Santuário do Senhor do Mundo

by | 23 Nov, 2022 | Beira Alta, Lugares, Monumentos, Províncias, Religiosos

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O Santuário do Senhor do Mundo fica num cerro de baixa altitude – não chega a atingir os duzentos metros – que levou o mesmo nome, bem perto de Mortágua, e é considerado o monte sagrado e agregador das gentes mortaguenses. Encontra-se a aproximadamente um quilómetro de distância a sul da urbe, seguindo o curso da ribeira de Mortágua que viaja para terras meridionais.

Veio sobrepor-se a uma fortificação castreja sobre a qual a tradição oral atribui, erroneamente, aos mouros. Algumas ruínas espaçadas e difíceis de identificar lá andarão, num ermo tomado por eucaliptos que o povo ainda chama de Crasto.

Mais um monte sacro

Foram já para lá de uma dezena, os textos em que discorremos acerca da importância dos outeiros, das falésias e das serras no sustento espiritual dos lugares. O homem, ontem e hoje e amanhã, precisa do transcendente para se sentir completo, e por isso interpreta os abalos paisagísticos como sinais divinos – e que maior choque se ergue à condição humana do que a inacessibilidade de uma colina?

Todo o santo concelho deste país terá um monte sagrado, quando não mais. O Senhor do Mundo é o escolhido em Mortágua, pela sua posição sobranceira à vila e pela imensidão que a vista de lá alcança, quer sobre os vales fecundos de Mortágua e de Açores, quer sobre outras elevações mais respeitosas, como a do Bussaco ou a do Caramulo.

O nome, Senhor do Mundo, sendo hiperbolizado, não esconde aquilo de que falamos – a necessidade básica do culto das alturas, bem como a busca de um lugar que centre o homem no Universo. Conheço um outro, com uma pequena variação, em São João da Pesqueira, nesse caso um cabeço que a sabedoria popular apelidou de Salvador do Mundo.

Não espanta, portanto, que este seja o destino de romarias municipais, tal como acontece nos restantes cerros nacionais que foram domesticados pelas populações locais – primeiro em registo pagão, depois com a cristianização, passando até por eventuais derivas islâmicas enquanto a secular presença sarracena se fez notar.

Capela no Cabeço do Senhor do Mundo

Capela do Senhor do Mundo, uma das três ermidas do Santuário

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Baloiço em madeira no Senhor do Mundo

Baloiço em madeira no Miradouro do Senhor do Mundo

Promovido a Senhor do Mundo

Em Mortágua, para sermos senhores do Mundo, há um caminho flexuoso que começa numa estrada residencial, junto ao cemitério, precisamente com o nome de rua do Senhor do Mundo. Daí encontramos uma subida em terra batida que vai ziguezagueando encosta acima, até se encontrar nova estrada que marca o início do escadório. Daí, degrau a degrau, vamos ficando mais perto do santuário, agora também transformado em miradouro pela colocação de um baloiço, em madeira, num dos mais desafogados pontos de vista do cabeço.

O santuário é composto por três ermidas. A primeira, para quem faz o percurso a pé, é a Capela do Senhor do Mundo, com planta hexagonal. A segunda está situada ao centro do outeiro e tem o apóstolo São Pedro como orago. Por fim, a terceira (ou a primeira para quem faz a viagem de carro), ganhou o título de Senhora do Desterro – sendo desterro um substantivo usado diversas vezes para nomear templos situados em zonas altas de Portugal; veja-se, por exemplo, o Santuário da Senhora do Desterro em Seia.

Mortágua – o que fazer, onde comer, onde dormir

Portugal ficará sempre em dívida com Mortágua depois de esta ter desgastado o exército napoleónico quando a Terceira Invasão Francesa chegou para tomar definitivamente o país - conhecessem os francos a Lenda do Juiz de Fora e saberiam que, neste terra, não se brinca. O confronto ocorreu na franja sul do actual concelho, comummente conhecida como Batalha do Bussaco, e ainda hoje podem ser vistos os moinhos onde Wellington, do lado inglês, e Masséna, do lado francês, descansaram e prepararam o plano de ataque. Na sede de município, um Centro de Interpretação da batalha pode também ser visitado.

Deixando o passado, outros pontos de interesse do concelho recomendáveis são o Santuário do Senhor do Mundo (o monsanto mortaguense, numa colina a sul da vila), o Santuário de Chão de Calvos (cenário onde acontece a Feira dos Calvos, em Outubro) e o belo Percurso das Quedas de Água das Paredes (um dos poucos redutos que não foi engolido pelo negócio do eucalipto).

O que não pode falhar é um faustoso almoço de Lampantana, o prato tradicional cá do burgo, a lembrar a Chanfana mas, de acordo com os mortaguenses, com ovelha em vez de cabra, e idealmente cozinhada no quase extinto barro vermelho de Gândara. A Adega dos Sabores e o restaurante A Roda servem-na com distinção. Também restaurante mas já encostado à confecção de lambarice, está o magnífico Porta 22, responsável pela saborosa Delícia de Mortágua.

Para dormir, as casinhas de madeira da Mimosa Village, afundadas entre serras, são apetecíveis. Mais impessoal, mas com piscina, temos a Casa de Santo António, bem perto da albufeira da Barragem da Aguieira, um dos melhores destinos balneares de todo o distrito de Viseu.

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=40.38717 ; lon=-8.23056

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