Praia de São Julião
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O Parque Natural de Sintra, reconhecido mundialmente pelo selo da UNESCO, tem na costa sul quase todas as jóias da coroa. Isso deixa o seu lado mais setentrional à mercê daqueles que têm maior afinidade com o desconhecido. A Praia de São Julião é um desses sítios que escapa ao óbvio e fica a ganhar com isso.
Uma praia e uma povoação: São Julião tem no Rio que atravessa o areal a fronteira que marca o fim do Parque Natural de Sintra
Quando Sintra se vira para a Ericeira
A Sintra mais falada, e aqui falo de Sintra enquanto parque e não enquanto vila, é aquela que vai do Guincho até à Praia das Maçãs, ou no limite, até às Azenhas do Mar.
Há várias razões para que tal aconteça, mas destacam-se duas: por um lado, é aqui que se apresenta o cabo mais ocidental da Europa continental, o cada vez mais turístico Cabo da Roca; por outro, dispõem-se nesta faixa as suas praias mais badaladas, com destaque para a Praia do Guincho, a Praia Grande, ou a Praia da Adraga. O facto de estes areais serem os mais conhecidos não significa que sejam os mais belos – embora, a bem do bom gosto, não haja praia sintrense que não seja bonita. A verdade é que estes são os lugares costeiros mais comentados por serem os que estão próximos de Cascais e, sobretudo, os que estão a menor distância de Lisboa – o que faz com que qualquer alfacinha, quando põe os banhos de sol como uma prioridade, pense nestes e não nos outros, que se fixam mais a norte.
Todavia, do outro lado da Serra da Lua, quando as placas a indicar a Ericeira ou Mafra começam a aparecer nas laterais das estradas, há uma linha de costa menos conhecida, ou pelo menos menos conhecida para as gentes de Lisboa. Na fronteira mais a norte do Parque Natural de Sintra, há umas arribas que se esgotam num vale de areia onde corre um pequeno curso de água, a Ribeira do Falcão, que nem sempre consegue chegar ao oceano mas que frequentemente deixa uma pequena lagoa no meio destes domínios onde os mais gaiatos aproveitam para se molharem.
A este pedaço de terra e mar chamaram Praia de São Julião (ou Praia da Foz do Falcão, em homenagem ao tal ribeiro). Quando todos os pontos balneares a sul, e mesmo a norte, estão ocupados, aqui encontramos o espaço que quisermos.
Quem cá vem são essencialmente surfistas em busca de ondas ondas que, normalmente, e graças à abertura que a beira-mar tem para o Atlântico, são por estes lados maiores do que nas praias vizinhas. Juntam-se, em dias de muito calor, veraneantes – os que a conhecem e sabem que aqui têm espaço suficiente para poisar a toalha.
Cruzeiro de São Julião
Mais do que uma praia
São Julião, sendo conhecido sobretudo enquanto praia, não se resume a isso.
Seguindo uma estrada de alcatrão pela arriba da direita, quando virados para o Atlântico, ou seja, deixando a praia à nossa esquerda, damos com um conjunto de casario típico mal passamos um parque de estacionamento. São moradias pequenas, com janelas de molduras azuladas, muros abaixo da cintura cortados por portadas em madeira, a delinear pequenos terraços. Há por lá uma pequena capela com campanário e um cruzeiro a cristianizar o lugar, no lado mais ocidente do cabo.
A capela aparenta ser do século XVI e do lado de dentro tem painéis com alusões à vida de São Julião. Era o destino final de uma romaria local – um dos muitos círios estremenhos que, alguns ainda hoje, fazem parte de um culto global ao sol e ao mar, comuns toda a província da Estremadura. Os peregrinos que se juntavam à romaria pernoitavam nas casas que cercam a capela, que são poucas mas todas bem cuidadas.
Já dirigindo-nos até ao Cruzeiro, logo ali a um passo, conseguimos alinhar a vista para as várias escarpas que se vão acumulando para sul, até à Praia do Magoito (ver foto em cima). Daqui parte uma Via Sacra que junta quatro outros cruzeiros a este, num percurso chamado Caminho das Almas, muito provavelmente ligado ao sufrágio das almas que se quedam pelo purgatório e às quais os vivos devem orar para os empurrar até àquilo que a visão cristã chama de Céu – hábito que se reflecte bem nas muito portuguesas Alminhas espalhadas de lés a lés.
Casario nas arribas da Praia de São Julião, repouso de antigos peregrinos
O que fazer e onde ficar em Sintra
O concelho de Sintra é dos poucos em Portugal onde temos uma colectânea de quase todas as paisagens possíveis do país - há campo (como em Colares e as suas particulares vinhas), há vilas históricas (como a própria vila de Sintra), há praias (e tantas são elas, como a Praia Grande, a da Ursa, a das Maçãs, a da Adraga, a do Magoito, a de São Julião ou a das Azenhas do Mar, entre muitas outras), há promontórios (como esquecer o mítico Cabo da Roca?), há serra (com todos os seus altos, da Peninha ao cume sintrense do Castelo dos Mouros), e há urbe (já entrando nos pólos suburbanos de Lisboa, como Mem Martins).
As dormidas que se recomendam dependem, por isso, de qual o objectivo da visita. Sendo também evidente que por se escolher um sítio perto da costa não significa de todo que não se possa ter um passeio cultural ou uma caminhada serrana - está tudo ali à mão.
Ainda assim, e por partes: para estarmos perto do centro histórico da vila, recomenda-se a Casa da Estefânea Boutique Bed and Breakfast e o Sintra Bliss Hotel (colada à Estação de Comboios de Sintra); para um registo mais bucólico, temos a Eugaria Country House by Lost Lisbon e a aristocrática Quinta de São Tadeu; para destino balnear, salientam-se algumas casas que podem ser alugadas, como a Sintra Maçãs Beach House (com dois quartos e junto à praia homónima) e o belo chalet O Amorzinho Sintra Praia.
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Mapa
Coordenadas de GPS: lat=38.931725 ; lon=-9.419712