Cestas de Odivelas
Monumentos
Natureza
Povoações
Festas
Tradições
Lendas
Insólito
Roteiros
Antes que haja enganos, as Cestas de Odivelas não vêm do concelho de Odivelas, mas sim de uma pequena povoação homónima do concelho de Ferreira do Alentejo, responsável pelo nome atribuído à barragem que lhe está a montante: a Albufeira de Odivelas.
As malas “leva-tudo”
Leva-tudo foi a designação que encontraram para os cestos de fibra vegetal que serviam todo o propósito que arranjassem para ele: ora funcionavam como saco das compras sempre que existia uma ida ao mercado; ora carregavam a merenda da mulher alentejana antes de ir para o trabalho de campo; ora acompanhavam as raparigas em passeios lúdicos como qualquer mala Louis Vuitton hoje faz, ressalvando a astronómica diferença de preço entre uma e outra.
Em Ferreira do Alentejo, a produção de cestas leva-tudo ainda acontece por teimosia de um casal da aldeia de Odivelas. É possível vê-las à venda no Vale da Rosa e no Posto de Turismo de Ferreira do Alentejo. Mas, havendo tempo, o ideal é seguir para a origem e visitar a oficina onde é criada, na própria freguesia de Odivelas – aí podemos não só comprá-las mas também ter um cheirinho do que as louvadas mãos de Hermínia e José conseguem.
Recentemente, o município pretende colocar as Cestas de Odivelas como Património Cultural Nacional. Seria um óptimo presente para o concelho e ainda mais para quem dedicou a sua vida a fazê-las. Façamos figas.
O trabalho manual das Cestas de Odivelas
A cesta de esteira de Odivelas resulta de um processo totalmente artesanal, da recolha do junco até ao último recorte da alça.
O primeiro segundo de vida da Cesta de Odivelas está num qualquer charco ferreirense onde o junco seja capaz de crescer. É arrancado do seu habitat, posto a secar ao relento durante aproximadamente um mês, lavado e posto de molho, e finalmente descolorado por efeito de estufa e com ajuda de pó de enxofre. Logo tem de ser martelado para tirar a rijeza do caule e garantir que pode ser facilmente entrelaçado sem correr o risco de partir. Só depois vem o tingimento, normalmente adoptando-se os roxos, os encarnados, os verdes e os amarelos. Toda esta alquimia popular prepara a matéria-prima para se atravessar nas teias do tear.
O tear é a tela dos esteireiros. Puxa a arte para cima. É nele que o artesão assina a obra. Ver a Cesta de Odivelas a ser construída, a cada cruzamento de zinco, a cada escolha de cor, a cada batidela de pente, arrepia. Um passo a passo hipnotizante e comovente. É uma maravilha que tal objecto ainda sobreviva num mundo onde o saco de papel ou o saco de plástico dominam o hábito. No final, apetece levá-las todas connosco.
Entrelaçado de junco nas Cestas de Odivelas
O leva-tudo de Odivelas
Ferreira do Alentejo – o que fazer, onde comer, onde dormir
A vasta maioria do que há para ver em Ferreira do Alentejo está na própria sede de concelho. Em primeiro lugar, no património religioso: a Capela do Calvário, símbolo maior da vila, é obrigatória, mas também a Igreja da Senhora da Conceição e a Igreja Matriz - que partilham a história de uma imagem que se crê ter ido com Vasco da Gama até à Índia -, merecem visita. Em segundo, o Museu Municipal - uma compilação da história e da cultura de Ferreira do Alentejo numa casa senhorial recuperada e de bonita fachada. Em terceiro, o bom gosto do Festival Giacometti, dedicado à cultura Ibérica, sobretudo a alentejana, homenageando da melhor maneira o homem que tanta recolha musical fez pelo país. E por último, a estátua da Ferreira, mulher de armas que deu nome à vila e que encontra eco noutras heroínas nacionais.
Para lá da urbe, Ferreira do Alentejo é uma exibição do Baixo Alentejo: planície infinita, casario caiado, chão de azeite e uva. Por falar em azeite, o Lagar do Marmelo disponibiliza pedagógicas visitas que devemos encarar como um primeiro passo para levar o nosso azeite mais a sério. E por falar em uva, o Vale da Rosa abre portas aos curiosos que queiram saber um pouco mais sobre a sua afamada uva sem grainha. Já na fronteira norte do concelho há um pequeno oásis, a Lagoa dos Patos, bem perto da Albufeira da Ribeira de Odivelas. E na fronteira oriental há a pequena povoação de Peroguarda, ainda hoje celebrada entre os locais como a mais alentejana do Alentejo, conforme afirmava a propaganda de António Ferro. Quanto ao artesanato, é fundamental conhecer as Cestas de Odivelas criadas na aldeia com o mesmo nome.
Na gastronomia local, destacam-se o Ferreirense (doce a lembrar uma Queijada de Sintra feito à base de amêndoa, ovos e Vinho do Porto) e o Cozido à Alentejana (um belo prato de tacho que mistura enchidos e carnes de porco com grão). Nos restaurantes recomendam-se O Chico (barato e simpático, com uma excelente Sopa de Cação) e O Portão (artesão da comida tradicional alentejana), ambos em Ferreira do Alentejo.
Quanto a camas confortáveis para passar a noite, destacam-se o Trendy and Luxe Bed & Breakfast (situado a sudoeste da vila), a Casa do Infante (uma elegante casa solarenga à saída de Ferreira do Alentejo) e o Monte da Floresta B&B (imediatamente a sul da vila).
Outras ofertas para dormir em Ferreira do Alentejo podem ser vistas em baixo:
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=38.16785 ; lon=-8.14803