Anta de Zedes
Monumentos
Natureza
Povoações
Festas
Tradições
Lendas
Insólito
Roteiros
A par com a Anta de Vilarinho da Castanheira – e também com a Anta da Fonte Coberta, em Alijó -, a Anta de Zedes é um dos monumentos megalíticos mais bem conservados de Trás-os-Montes.
A pré-história em pedra
A Anta de Zedes, conhecida localmente por Casa da Moura, é um dos mais famosos monumentos transmontanos que remontam ao fim do Neolítico ou princípio do Calcolítico. Muito pelo seu exemplar estado de conservação, mas também pelas pinturas interiores que levaram vários historiadores e arqueólogos a atirar interpretações para cima da mesa, e até pelo seu fácil acesso. A atestar o seu estatuto, um selo com o seu desenho foi lançado, estando em circulação por cinco anos, na década de 1970.
Sobre a anta propriamente dita, para quem já esteve outras, não ficará surpreso pelo que vê. É um dólmen que encaixa nos parâmetros nacionais deste tipo de monumentos. O maior activo vem de lá de dentro, das pinturas argilosas, praticamente cegas para quem não saiba que lá estão. Uma delas, uma linha ziguezagueante rematada, em cima, por um báculo, deixa-nos com água na boca. Será aquele esteio uma representação de um antigo xamã? O líder religioso que faz a ponte entre o mundo dos homens e o mundo dos mortos? A linha desenhada pode significar a transição destas dimensões, e o báculo remete para a ideia de um pontífice que está encarregue disso.
A propósito da aura sagrada destas construções, não esquecer que as antas são vistas por muitos como representações do órgão sexual feminino. Em seu torno estava um montículo de terra (a mamoa, que, no caso da Anta de Zedes, já se encontra muito reduzida da sua versão original). Ora, enterrar um corpo dentro do dólmen e da mamoa que a envolvia era uma espécie de fecho de ciclo. Para os povos deste tempo e deste espaço, um homem nascia de uma vagina e a ela era devolvido, simbolicamente, através da anta. Era devolvido à Terra que, neste caso, seria também a sua mãe – uma Terra-Mãe, para todos os efeitos.
Selo com a Anta de Zedes, aqui tratada como Dólmen de Carrazeda
A anta e Zedes
À volta da Anta de Zedes estariam, muito provavelmente, outros dólmens ou câmaras tumulares semelhantes a si. Atendendo aos achados encontrados na zona, é bem possível que a anta servisse um povoado e, com outras antas entretanto destruídas, fizesse parte de um conjunto de espaços funerários onde se prestasse o muito humano culto dos mortos.
Dessa eventual povoação, para lá dos parcos registos que a arqueologia destapou, pouco se sabe. Mas parece ter sido substituída, e bem, pela velha e modesta aldeia de Zedes, uma comunidade granítica que vive da vinha, da batata, do azeite, e da maçã, e se estabeleceu no frio planalto sobranceiro ao Tua e ao Douro, a norte de Carrazeda de Ansiães.
Foi a população de Zedes, que de momento não deve bater nas duas centenas de pessoas, a apelidar a sua anta como a Casa da Moura. Isto porque desenvolveu a crença de que o tampo do dólmen terá sido carregado até ali na cabeça de uma moira encantada com o filho às costas, à medida que mexia num novelo de lã. A lenda é assustadoramente parecida com aquela que se conta sobre a Anta de Vilarinho da Castanheira, também no concelho de Carrazeda.
Carrazeda de Ansiães – o que fazer, onde comer, onde dormir
De uma vila medieval - hoje o abandonado Castelo de Ansiães que guarda, entre outras coisas, a bela Igreja de São Salvador -, o povo fez as malas e assentou em terriolas cercanas. Uma delas, a mais povoada das redondezas, foi a de Carrazeda, agora conhecida como Carrazeda de Ansiães, sede de um concelho vigilante do Douro e do Tua.
Em Carrazeda, aproveite-se a Taberna da Helena para quem gosta de boa carne. Num registo mais castiço, o restaurante Convívio também se recomenda. Os produtos da região têm na Feira da Maçã, do Vinho e do Azeite a altura ideal para serem provados - está marcada para final de Agosto, em Carrazeda. Fora da gastronomia, os carrazedenses que me perdoem mas, na minha opinião, o que há mais para oferecer no município está na natureza e não na actual vila: as belas anta de Vilarinho da Castanheira e anta de Zedes, bem como o imponente planalto granítico sobranceiro ao Douro e que pode ser percorrido através da Rota dos Miradouros, tal como vários lugares lendários como a Fraga da Ôla e a vizinha Fraga das Bruxas.
Para dormir, há uma bonita morada em Vilarinho da Castanheira, a Casa Dona Urraca. Na fronteira sul do concelho, os socalcos vinhateiros dão-nos dois óptimos poisos de xisto: o Hotel Casa do Tua e o Terraços de Baco, ambos excelentes para entrarmos no mundo dos vinhos do Douro.
Mais ofertas para dormidas em Carrazeda de Ansiães podem ser vistas em baixo:
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=41.27581 ; lon=-7.29348