Anta de Vilarinho da Castanheira

by | 11 Abr, 2022 | Lugares, Megalitismo, Monumentos, Províncias, Trás-os-Montes

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A Anta de Vilarinho da Castanheira é conhecida por Pala da Moura graças a uma crença local. Tem uma irmã gémea a cerca de quinze quilómetros de distância, também no concelho de Carrazeda de Ansiães – a Anta de Zedes, igualmente conhecida por Casa da Moura.

A Pala da Moura de Vilarinho da Castanheira

Para lá da debandada de gente a que tem sido sujeito, Vilarinho da Castanheira é terra com pergaminhos. Povoação histórica do período medieval, como comprovam os forais outorgados, mas também terra pré histórica, tendo em conta as antas que por lá se encontraram – muitas delas não serão, hoje, mais do que ruínas ou casquilho.

Uma delas, felizmente, resistiu à demolidora acção do tempo, e ficou gravada no brasão da aldeia. Está no lugar do Coito, a leste da povoação que lhe entregou o nome, num caminho de fácil acesso em terra batida, cercada por pinheiros e terra lavrada, e apetrechada de um parque de merendas, bem perto de um conjunto de moinhos parcialmente recuperados. Aloja-se no vasto e frio planalto de Carrazeda. A sul, vemos o cume do Carpinteiro.

A Anta de Vilarinho da Castanheira não apresenta sinais diferenciadores comparativamente com outras assinaladas no país. É muito parecida com a vizinha Anta de Zedes, por exemplo, embora maior. Os esteios estão, na sua maioria, intactos, e aguentam ainda a tampa (ou mesa), isto é, o monolito de cima que fecha a câmara. O corredor de entrada, como é habitual, vira-se para o nascer do sol, numa orientação religiosa que pretende iluminar o interior sepulcral do espaço aos primeiros raios de luz.

Já a mamoa, ou seja, o pequeno monte que antes envolvia a anta e que a assemelhava aos orgãos sexuais femininos – útero e vagina -, desapareceu. Acontece frequentemente. O montículo de terra perde-se para o vento e a chuva, e no fim fica a pedra, da dureza do granito.

Lá dentro, no esteio da cabeceira, algumas pinturas são reconhecíveis, mas só mesmo fazendo o esforço para as encontrar. Representam linhas serpenteantes e sinais que admitimos serem formas próximas do número oito, que tanto podem ser também alusões a rastos de serpente como à simbologia do eterno retorno. Nunca saberemos ao certo, claro, porque para isso teríamos de entrar na cabeça do homem do calcolítico. Mas não podemos fugir da repetição destes desenhos por toda a Europa megalítica.

A lenda da Pala da Moura

Dizem os locais que a tampa da Anta de Vilarinho da Castanheira foi carregada até aqui por uma moira, trazendo-a em cima da cabeça, à medida que usava os seus braços para fiar. Acrescentam ainda que, ao mesmo tempo, levava uma criança (o seu filho) ao colo e com a ajuda de um xaile.

A figura lendária que é aqui versada parece uma mistura de uma moira encantada (aqui e aqui exploradas com maior profundidade) com uma almajona (mulher que leva o seu filho aos ombros enquanto faz qualquer outra coisa que requer esforço sobrehumano).

As moiras encantadas são muito frequentemente associadas à construção de monumentos megalíticos ou até de fortificações. Menos óbvia é a referência à criança no seu colo – ainda assim, há relatos muito idênticos a este, como acontece, por exemplo, com uma das lendas de Centum Cellas, onde se acredita que foi obra de uma mulher que viajava com o seu filho nas costas.

Curioso é que se atribua à Anta de Zedes uma lenda praticamente igual à que descrevemos. A pequena diferença está no que a moira leva na mão – no caso de Vilarinho da Castanheira, traz consigo uma roca de fiar, no caso de Zedes, tem antes um novelo de lã. Dois objectos distintos que, no entanto, têm uma simbologia muito parecida: quer a roca, quer o novelo, são referências ao destino.

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Carrazeda de Ansiães – o que fazer, onde comer, onde dormir

De uma vila medieval - hoje o abandonado Castelo de Ansiães que guarda, entre outras coisas, a bela Igreja de São Salvador -, o povo fez as malas e assentou em terriolas cercanas. Uma delas, a mais povoada das redondezas, foi a de Carrazeda, agora conhecida como Carrazeda de Ansiães, sede de um concelho vigilante do Douro e do Tua.

Em Carrazeda, aproveite-se a Taberna da Helena para quem gosta de boa carne. Num registo mais castiço, o restaurante Convívio também se recomenda. Os produtos da região têm na Feira da Maçã, do Vinho e do Azeite a altura ideal para serem provados - está marcada para final de Agosto, em Carrazeda. Fora da gastronomia, os carrazedenses que me perdoem mas, na minha opinião, o que há mais para oferecer no município está na natureza e não na actual vila: as belas anta de Vilarinho da Castanheira e anta de Zedes, bem como o imponente planalto granítico sobranceiro ao Douro e que pode ser percorrido através da Rota dos Miradouros, tal como vários lugares lendários como a Fraga da Ôla e a vizinha Fraga das Bruxas.

Para dormir, há uma bonita morada em Vilarinho da Castanheira, a Casa Dona Urraca. Na fronteira sul do concelho, os socalcos vinhateiros dão-nos dois óptimos poisos de xisto: o Hotel Casa do Tua e o Terraços de Baco, ambos excelentes para entrarmos no mundo dos vinhos do Douro.

Mais ofertas para dormidas em Carrazeda de Ansiães podem ser vistas em baixo:

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=41.19823 ; lon=-7.18956

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