Roda do Mouchão

by | 26 Jun, 2017 | Insólito, Lendas, Províncias, Ribatejo

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Há coisas que marcam de tal maneira as comunidades municipais que, de aparentemente insignificantes, se tornam emblemas da terra. Já apontámos a Árvore da Mentira, em Nisa, que, apesar de já morta, se manteve no jardim principal da vila alentejana. A Roda do Mouchão é um outro objecto que foi vítima de dedicação – o povo de Tomar olha para ela como uma figura tutelar.

Como um Berrão para as povoações transmontanas, a Roda do Mouchão revela-se uma mãe, uma imagem protectora onde os tomarenses vêm reabastecer energias

A roda do Jardim do Mouchão

A Roda do Mouchão é um carrete em ponto grande que, dê lá por onde der, na época alta e nos eventos municipais de referência (e há mais para além da Festa dos Tabuleiros), tem de estar a funcionar. Essa é a regra.

Foi originalmente construída em 1906 para regar os campos circundantes ao rio Nabão e para transportar água a ofícios que dela precisavam, nomeadamente moinhos. Vem sendo substituída pela Câmara e a actual é feita em madeira de carvalho, oliveira e nogueira, com data de 2011.

O seu funcionamento tem procedência árabe ou mesmo romana, e é um exemplo de boa engenharia: açudes que atravessam o Nabão activam um mecanismo, fazendo a roda mover-se e carregar água em alcatruzes de barro que andam aos pares.

Está situada no Jardim do Mouchão, numa pequena ilha artificial no meio do rio com acesso feito através de uma ponte que o liga à Avenida Marquês de Tomar.

A exigência dos tomarenses para com o bom funcionamento da Roda do Mouchão é tão apertada que enternece. Em 2012, numa altura em que obras foram feitas no leito do rio levando à paragem da roda, a população não poupou as autoridades locais. No Verão de 2015, dois dias de paragem no engenho bastaram para que chovessem críticas nas redes sociais aos serviços municipais, que logo acusaram de não estarem à altura da importância que têm.

Em Tormar, tirar aquele vagaroso ritmo à roda é como ceifar um Pelourinho, ou pior. Para um tomarense, não há problema em caminhar mais um pouco e alargar um desvio no caminho, só para que se possa passar perto dela, e garantir que ela se move com a cadência do costume.

É assim que Tomar vive tal máquina, havendo, de imediato, um reflexo dela para toda a cidade: se a Roda do Mouchão não gira, a cidade de Tomar não mexe – como se a primeira fosse o motor da segunda. O que em termos emocionais não deixa de ser verdade.

Tomar – o que fazer, onde comer, onde dormir

Em Tomar, nada do que parece, é. Produto da simbologia Templária, da imaginação do Infante D. Henrique, e da religiosidade da Ordem de Cristo, a cidade tornou-se palco de investigação dos mais diversos académicos - nacionais e internacionais. Não raras vezes, cada monumento conta com mais de três ou quatro interpretações diferentes. É, portanto, justo que algumas visitas se façam acompanhar de alguém que conheça bem as sinuosidades do monumentos visitados, como é o caso da santíssima trindade que se encontra na margem direita do rio Nabão: o Castelo de Tomar, o Convento de Cristo, e a Mata Nacional dos Sete Montes.

Mas além desses três óbvios destinos, só na cidade, há dezenas de outros pontos a picar: a sinagoga, o Café Paraíso, o jardim que guarda a Roda do Mouchão, o Convento de São Francisco, a Igreja de São João Baptista, os Paços do Concelho. Na outra margem do rio, onde o betão domina, a oferta turística é menor, mas ainda assim temos exemplares como a Igreja de Santa Maria do Olival, com uma belíssima fachada de um gótico obscuro.

Nas festividades, é impossível não mencionar a Festa dos Tabuleiros, realizada de quatro em quatro anos. Mas também a pascal Matança dos Judeus, organizada por rapazes e raparigas de Cem Soldos, deve ser vista, bem como a Feira de Santa Iria, no dia 20 de Outubro, ou o orgulhoso Carnaval da Linhaceira, considerado como o mais artesanal de Portugal. Para um público mais jovem, a música pop e rock nacional tem destaque no Festival Bons Sons, também em Cem Soldos.

Nas sempre importantes comidas, há duas iguarias que têm de ser provadas para quem aprecia doces: uma delas é fácil de adivinhar, as Fatias de Tomar, disponíveis em várias cafetarias e restaurantes da terra; a outra é a mais recente invenção nabantina, um pequeno bolo intitulado Beija-me Depressa, que podemos provar, exclusivamente, no café Estrelas de Tomar. Mais quatro restaurantes juntam-se à pool de sítios a ir para manjar à séria - o famoso Tabuleiro; a medieval Taverna Antiqua; o Chico Elias que nos meses invernais tem direito a lareira, mas que requer algum cuidado porque conta com um horário sui generis; e a Lúria, casa de comidas e bebidas regionais onde se destacam alguns pratos sazonais e as açordas.

Para dormir na cidade de Tomar, a escolha é muita. Reduzimos o leque a um par de hipóteses, ficando o leitor a saber que haverá muitas outras, eventualmente tão boas quanto estas: o Hotel República, que não esquece a herança templária nabantina e acolhe-a na sua decoração, e a Casa dos Ofícios, edifício setecentista que recupera as antigas actividades da labora tomarense. Fora do perímetro urbano aconselham-se várias alternativas nas margens do Zêzere, junto à Barragem de Castelo do Bode, como a Casa RioTempo, com vista e acesso para a albufeira, ou a Quinta do Troviscal, um cuidado espaço que goza de privilegiada geografia.

Mais espaços para dormir no concelho de Tomar podem ser vistos em baixo:

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=39.605227 ; lon=-8.413284