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Num dos contrafortes virados a oriente da Serra de Santa Eufémia, uma enorme fortificação que remonta à Idade do Bronze e do Ferro aparece, meio coberta por silvado, numa clareira de um eucaliptal – é o Castro de Alvarelhos, mais um a contribuir para a afirmação da cultura castreja do noroeste peninsular.

O castro da Trofa

Com tanto castro visitável no norte português, a pergunta é legítima de se fazer: para quê ir a mais um?

Com efeito, à primeira vista, e sobretudo para quem já foi a referências castrejas como a Citânia de Briteiros (em Guimarães), a Citânia de Sanfins (em Paços de Ferreira), o Monte Mozinho (em Penafiel), ou o Castro de Santa Luzia (em Viana do Castelo), questionará o que terá este de tão especial. Infelizmente, boa parte do que há de distinguível encontra-se soterrada. O Castro de Alvarelhos, tudo indica, era de proporções colossais, o que faz com que apenas olhemos, nos dias que correm, para a ponta de um iceberg. E o problema é que nunca teremos acesso ao iceberg completo.

Ainda assim, a partir daquilo que está à mercê da vista, conseguimos perceber a típica geografia do castro galaico, se calhar até mais neste do que em qualquer outro. De facto, ao vermos as ruínas a descerem do topo do Monte Grande, entaladas entre duas ribeiras paralelas, e com ampla vista para as férteis terras a nordeste, conseguimos decalcar quase toda a fortificação existente na altura da Idade do Ferro, quando a população autóctone, entretanto celtizada, vivia em regime agro-pastoril. Os cumes dos cerros garantiam a defesa, as ribeiras a água, e as terras de aluvião a agricultura e o pastoreio. Assim foi nos territórios galaicos mas também nos territórios lusitanos, ou seja, no norte e centro de Portugal, respectivamente.

A invasão romana veio mudar o jogo. As Legiões de Roma instalaram-se nas baixas altitudes e impuseram uma organização social, um conjunto de valores culturais, e uma rede de estradas que destruiu, de certa forma, a génese guerreira das tribos ibéricas. Promoveu-se o comércio, propagou-se a paz. A ideia do castro enquanto fortificação defensiva perdeu justificação. Quase todos foram abandonados, uns mais rapidamente que outros. Contudo, o Castro de Alvarelhos não só não desapareceu como, pelo contrário, ganhou vida. Os romanos adoptaram-no como sua civita. E quase tudo o que está agora a descoberto é reflexo desse tempo.

Esta romanização será, porventura, o seu elemento mais diferenciador.

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Alvarelhos romano

Quem é minimamente versado na arquitectura castreja perceberá que falta algo muito óbvio no Castro de Alvarelhos: a planta de casa circular, uma das principais características dos castros do noroeste da Península Ibérica.

Na realidade, no Castro de Alvarelhos, vemos quase tudo em ângulos rectos. Onde andam os círculos de pedra que podemos testemunhar em tantas citânias portuguesas? Alguns, decerto, estarão tapados por terra. Mas outros andam lá, à superfície, embora disfarçados, porque foram entretanto reformulados segundo a lógica romana e, por isso, aproveitados para um novo tipo de construção. De muros curvados fizeram-se paredes rectas, numa literal quadratura do circulo.

O que levou Roma a fazer deste castro um espaço seu deverá ter sido a posição privilegiada em que este se encontrava, a meio do caminho entre Cale e Bracara, ou seja, entre Porto e Braga. A importância deste lugar, de resto, mantém-se absolutamente actual – bastará olhar para a actual estrada N14, que percorre, grosso modo, esse antigo caminho romano, para não falar da Linha do Minho ou da autoestrada A3.

As escavações realizadas mostram até que aqui viviam romanos abastados, ou seja, patrícios de provável alta patente político-militar. Espólio que inclui uma pátera de prata, várias peças adornadas em bronze, e sobretudo um pote recheado de milhares de moedas de ouro, corroboram tal hipótese. Muito possivelmente, esta foi a realidade até ao desmoronamento do império no século V. Depois disso, importa dizer, o Castro de Alvarelhos não morreu por completo. Teve um último fôlego já em centúrias medievais. Disso há provas, numa antiga igreja e num antigo cemitério, actualmente arruinados.

A restante história deste espaço ainda está por descobrir. Houve recente trabalho arqueológico lá desenvolvido e mais virá. No entanto, duvida-se que alguma vez saibamos o total perímetro desta fortificação que já há mais de um século é tido como Monumento Nacional. O Castro de Alvarelhos será sempre, presumo, um livro sem fim.

Trofa – o que fazer, onde comer, onde dormir

A Trofa é um dos municípios mais recentes de Portugal. Desde que a antiga estação de comboios apareceu (e que está agora requalificada no espaço da Alameda da Estação), no final do século XIX, que as várias freguesias do Bougado, que posteriormente viriam a ser englobadas no concelho trofense, não cessaram de crescer. Antes, pela indústria. Agora, pela posição suburbana que têm relativamente ao Porto, e cuja fronteira nordeste se estabelece no rio Ave.

Ainda assim, a Trofa afasta-se do conceito de cidade-dormitório. Soube conservar boa parte do seu património histórico (como acontece com o Castro de Alvarelhos ou os Marcos Miliários da Casa da Cultura), cultural (como uma ida à romaria da Festa de Nossa Senhora das Dores ou a visita a uma oficina dos Santeiros de São Mamede do Coronado explicarão) e natural (como o recente Parque das Azenhas ou o sagrado Monte de São Gens mostram).

Nas comidas, há uma propensão para a feitura do leitão, a lembrar a da Bairrada, e tal comparação pode ser comprovada indo aos restaurantes Flor do Ave, Lina ou Adega Regional Os Bairristas, entre outros que este escriba não teve oportunidade de pôr pé. A simplicidade dos grelhados do Tourigalo não faz mal a ninguém e tem preço em conta. Depois há a fábrica da Post Scriptum que os fãs de cerveja artesanal irão gostar pela certa, podendo esta também ser tragada na simpática Malte Taberna.

Quanto a hotelaria, a oferta não é muita, provavelmente pela quantidade de hotéis e derivados que existem na cidade Invicta. Mesmo assim, há espaço para a magnífica casa Porto-Braga Country Side, em Alvarelhos.

Mais ofertas para dormir na Trofa podem ser vistas em baixo:

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=41.30089 ; lon=-8.61843

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