Praia de São Rafael

by | 23 Abr, 2022 | Algarve, Lugares, Natureza, Praias, Províncias

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Sim, é verdade, a Praia de São Rafael já foi um segredo, como aliás todo o Algarve. Uma realidade distante da actual, e não o digo com qualquer carga pejorativa. É o que é.

Com a enchente que se foi dando na cidade de Albufeira a partir da década de 1970, o turismo procurou nas imediações outros espaços de beleza idêntica mas menos concorridos. Claro está, à medida que novos poisos começaram a ser explorados, também esses viram a sua exclusividade diminuir, tornando-se, ano após ano, numa nova Albufeira.

Como será fácil de supor, a Praia de São Rafael, estando a cerca de uma hora a pé do centro, foi um dos sítios recentemente colonizados pelos veraneantes da Europa setentrional. Os aldeamentos construídos a norte do areal, e sobretudo o NAU São Rafael Atlântico, um gigante projecto de hotelaria que se encontra a cerca de 400 metros da praia e de onde parte um caminho que nos leva directamente para a areia, mingaram o anonimato de uma praia que até há três ou quatro décadas pouco mais era do que natureza e silêncio.

Ficou conhecida nas comunidades internacional, e hoje até alguns turistas sediados em Albufeira resolvem passar aqui o dia, regressando depois a tempo da famigerada noite albufeirense.

A nova Albufeira

Areia fina, mar morno e calmo, peixe fresco – estas são, habitualmente, as exigências do turista, português ou estrangeiro, que procura na costa sul do país um retiro de quinze dias entre os meses de Julho e Agosto. E nisso, a Praia de São Rafael é doutorada. Daí que não seja surpresa as distinções, da óbvia “bandeira azul” à mais especial “praia de ouro“.

O mar translúcido não tem as temperaturas mediterrâneas, afinal ainda é Atlântico, mas está bem acima das frias águas ocidentais. Raramente a ondulação assusta e a corrente apenas acelera na ponta esquerda do areal. A vida subaquática está diante dos olhos, nos cardumes que procuram nas cavidades rochosas um forte para a sua casta. Há gente a cá vir só para isso – com ajuda de equipamento de mergulho, observar a outra face do mar.

Mas há mais: massagens, kayaks, e paddleboard, são alguns extras oferecidos para quem se entedia com o inerte banho de sol. E para os amantes de borga, há uma boa nova a dar: o pequeno bar da praia, que também é restaurante nas horas apropriadas, goza de um serviço competente, ao contrário de muitos botequins colados ao mar que consideram ter nas coordenadas geográficas a única vantagem competitiva que interessa.

Leixões do sul

Uma das imagens de marca da Praia de São Rafael é o seu conjunto de leixões – designação dada às torres rochosas que emergem do oceano e que deram nome ao conhecido porto de Matosinhos. Num mar que se pauta pela quietude, os leixões de São Rafael, como pontas de dedos de um gigante soterrado, causam um saudável sobressalto ao visitante. Um sobressai, pela dimensão e pela posição, bem defronte do restaurante e dos toldos fixos que se instalam durante a época balnear.

Com os leixões combina a arriba que envolve todo o areal, colorida com a marcante cor do ferro que só o Algarve consegue ter, protegendo os visitantes das aragens que, já de si, são fracas. A permeabilidade do calcário faz com que a água e o vento tenham aqui tela para pintarem com total liberdade. A falésia que estica, em saliência, sensivelmente a meio do areal, funciona como uma divisão natural das duas metades da praia: à direita, a zona de maior frenesim, fornecida por um recomendável restaurante e beneficiada por bons acessos vindos do hotel e do limitado parque de estacionamento; à esquerda, um espaço sereno, com menor mancha de chapéus de sol, mas que obriga a esforço maior para lá se chegar.

Já o promontório do lado poente traz uma surpresa na maré baixa, quando a areia ganha ao mar e se torna perfeitamente ultrapassável. A oeste, uma outra praia se revela, a Praia dos Paradinha, esta sim, bastante desocupada.

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Albufeira – o que fazer, onde comer, onde dormir

Albufeira foi uma das grandes vítimas do terramoto de 1755 e das guerras liberais. O pouco que dali sobreviveu nada interessa à maioria dos que cá vêm na época balnear, quando o concelho facilmente atinge uma população dez vezes superior à que tem no Inverno. O alvo desta gente, maioritariamente alemã, francesa, inglesa, até americana, são, claro, as praias. E são tantas que o tormento está em ter de escolher - com efeito, Albufeira, por tradição, lidera a lista anual de praias com Bandeira Azul no Algarve.

Nomeio, sem ter de puxar pela memória, apenas um parte delas: as famosas praias do Peneco e dos Pescadores, em frente da cidade; a Praia do Evaristo, conhecida pelo seu restaurante; a escondida Praia da Ponta Grande; a mínima mas bela Praia dos Arrifes; a convidativa e muito procurada Praia de São Rafael, guarnecida pelo hotel que lhe deu o nome; a exclusiva Praia dos Aveiros; a célebre Praia da Oura, uma balbúrdia veranil; a Praia dos Olhos de Água, que considero a mais bonita do concelho quando está vazia; a enorme Praia da Falésia, cujo nome presta homenagem à majestosa arriba que lhe é sobranceira. Há muitas outras que ficaram de fora, e demasiadas que desconheço...

Se está na minúscula minoria dos que pretendem mais do que areia, sol, e mar, então ponha a hipótese de visitar o lendário Castelo de Paderne, a nordeste da sede de município, ou dar corda às botas e ver as praias numa outra perspectiva, percorrendo a falésia da Reserva Natural Caminho da Baleeira. Indo na primeira quinzena de Agosto, dê um salto a um dos momentos mais marcantes do calendário religioso algarvio, a Festa de Nossa Senhora da Orada, ou a uma pequena celebração nos Olhos de Água dedicada a um dos nossos peixes favoritos, a Festa da Sardinha. Para Setembro, no primeiro fim de semana, ficam guardadas as Festas do Pescador, habitualmente a mais esperada celebração popular do concelho.

Na cidade, salvam-se ainda algumas casas do bairro antigo, bem como a Igreja da Misericórdia, e a icónica Torre do Relógio, curiosa obra de ferro forjado. Também na cidade, para comer bem, lembrem-se do recatado Staar, do espaço quente que é o Bistro, e do excelente mas muito acessível Lusitano, que trata a gastronomia algarvia com o orgulho de quem é de lá. Fora do centro, há uma taberna que é um mimo: o Cantinho do Mar, com comida tradicional e baratinho como toda a gente gosta. Bem perto deste último, temos o La Cigale, restaurante de praia nos Olhos de Água, com boa sardinha e boa cataplana, e também o Manzo, para quem gosta de carnes maturadas. Fora do circuito, a norte, há dois nomes a reter: Veneza, restaurante e garrafeira ao mesmo tempo, e com óptima ameijoa-preta; e Mato à Vista, para apurado peixe e ensopada carne. Do lado do Barlavento, temos o mítico Evaristo, que para quem ali passa férias, dispensa apresentações, e o restaurante da praia de São Rafael, instalado no meio da praia homónima.

Quanto à hotelaria, como sabemos, oferta não falta. Os preços, em época alta, sofrem a habitual inflação, e por isso é trabalho ingrato tentarmos, em Julho ou Agosto, ter valores para o bolso médio português quando quem está disposto a pagar não é de cá. Havendo disponibilidade financeira, sugere-se o EPIC SANA Algarve, grande empreendimento junto à Praia da Falésia, ou o Vila Joya, encostado à Praia da Galé. Para uma estadia despretensiosa, afastada das massas, o Golden Cliff House, à beira da Praia dos Alemães, é escolha acertada. Mais acessível é o Lost & Found, bom mas um pouco afastado das praias, e a Guest House Dianamar, praticamente no centro de Albufeira, embora seja difícil conseguir reserva nos meses festivos. Por fim, guardem este nome: Quinta do Mel, um achado que sabe servir produtos regionais ao mesmo tempo que oferece uma tranquilidade que raramente rima com as praias de Albufeira.

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=37.07467 ; lon=-8.28073

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