Festas do Pescador
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É difícil imaginá-lo, mas a cidade de Albufeira, uma das capitais do turismo nacional, já foi apenas e só uma vila piscatória. Antes, os homens do mar deixavam as suas lanchas a repousar junto às finas areias à esquerda do bairro antigo, e esse espaço ganhou um nome: a Praça dos Pescadores, que precedia a praia com o mesmo nome. É aí que, no primeiro fim de semana de Setembro, as Festas do Pescador prestam homenagem aos antigos guerreiros albufeirenses.
Meu querido mês de Setembro
Quem já visitou Albufeira no mês de Julho ou Agosto saberá que de pesca pouco se fala, a menos que muito ao de leve tal conversa surja à mesa de jantar, por ocasião de uma boa comezaina à conta de um besugo ou de um robalo.
Parece que é por saber disso que a gente de Albufeira prefere deixar que os meses do congestionamento humano terminem para depois se atirar de cabeça para a principal festa popular do concelho, as ditas Festas do Pescador, que servem como contraponto à solenidade da Festa de Nossa Senhora da Orada que tem início, sensivelmente, um mês antes.
Setembro torna-se, desta forma, a altura em que os locais se unem depois de andarem diluídos na gigante vaga de turistas que chegou sessenta dias antes. Ou seja, ao contrário do que acontece no Norte, onde Agosto é escolhido como período de reencontro dos locais, alguns deles emigrados, em Albufeira empurra-se um pouco o calendário para a frente. O turismo existe, mas controlado, e para isso basta dizer que tornamos a ouvir o português como língua maioritária.
As festas reduzem-se ao que importa. Associações locais, a reboque da Câmara Municipal, dedicam-se ao marisco (camarão, búzios, sapateiras), ao peixe (carapaus, douradas, tamboris), e a alguns grelhados e assados de carne (porco no espeto, chouriços e outros enchidos). Pelo meio vão aparecendo as comidas de tacho (cataplanas, caldeiradas , sopas) acompanhadas a vinho branco e terminadas com o inestimável medronho… O resto deixa-se ao povo de Albufeira e ao ainda considerável contingente de estrangeiros – eles lá se entendem no meio daquelas salutares mesas corridas.
Pela noite, há concertos. Normalmente, Sexta-Feira tem música popular e o artista (ou banda) mais esperado é guardado para Domingo. No Sábado, o dia é dedicado ao folclore: ranchos de vários pontos do país lá se encontram, exibem trajes e danças, e nunca deixam de tocar o algarvio Corridinho. Este Festival de Folclore de Albufeira, como também é conhecido, tem até mais um ano de existência do que as Festas do Pescador. Com o tempo, a noite do folclore foi-se integrando no programa de três dias destas últimas.
Em jeito de nota: ninguém se admire se, por acaso, der com procissões nestes tardes dedicadas à comida e à bebida. Em paralelo, uma outra celebração, esta de cariz religioso, coincide quase sempre com as datas das Festas do Pescador. Trata-se da Festa em Honra de São Vicente de Albufeira, um bem aventurado albufeirense que propagou a fé católica por mundos distantes. Na verdade, ambas as comemorações, em conjunto com a já mencionada Nossa Senhora da Orada (de 1 a 15 de Agosto) e com o Dia do Município (a 20 de Agosto), fazem parte de uma espécie de macro festividade a que se convencionou chamar por Festas da Cidade.
Albufeira – o que fazer, onde comer, onde dormir
Albufeira foi uma das grandes vítimas do terramoto de 1755 e das guerras liberais. O pouco que dali sobreviveu nada interessa à maioria dos que cá vêm na época balnear, quando o concelho facilmente atinge uma população dez vezes superior à que tem no Inverno. O alvo desta gente, maioritariamente alemã, francesa, inglesa, até americana, são, claro, as praias. E são tantas que o tormento está em ter de escolher - com efeito, Albufeira, por tradição, lidera a lista anual de praias com Bandeira Azul no Algarve.
Nomeio, sem ter de puxar pela memória, apenas um parte delas: as famosas praias do Peneco e dos Pescadores, em frente da cidade; a Praia do Evaristo, conhecida pelo seu restaurante; a escondida Praia da Ponta Grande; a mínima mas bela Praia dos Arrifes; a convidativa e muito procurada Praia de São Rafael, guarnecida pelo hotel que lhe deu o nome; a exclusiva Praia dos Aveiros; a célebre Praia da Oura, uma balbúrdia veranil; a Praia dos Olhos de Água, que considero a mais bonita do concelho quando está vazia; a enorme Praia da Falésia, cujo nome presta homenagem à majestosa arriba que lhe é sobranceira. Há muitas outras que ficaram de fora, e demasiadas que desconheço...
Se está na minúscula minoria dos que pretendem mais do que areia, sol, e mar, então ponha a hipótese de visitar o lendário Castelo de Paderne, a nordeste da sede de município, ou dar corda às botas e ver as praias numa outra perspectiva, percorrendo a falésia da Reserva Natural Caminho da Baleeira. Indo na primeira quinzena de Agosto, dê um salto a um dos momentos mais marcantes do calendário religioso algarvio, a Festa de Nossa Senhora da Orada, ou a uma pequena celebração nos Olhos de Água dedicada a um dos nossos peixes favoritos, a Festa da Sardinha. Para Setembro, no primeiro fim de semana, ficam guardadas as Festas do Pescador, habitualmente a mais esperada celebração popular do concelho.
Na cidade, salvam-se ainda algumas casas do bairro antigo, bem como a Igreja da Misericórdia, e a icónica Torre do Relógio, curiosa obra de ferro forjado. Também na cidade, para comer bem, lembrem-se do recatado Staar, do espaço quente que é o Bistro, e do excelente mas muito acessível Lusitano, que trata a gastronomia algarvia com o orgulho de quem é de lá. Fora do centro, há uma taberna que é um mimo: o Cantinho do Mar, com comida tradicional e baratinho como toda a gente gosta. Bem perto deste último, temos o La Cigale, restaurante de praia nos Olhos de Água, com boa sardinha e boa cataplana, e também o Manzo, para quem gosta de carnes maturadas. Fora do circuito, a norte, há dois nomes a reter: Veneza, restaurante e garrafeira ao mesmo tempo, e com óptima ameijoa-preta; e Mato à Vista, para apurado peixe e ensopada carne. Do lado do Barlavento, temos o mítico Evaristo, que para quem ali passa férias, dispensa apresentações, e o restaurante da praia de São Rafael, instalado no meio da praia homónima.
Quanto à hotelaria, como sabemos, oferta não falta. Os preços, em época alta, sofrem a habitual inflação, e por isso é trabalho ingrato tentarmos, em Julho ou Agosto, ter valores para o bolso médio português quando quem está disposto a pagar não é de cá. Havendo disponibilidade financeira, sugere-se o EPIC SANA Algarve, grande empreendimento junto à Praia da Falésia, ou o Vila Joya, encostado à Praia da Galé. Para uma estadia despretensiosa, afastada das massas, o Golden Cliff House, à beira da Praia dos Alemães, é escolha acertada. Mais acessível é o Lost & Found, bom mas um pouco afastado das praias, e a Guest House Dianamar, praticamente no centro de Albufeira, embora seja difícil conseguir reserva nos meses festivos. Por fim, guardem este nome: Quinta do Mel, um achado que sabe servir produtos regionais ao mesmo tempo que oferece uma tranquilidade que raramente rima com as praias de Albufeira.
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Mapa
Coordenadas de GPS: lat=37.08739 ; lon=-8.24887