo arroz de pica-no-chão (vulgo, arroz de cabidela), temos o Torres.
E para dormir, à cabeça, aparece a antiga Torre e Casa de Gomariz, actualmente revivida enquanto hotel de luxo, a Torre de Gomariz Wine & Spa Hotel. Mas há tanta oferta que podemos passar uma tarde inteira no processo de escolha. De portas recentemente abertas está o Recanto Nature, novinho em folha mas já com boa fama. Para casas, uma boa opção é a Casa Tarrio, a norte da sede de concelho, ou a Casa da Assudra, perto do Monte do Castelo.
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=41.62661 ; lon=-8.43414