Delícias de Mortágua
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Tanto quanto saiba, e tanto quanto me foi dito, as Delícias de Mortágua existem porque também existe o Porta 22, bem no centro da vila, e que consegue ser, ao mesmo tempo, um aconchegante restaurante de gastronomia local (aqui se come Lampantana), uma selecta loja de artesanato de produtos nacionais, e uma graciosa mercearia com uma queda para a gulodice.
Uma delícia, em Mortágua
Com este nome – Delícias de Mortágua -, só podia ser um doce. E é. Mas os designativos, por vezes, mostram-se enganadores, sobretudo quando autoatribuídos. Lendo na vitrine tal título, o alarme soou na mente: seria mesmo uma delícia ou apenas um aperitivo mediano que recorre ao atalho do açúcar para enganar a boca?, e seria mesmo de Mortágua ou simplesmente uma importação de algum concelho vizinho que disfarça a falta de originalidade com um detalhe de somenos?
A desconfiança saiu-me do espírito quando a boca abarcou todas as camadas do acepipe. É um doce pouco doce, graças a Deus. Não é a sacarose ou a gema que invade o paladar, como é costume neste país. Sente-se antes fruta – não sei se maçã, não sei se pêra, não sei se marmelo, ou outro qualquer. Sabe, isso eu já sei, ao fruto da serra, mais ou menos entre a compota e a geleia, ligeiramente acanelado no final.
Pena que, quando este escriba a provou, a massa já não estalasse tanto quanto devia. A pasta que envasa o creme lembra a de um pastel de nata. E o ideal, tal como num pastel de nata, é que os folhos quebrem ao cederem à força da dentada, e isso, por não o estar a provar acabadinho de sair do forno, não tive.
Deixo uma adenda, já agora, finalizando com nota positiva pois as Delícias de Mortágua não merecem outra coisa. Corte-se o travo adocicado com uma outra bela surpresa do estaminé: a cerveja da casa, de uma competência que deixa vários profissionais das artesanais a fazer perguntas a si mesmos.
Mortágua – o que fazer, onde comer, onde dormir
Portugal ficará sempre em dívida com Mortágua depois de esta ter desgastado o exército napoleónico quando a Terceira Invasão Francesa chegou para tomar definitivamente o país - conhecessem os francos a Lenda do Juiz de Fora e saberiam que, neste terra, não se brinca. O confronto ocorreu na franja sul do actual concelho, comummente conhecida como Batalha do Bussaco, e ainda hoje podem ser vistos os moinhos onde Wellington, do lado inglês, e Masséna, do lado francês, descansaram e prepararam o plano de ataque. Na sede de município, um Centro de Interpretação da batalha pode também ser visitado.
Deixando o passado, outros pontos de interesse do concelho recomendáveis são o Santuário do Senhor do Mundo (o monsanto mortaguense, numa colina a sul da vila), o Santuário de Chão de Calvos (cenário onde acontece a Feira dos Calvos, em Outubro) e o belo Percurso das Quedas de Água das Paredes (um dos poucos redutos que não foi engolido pelo negócio do eucalipto).
O que não pode falhar é um faustoso almoço de Lampantana, o prato tradicional cá do burgo, a lembrar a Chanfana mas, de acordo com os mortaguenses, com ovelha em vez de cabra, e idealmente cozinhada no quase extinto barro vermelho de Gândara. A Adega dos Sabores e o restaurante A Roda servem-na com distinção. Também restaurante mas já encostado à confecção de lambarice, está o magnífico Porta 22, responsável pela saborosa Delícia de Mortágua.
Para dormir, as casinhas de madeira da Mimosa Village, afundadas entre serras, são apetecíveis. Mais impessoal, mas com piscina, temos a Casa de Santo António, bem perto da albufeira da Barragem da Aguieira, um dos melhores destinos balneares de todo o distrito de Viseu.
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=40.39633 ; lon=-8.23063