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O Rio Zêzere é dos mais idiossincráticos do país. Nasce e morre em duas referências da geografia portuguesa: a magna Serra da Estrela que o dá à luz, o imperial Rio Tejo que lhe serve de paragem final.

É o segundo maior rio exclusivamente português. Tem cicatrizes mas ainda é possível ver o Zêzere como sempre foi: um irreverente da natureza em Portugal.

Curso do Zêzere

Não tendo a reputação de grandeza que tem um Tejo, um Douro, um Guadiana, ou mesmo um Mondego, o Zêzere traça o seu caminho ao longo de uma boa parte da zona centro: faz hat-trick nas Beiras (começa na Beira Alta, corre pela Beira Baixa e apanha um pedaço da Beira Litoral) e termina já no Ribatejo.

Nasce no sopé do Cântaro Magro e vai soltando águas granito abaixo, num belo talvegue que percorre o deslumbrante Vale Glaciar do Zêzere.

Este carácter montanhoso do Zêzere mantém-se com ele quase até à sua entrega ao Tejo. Mesmo quando a descida da Estrela é completada, atravessando a planície que existe entre a Serra da Estrela e a Serra da Malcata, e roçando a base norte da Serra da Gardunha, ele é um eterno espectador das serras beirãs, serras essas que o vão enchendo através de novos afluentes. Essa sinuosidade entre cerros, quando o vemos lá em baixo, profundo, tem um nome: os Meandros do Zêzere.

À medida que se aproxima da Beira Litoral vamos dando conta do terror de 2017, uma vasta mancha negra, onde a cinza de pinheiros e eucaliptos testemunha um dos dias mais infelizes da história recente de Portugal. A passagem por Pedrógão Grande é um luto. Ali mesmo ao lado, na outra margem, em Pedrógão Pequeno, ainda subsistem alguns azereiros não ardidos – árvore que, segundo alguns, deu nome ao rio (embora haja quem vire o prego ao contrário, defendendo que foi o rio que deu nome à árvore).

Adiante para jusante que, passado o silêncio doloroso de Pedrógão, surgem vários poisos recomendáveis. Primeiro, Dornes, península templária. Segundo, todas as praias fluviais que marcam a fronteira entre o distrito de Santarém e o distrito de Castelo Branco, próximas da Sertã – fazendo notar a do Trízio, pela acessibilidade e beleza -, de corrente discreta, estancada pela Barragem de Castelo de Bode.

Por fim, depois de engordar com a junção do Nabão, a foz. Em Constância, a Vila Poema onde Camões terá vivido exilado, o Zêzere dilui-se no Tejo. E daqui ruma ao Atlântico. É o mar sem fim, uma espécie de céu dos rios.

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Um dos muitos meandros do Zêzere

À beira rio, na Beira Baixa

Atributos do Rio Zêzere

O Zêzere é responsável por quase toda a actividade que depende da água na encosta sul da Serra da Estrela.

A pecuária, que tem vindo a escassear mas que ainda se consegue ver nas transumâncias que existem entre o norte e o sul de país – ora à procura de mais frio, ora à procura de mais calor -, vê no Zêzere o seu principal alimento. E o homem procura nele o peixe mais cobiçado dos rios portugueses, a truta – outros tantos deixaram, infelizmente, de aqui aparecer, como resultado da construção de várias barragens.

Quando se deixa acalmar em declives menos acentuados, são vários os postos criados para efeitos recreativos, sobretudo em forma de praias que servem de consolo aos beirões que se encontram a várias serras de distância do mar. As tais barragens que mingaram a oferta de certos peixes são as mesmas que estancam a força da corrente fluvial, favorecendo alguns destes banhos fluviais – logo a começar pela Barragem de Cabril, de magnitude excepcional, mas também a de Bouçã e a de Castelo de Bode, no seu (todas elas responsáveis por grande parte do activo hidroeléctrico português).

E não podemos esquecer um trecho mineiro que não deve muito à beleza mas que é o grande empregador de pequenas povoações do concelho da Covilhã: trata-se da já centenária Mina da Panasqueira, máquina produtora de volfrâmio a uma escala mundial.

Um banco para contemplar o Zêzere

Banco de jardim de frente para o Zêzere

O Crocodilo do Rio Zêzere

Insólito é o mínimo que se pode dizer de uma crença acerca de um crocodilo que patrulhava as águas do Zêzere.

Em Abril de 2011 começaram a circular testemunhos de vários lados, afirmando cada um que um crocodilo com aproximadamente dois metros tinha sido visto a nadar no rio.

Destes relatos fez-se o mito, empurrado pelas partilhas das redes sociais, não deixando de dar alguma base ao medo que se começava a fazer sentir nos banhistas que ali se habituaram a ir. Chegou ao ponto da GNR ter decidido vigiar a zona.

Três meses depois, especialistas encontraram uma outra espécie que, ao que tudo indica, parece estar na causa da confusão: um sirulo (também conhecido por peixe-gato) com metro e meio de comprimento.

 

Conhecer o Zêzere

Há várias formas de palpar este rio histórico.

A mais óbvia será através das muitas caminhadas mapeadas que se podem percorrer, sobretudo na província da Baira Baixa. De todas elas há uma que se destaca, a Grande Rota do Zêzere, que tem tanto para dizer que talvez dê um texto próprio aqui neste espaço. São 370 quilómetros que correm paralelos ao rio e acompanham toda a sua vida, da Estrela a Constância – podendo ser feito a pé ou de bicicleta ou de canoa (ou de cavalo, acrescento eu).

Falando de canoas, não podemos esquecer a fama que a canoagem tem por aqui. Há várias empresas que vendem essa aventura para diferentes níveis de experiência. Não nos esqueçamos que, apesar das barragens, o Zêzere ainda conta com rápidos.

 

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