Viola Braguesa

by | 14 Ago, 2016 | Culturais, Minho, Províncias, Tradições

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A Viola Braguesa é mais uma a inscrever-se na lista de instrumentos tradicionais portugueses resgatados ao esquecimento colectivo.

O nome vem da cidade que lhe deu parto, Braga (há mesmo quem a trate por Viola de Braga), embora a consigamos ouvir como acompanhante de modas em toda a província do Minho e do Douro Litoral.

Origem da Viola Braguesa

Em documento, existe desde o século XVII.

Contudo, sabemos que antes de alguma coisa popular chegar a qualquer papel, tem de cumprir serviço na rua. E por isso é bem possível que a Braguesa, ou uma viola muito similar a ela, tenha aparecido umas boas dezenas de anos antes disso.

Serviu para a rambóia do costume: dar música de cordas às festas de cores mil que o Minho tem. Nas chulas e nos viras, e nos concertinados cantares ao desafio.

As eiras, os lugares para onde o povo convergia para impor esse acto comunitário último – a dança -, enchiam-se assim de dois tipos de pessoas: os que bailavam e os que tocavam. E no segundo grupo encontravam-se os tocadores de Viola Braguesa, provavelmente acompanhados da malta dos cavaquinhos e das Concertinas e das gaitas-galegas e dos bombos.

Nascida em Braga, a Viola Braguesa era a versão do falsete minhoto mas em cordas

Como Tocar a Braguesa

A Braguesa pode ser tocada de várias formas, consoante a moda ou estilo que se quer sacar dela.

Uma das mais comuns é a de rasgado, como acontece frequentemente com outro instrumento minhoto, o Cavaquinho. Ou seja, as cordas são traçadas com a ajuda de dois ou mais dedos, de cima para baixo e de baixo para cima.

Sendo mais conservador, podemos manejá-la como nas festas do Minho. Aí, as modinhas iam sendo tocadas intercalando as cordas mais agudas com as mais graves, mas umas de cada vez. Isto é, com o indicador tocavam-se acordes nas primeiras cordas, com o polegar as últimas (contando de baixo para cima). Esta técnica, aliada a determinado tipo de afinação (já lá iremos), sacava da Braguesa uma sonoridade muito particular, que só encontrava par na Amarantina.

Há ainda quem goste de a dedilhar, em jeito de guitarra portuguesa. É tarefa erudita, fugindo um pouco ao registo popular que a Braguesa entregou ao cancioneiro popular português. Além de mais difícil, obriga a unhas, falsas ou verdadeiras, preparadas para isso.

Estrutura e Afinação da Viola Braguesa

Em termos gerais, é muito parecia com a sua companheira sulista, a Viola Amarantina. Conta igualmente com um conjunto de cinco cordas duplas, afinadas em oitavas diferentes, e a caixa é bastante parecida.

O que difere, essencialmente, é a escala, que neste caso é mais curta, acabando no tampo (na Amarantina desce até à boca), e em certos casos a afinação, que poderá ser diferente.

Acrescente-se também que a Viola Braguesa é mais sóbria no que toca ao ornamento. Não tem tantos floreados como a viola tradicional de Amarante. E a boca da Braguesa é originalmente circular ou oval (mais recentemente poderá ter boca em raia), ao contrário da Amarantina que conta com os famosos dois corações lado a lado.

Existem várias afinações possíveis para a Braguesa. A mais comum é a da Moda Nova, retirada da Guitarra Portuguesa, mas com um jogo duplo de cordas a menos. Assim, das agudas para as graves, temos duas destas hipóteses: sol-ré-lá-sol-dó ou, obedecendo à mesma lógica, lá-mi-si-lá-ré. Convém lembrar que a cada uma destas notas correspondem duas cordas, embora em oitavas diferentes.

Contudo, os mais puristas – sobretudo os minhotos – contestam esta afinação, e preferem manter-se com a original, a da chamada Moda Velha. Essa terá outra sequência de notas: da aguda para a grave, passa a lá-fá#-si-sol-ré. A afinação da Moda Velha acaba por ir de encontro às vozes femininas do Minho, com a sua desavergonhada estridência, já que a corda mais aguda de todas não se encontra mais abaixo, mas sim no meio – é a corda si na sua oitava mais aguda -, e por isso é ouvida mesmo quando executamos apenas acordes mais graves.

A Braguesa hoje

A Viola Braguesa goza hoje de um encanto a nível nacional como se calhar nunca teve.

O álbum de Júlio Pereira, “Viola Braguesa”, gravado na década de oitenta e sucedâneo do muito bem sucedido “Cavaquinho”, foi o primeiro impulsionador do cordofone.

Além dos Ranchos Populares, várias bandas de cariz tradicional usaram-na – e usam-na -, em sessões ao vivo e em estúdio. Os Realejo, a Brigada Victor Jara, os Andarilhos, e muitas outras, não dispensam a Braguesa como forma de cunhar a sonoridade portuguesa nas suas canções.

No lado académico, foram várias as tunas que começaram a incorporá-la no seu leque de instrumentos, sobretudo as do norte.

Mas a mola que a fez saltar para outra gente foi a forma como os Diabo na Cruz a conseguiram encaixar, e bem, numa banda que, tendo inspiração no folclore português, toca fundamentalmente rock. Primeiro pela mão de B Fachada, e depois através do inspiradíssimo instrumentista nortenho Sérgio Pires, a Braguesa entrou para novos ouvidos, uns que, quase de certeza, manteriam a sua ignorância em relação à existência de tal instrumento, não fosse tão harmoniosamente cruzado com a energia de uma guitarra e um baixo eléctricos (ver segundo vídeo em baixo, numa homenagem que a banda fez às Festas da Senhora da Agonia, em Viana do Castelo).

Comprar uma Braguesa

O preço de uma Viola Braguesa deverá oscilar entre os 200€ e os 500€. Qualquer modelo que fique abaixo deste valor mínimo, é de desconfiar, e qualquer modelo acima deste valor máximo, é demasiado para quem se queira principiar.

Esta amplitude é justificada, maioritariamente, pelo processo de fabrico. As artesanais serão, obviamente, mais caras – e dentro deste grupo poderemos ter violas apenas parcialmente feitas à mão (como, por exemplo, o tampo ter sido desenhado manualmente, mas a caixa vir de produção em série). O ornamento do tampo também poderá influenciar o valor total a pagar, bem como a madeira usada, ou mesmo o tipo de cabeça em questão.

Hoje, felizmente, pode ser comprada ou encomendada em diversas lojas de música, na cidade ou no campo.

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Braga – o que fazer, onde comer, onde dormir

Braga é uma cidade onde o clero deixou história. As igrejas sem fim que aqui andam garantem que a visita pode ser demorada. A Sé, a Igreja de Santa Cruz, a Capela de São Frutuoso, o Bom Jesus, a escondida Capela Árvore da Vida são apenas alguns dos templos óbvios. Mas pondo a religião de fora, os marcos culturais bracarenses pedem para ser conhecidos, da Viola Braguesa ao Natal do Bananeiro.

As camas mais recomendáveis e poupadas para ficar uns dias são a Sé Guesthouse (bem no centro), o Domus 26 Guesthouse (também no centro e a poucos metros de distância da primeira). Adiante-se, ainda assim, que a escolha é muita. Se o dinheiro não é um problema e procura um sítio histórico e de charme onde pousar as malas, então opte-se pelo Vila Galé Collection Braga, um antigo hospital com barbas de cinco séculos.

Outras ofertas para dormir em Braga podem ser vistas em baixo:

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