Museu da Escrita do Sudoeste

by | 2 Jun, 2021 | Baixo Alentejo, Lugares, Monumentos, Museus e Exposições, Províncias

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O Museu da Escrita do Sudoeste representa algo muito maior do que ele, que é a própria escrita desencantada no quadrante sudoeste ibérico. Funciona, contudo, como um dos pontos de reconhecimento desta milenar forma de comunicação – umas das mais antigas da Europa, e tudo leva a crer que a mais antiga da península.

A Escrita do Sudoeste

Só pela quantidade de nomes que atribuímos a esta grafia ancestral percebemos a complexidade que lhe é reconhecida, do leigo ao investigador. Contemos, então: além da já mencionada Escrita do Sudoeste, há quem a descreva como Escrita Sud-Lusitana, Escrita Tartéssica, Escrita Turdetana, Escrita Ibérica, Escrita do Algarve ou Algarvano, Escrita Cónia, Bastulo, entre outras designações perdidas no passado e outras que aparecerão no porvir.

Daqui tiramos uma conclusão – teorias acerca dela não faltam. Veja-se que há que a considere Tartessa, ao mesmo tempo que há quem contraponha que afinal é Cónia. Sobre os Tartessos, andamos há anos a perguntar o que faziam e o que eram, ou se sequer existiu a terra Tartessa. Já os Cónios, supostos vizinhos dos primeiros, encafuados entre o Baixo Alentejo e o Algarve, interrogamos se podiam ou não fazer parte da vasta família indo-europeia, e se podiam ou não ser considerados como celtas ou proto-celtas. A controvérsia é tanta que alguns, para não tomarem parte, resolveram simplificar, catalogando-a como Escrita do Sudoeste, dado ser por lá que se encontram as estelas que testemunham essa particular escrita – mesmo a alternativa designação Escrita Sud-Lusitana é enganadora, podendo, para quem não esteja familiarizado com o assunto, levar a uma falsa atribuição da grafia à província romana da Lusitânia.

Mas seja a grafia Cónia, Tartessa, ou de outra qualquer origem, importa sobretudo saber o que é que a caracteriza e o porquê de a individualizarmos. Certo é que, apesar de estar longe de ser totalmente decifrável, de ano para ano vamos acrescentando hipóteses e possíveis certezas. Tendo origem, aparentemente, na I Idade do Ferro, conseguimos hoje perceber que se trata de um sistema semi-silabário – isto é, um sistema misto entre o alfabeto (conjunto de letras) e o silabário (conjunto de sílabas). Consensual é também o sentido da leitura, feita da direita para a esquerda, tal e qual como fazemos na escrita árabe.

Usando a geografia corrente, parece circunscrita a uma área que vai do sul de Portugal, com maior incidência na Serra do Caldeirão, até às ribas do Guadiana, embora aí com menor intensidade, comportando o flanco oeste da Andaluzia e o cantão sulista da província espanhola da Extremadura.

Investigadores aparentam-na com a escrita Fenícia, com a Egípcia, ou até com a Grega. Ou seja, defendem que as travessias mediterrânicas de povos orientais trouxeram de lá uma forma de escrever que, cá chegada, se adulterou para se adaptar à cultura local. Outros linguistas viram a coisa do avesso – não foi a escrita Fenícia que motivou a Escrita do Sudoeste mas sim o contrário. E recentemente a Escrita do Sudoeste viu-se comparada à grafia Celta (a BBC chegou a dirigir-se ao sul do país para gravar um documentário nesse sentido). Como se vê, ideias não faltam, o que falta é consenso.

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O MESA

MESA é o nome por que é conhecido o Museu da Escrita do Sudoeste. Situa-se no centro da vila de Almodôvar, ocupando o antigo edifício do Cine-Teatro. Tem duas salas de exposição e há notícias que adiantam um alargamento da sua área actual, aproveitando a zona exterior onde agora se encontra um pequeno lago.

Não é o único a dedicar o seu espaço a essa forma de comunicação (temos testemunhos no Museu Municipal de Faro, no de Beja, no de Badajoz, no de Loulé ou no de Olhão, por exemplo), mas é o único que se dedica inteiramente a ela. Além de cerâmicas e metais destapados por trabalhos de arqueologia, apresenta estelas originais bem conservadas e réplicas rigorosas de considerável tamanho. Um par delas é tido como essencial para compreender a disposição de leitura das epígrafes: a estela de São Martinho e a estela do Monte Novo.

A visita faz-se num instante, mesmo que acompanhemos a exposição com dedicação e complementando o passeio com a leitura da brochura que, diga-se, poderia estar um pouco mais completa. Servirá para aguçar o apetite da pesquisa futura – através de artigos, de livros, ou do mundo online.

Almodôvar – o que fazer, onde comer, onde dormir

O concelho de Almodôvar encontra-se no sopé da Serra do Caldeirão. Marca a transição da planura aberta do Baixo Alentejo com o relevo atribulado que anuncia o Algarve serrano - o Pico do Mú, que regista um dos máximos de altitude do Caldeirão, chega aos 577 metros, ainda se encontra dentro dos limites do concelho almodovarense.

Da geografia setentrional para a meridional, tudo muda. O desmatamento que assimilamos na zona norte transforma-se em campos de esteva, rosmaninho, medronho e sobro na zona sul. Sensivelmente a meio, há a vila de Almodôvar, sede de concelho. Reconhecemo-la pelas esculturas em ferro velho que povoam rotundas e praças. Lá se visita o Museu da Escrita de Sudoeste, onde se expõem estelas monumentais encontradas dentro e fora do município. Lá escutamos veteranos a relatarem orgulhosamente a lenda da Vila Negra, tão boa de se conhecer. Lá nos aconchegamos nos canecos, nas migas, no medronho, e nas carnes suínas da Tasquinha do Medronho. Para quem queira dormir na vila ou lá perto, destacamos as casas de férias Cerca da Ponte e Corvos e Cadavais.

Fora da povoação, a Barragem do Monte Clérigo e a Ribeira do Morgadinho surgem como um oásis no deserto. Os Palheiros de Veio, de planta circular, aproximam Almodôvar de uma forma surpreendentemente castreja, típica do norte do país. E o povoado calcolítico das Mesas do Castelinho dá conta de um passado longínquo, revisitado por romanos e mouros. Para tudo isto, recomendamos o Monte Gois Country House e Spa como resguardo para descanso - uma casa rural de inspiração norte-africana instalada no Caldeirão.

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=37.51227 ; lon=-8.06102

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