Choupal das Concas
![Choupal das Concas Vista para poente, Choupal das Concas](https://www.portugalnummapa.com/wp-content/uploads/2023/04/choupal-das-concas-scaled.webp)
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Fica numa dobra entre o rio Arda e o rio Douro, quando este está já a pouca distância das urbanizações que adivinham a chegada da metrópole portuense. Assim, lá estando, numa esquina de relva rasteira e areia remediada, contamos duas outras margens – uma para oeste, onde se avista a Igreja de Pedorido, que de resto até goza de robusta envergadura tendo em consideração a povoação que representa; outra para norte, onde a torre de outra igreja salta ao olho no meio da povoação de Rio Mau, freguesia penafidelense.
Um dos atractivos é mesmo o arvoredo, de grande porte, que funciona como anteparo da zona fluvial. Combina freixos e choupos e plátanos, mais uns quantos que a caducidade da folha não me permitiu identificar. Na Primavera, quando tornam a vestir folhagem, são uma maravilha maior que a própria praia. Talvez seja por isso que se continue a tratar este pedacinho recreativo como Choupal das Concas – de facto, aqui, se é água doce aquilo que as pessoas mais procuram, é o choupal o que mais se distingue.
Areia e carvão
Não as vemos daqui, mas nem dois quilómetros para ocidente, contando em linha recta, estão as encerradas minas carvoeiras de Germunde. Cessaram actividade no final de 1994, quando os seus principais clientes começaram a usar outras formas de produzir energia, nomeadamente via gás natural, ao mesmo tempo que o governo português, seguindo uma lógica europeísta, ia fechando (ou desinvestindo em) algumas actividades ligadas ao sector primário.
As Minas de Germunde foram o motor económico de Pedorido durante décadas – hoje o polo produtivo mudou para sul, nas Lavagueiras. Este areal entre o Arda e o Douro era, aliás, um estaleiro. Aqui se montavam barcos que se tinham como primos dos rabelos. Chamavam-nos rabões, e moviam-se também a remo. Mas em vez de Vinho do Porto, transportavam minério, em concreto o carvão extraído de Germunde.
Se fincarmos a cara no chão, ainda encontramos algumas sobras do carvão antes carregado, soterradas ou submersas, facilmente identificáveis pelo aspecto poligonal e pela cor de um negro mais escuro que o fundo da mina de onde saíram. O seu destino era a cidade do Porto. Mas estas que miramos nem sequer chegaram a arrancar. Servem agora para despertar curiosidade a quem cá passa. Ao menos isso.
![Patos no Choupal das Concas Patos em terra, no Choupal das Concas](https://www.portugalnummapa.com/wp-content/uploads/2023/04/patos-reais-choupal-das-concas.webp)
![Choupal das Concas com Rio Mau ao fundo Rio Mau ao fundo](https://www.portugalnummapa.com/wp-content/uploads/2023/04/choupal-das-concas-rio-mau-ao-fundo-scaled.webp)
Castelo de Paiva – o que fazer, onde comer, onde dormir
Castelo de Paiva desfruta de duas vantagens duras de bater: a proximidade à cidade do Porto e o encosto ao rio Douro, via fluvial navegável daqui até à sua foz. A história da sua economia, da sua política, do seu turismo, não se consegue desligar destes dois atributos elementares. De cá, à beira do que hoje chamamos o Choupal das Concas, partiam rabões carregados de carvão até às centrais eléctricas próximas da Invicta, fazendo do Douro estrada. Hoje, a indústria exportada é outra, maioritariamente ligada ao calçado e à produção de peças para automóveis. A autoestrada não fica muito longe, permitindo escoamento rápido até à A1. O rio vê-se agora como palco de actividades de desenfado, como os renomados cruzeiros às regiões vinhateiras que por aqui passam a caminho da Régua.
Se repararmos, Castelo de Paiva está todo virado para os seus rios. O Douro, como já falámos, mas também o Paiva, o Arda, o Sardoura, que descem das serras a sul. É à beira-rio, ou perto disso, que descobrimos os melhores destinos paivenses: Sobrado e Castelo de Paiva lado a lado enquanto urbes de referência da concelhia; a aldeia de Midões, a cair no Douro, que dava uma bonita pintura nas mãos certas; a vizinha Gondarém, que só peca por não ter ribeira para aliviar o calor; a Praia do Castelo que está defronte da lendária Ilha dos Amores; o simbólico Entrudo de Pedorido, realizado na foz do Arda, depois de um cortejo que atravessa a Ponte Velha; e o Monte de São Domingos, de onde avistamos quase tudo o que acabámos de referir acima. Até o que é de má memória lá anda, como o Anjo de Portugal, homenagem escultórica à tragédia da ponte de Entre-os-Rios. Uma boa forma de correr a maior parte destes poisos é fazendo o percurso Viver o Douro.
O flanco meridional do município, constituído por pequenas e médias elevações junto a Real e a Paraíso e onde os caudais fluviais são nulos ou insuficientes, está presentemente pouco mais que vazio, com algumas povoações dispersas mas sempre com escassos habitantes. No caso de Paraíso, ficou a recordação dos antigos e desgastantes trabalhos mineiros, estaleiros de extracção dos subsolos onde abundam o cobre, o ferro, o chumbo, o antimónio, o estanho, e o carvão. Mas ainda esconde uma das romarias mais pitorescas do concelho, a de Santa Eufémia, em Setembro no, no lugar de Touris. E a freguesia de Real vive numa indecisão do relevo - de um fértil vale crescem de mansinho os maiores outeiros paivenses, como é o caso do Monte de Santo Adrião.
Onde comer
Para comer, o Raiva, que é também restaurante de serviço de um hotel de luxo de que já falaremos, tem óptima cozinha de autor onde os pratos variam conforme os ciclos das colheitas. No extremo oposto, indo à cozinha popular sem adornos mas feita com muito coração, temos na vila de Castelo de Paiva a Adega do Sporting, que confecciona travessas de acepipes típicos como poucos - os pratos mudam de dia para dia, mas há snacks recorrentes, como os bons bolinhos de bacalhau. Bom cabrito, mas normalmente por encomenda, é na Casa de São Pedro - e por lá temos de sobremesa o célebre Pão de Ló de Folgoso que, com a Sopa Seca, emproam as sobremesas tradicionais municipais.
Onde dormir
Para dormir, se o plafond for alto, o Octant Hotels Douro é maravilhoso, dissimulado em socalcos sobre o rio que lhe dá nome, carregado de serviços de luxo, tendo como complemento o já mencionado restaurante Raiva. Também à beira-rio, mas desta vez no Paiva, há três casas que fornecem dezasseis quartos - dão pelo nome de Rio Moment's e estão bem perto de um par de praias fluviais. A preços mais modestos, temos a simples mas cómoda Casa da Bichaca, ou ainda o Cimo da Vinha - Nature Spot, embuçado numa serra de densa vegetação onde a calmaria do sul do concelho se afirma.
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=41.04864 ; lon=-8.37613