Palheiros de Veio
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Por muito pensada que seja a arquitectura moderna, nenhuma me dá tanto a ideia de sense of place, usando o termo anglo-saxónico, como a arquitectura popular. Os Palheiros de Veio são uma forma de me lembrar disso.
Casario primitivo do século XX
É perto de enternecedor ver como as pessoas se agarram ao saber acumulado por séculos de experiência. A montagem de certas casas em zonas isoladas e pouco influenciadas pelas modas urbanas recorre a uma tradição remota, passada entre gerações pela necessidade individual e comunitária de vivência. São produto do que José Mattoso apelida de tempo lento do campo, por oposição ao tempo rápido das cidades. Longe de amarras técnicas académicas, longe da regulação burocrática, elas persistem em se manter de pé, algumas até em manter actividade, contra tudo e contra todos.
Assim são os Palheiros de Veio do concelho de Almodôvar. Conheci dois exemplares, lado a lado, no Monte das Figueiras. Soube que existem outros no Monte Branco do Vascão e em Corte de Ouro. E mais haverá, possivelmente, na extensão a sul do concelho, quando a Serra do Caldeirão se começa a levantar.
Apesar da sua configuração nos atirar para intervalos da história bem recuados, até pré-romanos, tratam-se de construções feitas a meio do século XX, ou seja, de um passado bem recente, algumas das quais podem ter os seus obreiro ainda vivos. São casas de planta circular, pequenas, a lembrar muito as que são reconstituídas nos castros do norte do país ou alguns moinhos de vento de empreitada mais recente.
As pedras que constituem a parede unem-se entre si com a ajuda de pasta barrenta. O telhado, cónico, assenta palha de centeio em varas de madeira. Lá dentro, o chão, em terra batida, tem o minimalismo próprio da casa agrícola humilde e singela. De fora, vemos um lugar que, apesar de pobre nos materiais e rústico na estrutura, dá uma ideia de felicidade.
Almodôvar – o que fazer, onde comer, onde dormir
O concelho de Almodôvar encontra-se no sopé da Serra do Caldeirão. Marca a transição da planura aberta do Baixo Alentejo com o relevo atribulado que anuncia o Algarve serrano - o Pico do Mú, que regista um dos máximos de altitude do Caldeirão, chega aos 577 metros, ainda se encontra dentro dos limites do concelho almodovarense.
Da geografia setentrional para a meridional, tudo muda. O desmatamento que assimilamos na zona norte transforma-se em campos de esteva, rosmaninho, medronho e sobro na zona sul. Sensivelmente a meio, há a vila de Almodôvar, sede de concelho. Reconhecemo-la pelas esculturas em ferro velho que povoam rotundas e praças. Lá se visita o Museu da Escrita de Sudoeste, onde se expõem estelas monumentais encontradas dentro e fora do município. Lá escutamos veteranos a relatarem orgulhosamente a lenda da Vila Negra, tão boa de se conhecer. Lá nos aconchegamos nos canecos, nas migas, no medronho, e nas carnes suínas da Tasquinha do Medronho. Para quem queira dormir na vila ou lá perto, destacamos as casas de férias Cerca da Ponte e Corvos e Cadavais.
Fora da povoação, a Barragem do Monte Clérigo e a Ribeira do Morgadinho surgem como um oásis no deserto. Os Palheiros de Veio, de planta circular, aproximam Almodôvar de uma forma surpreendentemente castreja, típica do norte do país. E o povoado calcolítico das Mesas do Castelinho dá conta de um passado longínquo, revisitado por romanos e mouros. Para tudo isto, recomendamos o Monte Gois Country House e Spa como resguardo para descanso - uma casa rural de inspiração norte-africana instalada no Caldeirão.
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Mapa
Coordenadas de GPS: lat=37.41383 ; lon=-8.1951