Festa da Sardinha (Olhos de Água)
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Outro grande dia de Verão em Albufeira. Na pequena povoação, ainda piscatória, de Olhos de Água – cuja praia guarda um curioso fenómeno -, guardam-se três ou quatro dias no primeiro ou segundo fim de semana de Agosto para a Festa da Sardinha.
Está colada a uma outra festa similar, o famoso Festival da Sardinha de Portimão, para a qual perde em termos de dimensão, mas ganha em matéria de atenciosidade.
A Albufeira dos pescadores
Ainda há espaço para festas autóctones na Albufeira de Agosto – e quando digo autóctone, não significa que estejam livres de estrangeirada, até porque nem é isso que se quer, mas sim que não são feitas só para inglês ver. Já falei desse momento de solenidade no meio do circo turístico albufeirense que é a Festa de Nossa Senhora da Orada. Neste caso, afasto-me ligeiramente do centro da cidade, mas não muito.
A organização é responsabilidade do Grupo Desportivo e Recreativo Olhos de Água que, apoiado pela Câmara Municipal, monta tendas, mesas e palco no corredor que acompanha todo o areal da Praia dos Olhos de Água, formalmente conhecido por Rua dos Pescadores, tendo como cenário uma das mais belas praias do concelho, a mencionada Praia dos Olhos de Água.
Regra geral, a festa começa tarde: vendem-se senhas a partir das 19:00, para se começar a jantar a partir das 20:00. Quanto mais cedo se vier, maior a possibilidade de ter lugar à mesa. Mas caso não ganhe banco, não se apoquente – tem toda a areia ao seu dispor.
A sardinhada
Quanto à estrela da noite, a sardinha, tem o destaque merecido e, muito importante, na altura certa: ao contrário do que as festas juninas levam a crer, não é no Santo António ou no São João que a sardinha está no ponto. O ideal é comê-la em Agosto ou Setembro, quando fica gorda. Na Festa da Sardinha de Olhos de Água sabem disso. E também sabem como a devem acompanhar…
A questão do pão como cama absorvente para a gordura da sardinha não é nova. A batata que a acompanha ou o vinho branco que a empurra também não. O que põe esta sardinha digna de nota é mesmo a salada típica algarvia que se junta ao prato, conhecida por Salada à Montanheira.
Os pratos denominados à montanheira, no Algarve, têm origem nos montes a norte da província, isto é, na cordilheira que separa as terras algarvias das baixo-alentejanas, zona que os algarvios apelidam muito simplesmente de serras, e que inclui a Serra de Espinhaço de Cão, a Serra de Monchique, e a Serra do Caldeirão. Além da Salada à Montanheira, existe, por exemplo, uma Sopa Montanheira, feita à base de tomate, batata e beldroegas. Mas voltando à salada: é tão fresca no tomate como um bom gaspacho, e puxa a acidez certa para a sardinha não se queixar de falta de vinagre.
No fim da noite, para desembuchar, há bailarico com música popular portuguesa, preferencialmente trazida por artistas e ranchos locais. Acaba pela uma da manhã. Depois disso, quem quiser que faça o resto da farra por sua conta. Tem uma praia inteira para isso.
Albufeira – o que fazer, onde comer, onde dormir
Albufeira foi uma das grandes vítimas do terramoto de 1755 e das guerras liberais. O pouco que dali sobreviveu nada interessa à maioria dos que cá vêm na época balnear, quando o concelho facilmente atinge uma população dez vezes superior à que tem no Inverno. O alvo desta gente, maioritariamente alemã, francesa, inglesa, até americana, são, claro, as praias. E são tantas que o tormento está em ter de escolher - com efeito, Albufeira, por tradição, lidera a lista anual de praias com Bandeira Azul no Algarve.
Nomeio, sem ter de puxar pela memória, apenas um parte delas: as famosas praias do Peneco e dos Pescadores, em frente da cidade; a Praia do Evaristo, conhecida pelo seu restaurante; a escondida Praia da Ponta Grande; a mínima mas bela Praia dos Arrifes; a convidativa e muito procurada Praia de São Rafael, guarnecida pelo hotel que lhe deu o nome; a exclusiva Praia dos Aveiros; a célebre Praia da Oura, uma balbúrdia veranil; a Praia dos Olhos de Água, que considero a mais bonita do concelho quando está vazia; a enorme Praia da Falésia, cujo nome presta homenagem à majestosa arriba que lhe é sobranceira. Há muitas outras que ficaram de fora, e demasiadas que desconheço...
Se está na minúscula minoria dos que pretendem mais do que areia, sol, e mar, então ponha a hipótese de visitar o lendário Castelo de Paderne, a nordeste da sede de município, ou dar corda às botas e ver as praias numa outra perspectiva, percorrendo a falésia da Reserva Natural Caminho da Baleeira. Indo na primeira quinzena de Agosto, dê um salto a um dos momentos mais marcantes do calendário religioso algarvio, a Festa de Nossa Senhora da Orada, ou a uma pequena celebração nos Olhos de Água dedicada a um dos nossos peixes favoritos, a Festa da Sardinha. Para Setembro, no primeiro fim de semana, ficam guardadas as Festas do Pescador, habitualmente a mais esperada celebração popular do concelho.
Na cidade, salvam-se ainda algumas casas do bairro antigo, bem como a Igreja da Misericórdia, e a icónica Torre do Relógio, curiosa obra de ferro forjado. Também na cidade, para comer bem, lembrem-se do recatado Staar, do espaço quente que é o Bistro, e do excelente mas muito acessível Lusitano, que trata a gastronomia algarvia com o orgulho de quem é de lá. Fora do centro, há uma taberna que é um mimo: o Cantinho do Mar, com comida tradicional e baratinho como toda a gente gosta. Bem perto deste último, temos o La Cigale, restaurante de praia nos Olhos de Água, com boa sardinha e boa cataplana, e também o Manzo, para quem gosta de carnes maturadas. Fora do circuito, a norte, há dois nomes a reter: Veneza, restaurante e garrafeira ao mesmo tempo, e com óptima ameijoa-preta; e Mato à Vista, para apurado peixe e ensopada carne. Do lado do Barlavento, temos o mítico Evaristo, que para quem ali passa férias, dispensa apresentações, e o restaurante da praia de São Rafael, instalado no meio da praia homónima.
Quanto à hotelaria, como sabemos, oferta não falta. Os preços, em época alta, sofrem a habitual inflação, e por isso é trabalho ingrato tentarmos, em Julho ou Agosto, ter valores para o bolso médio português quando quem está disposto a pagar não é de cá. Havendo disponibilidade financeira, sugere-se o EPIC SANA Algarve, grande empreendimento junto à Praia da Falésia, ou o Vila Joya, encostado à Praia da Galé. Para uma estadia despretensiosa, afastada das massas, o Golden Cliff House, à beira da Praia dos Alemães, é escolha acertada. Mais acessível é o Lost & Found, bom mas um pouco afastado das praias, e a Guest House Dianamar, praticamente no centro de Albufeira, embora seja difícil conseguir reserva nos meses festivos. Por fim, guardem este nome: Quinta do Mel, um achado que sabe servir produtos regionais ao mesmo tempo que oferece uma tranquilidade que raramente rima com as praias de Albufeira.
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Coordenadas de GPS: lat=37.08998 ; lon=-8.18996