Lenda da Vila Negra

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A vila de Almodôvar é daqueles sítios onde a pujança do sol dura quase todo o ano. É, por isso, estranho que leve com uma alcunha tão díspar como negra. De onde vem isto? Da tradição oral, para não variar, muito em concreto da lenda da Vila Negra.
A lenda da Vila Negra e a fundação de Almodôvar
Havia uma imagem em Almodôvar a quem eram atribuídos os mais diversos milagres. Era o Jesus do Calvário, e a sua fama ultrapassou os limites da vila. Para lá de Almodôvar, invejavam-lhe os atributos curandeiros. E por isso um grupo de cavaleiros de fora da povoação engendrou um plano para raptar a imagem e guardá-la para si.
No dia em que se puseram a cavalo a caminho da vila alentejana, a noite caiu abrupta e um denso nevoeiro escuro cercou todo o casario. Os cavaleiros nada viam. Nem sequer se viam a eles próprios, quanto mais distinguir uma casa de uma igreja. Mesmo o povo almodovarense, fechado em casa, apenas se apercebeu de que alguém ali andava pelo barulho dos cascos dos cavalos na calçada.
O nevoeiro ali se manteve, imóvel. Até cansar. E assim retornaram os cavaleiros para o sítio de onde vieram para não mais se arriscarem na ladroagem. Almodôvar ficou agradecido ao Jesus do Calvário, dedicando-lhe uma procissão ornamentada com flores. Desde aí que à vila se emprestou o nome de Vila Negra.
Variantes
Pequenas variantes à lenda da Vila Negra são versadas.
Em várias versões, apenas é referido um nevoeiro negro que atinge a vila com a chegadas dos cavaleiros-vilões, estando a parte do dia transformar-se em noite omissa. Por outro lado, há quem adapte a narrativa a determinados episódios da história de Portugal, sendo conhecida uma versão onde os cavaleiros eram parte do exército absolutista de D. Miguel, acabado de escapar do Algarve, dando a entender que Almodôvar estaria do lado liberal.
A juntar, há uma outra lenda almodovarense à qual o povo chamou lenda do Cavaleiro Negro que, não sendo exactamente uma variante dado a narrativa ser distinta, não pode deixar de nos lembrar a da Vila Negra pela repetição do mesmo adjectivo. Neste caso, conta-se a história de um cavaleiro que desfazia qualquer nova construção em determinada zona da vila. Logo que a gente de Almodôvar se esforçava para erguer paredes, lá vinha o cavaleiro negro, disfarçado pela noite, destruir tudo o que tinha sido levantado durante o dia. De onde vem a predilecção lendária de Almodôvar com o negro, é difícil de dizer, até porque a cal das casas afasta-nos o mente dessa cor.
A imagem do Senhor do Calvário
A imagem que associamos à lenda existe mesmo. Está na capela anexa à Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Almodôvar, na Praça da República, e é, conforme contado, objecto de culto.
Quem lá for, poderá encontrar velas ou outro tipo de ofertas junto do vidro que a protege – são dádivas de gratidão de que o povo de Almodôvar não abdica. A peça foi restaurada recentemente e está agora à vista de todos, a qualquer dia do ano.
Entre muitas crenças a ela associadas estão, por exemplo, duas ainda hoje relatadas: uma que a põe responsável pela imunidade dos almodovarenses face a uma pneumonia de escala nacional que matou boa parte do país; outra que garante ter sido ela a razão do fim de um ano de seca, ao fazer chover a potes na vila.

O Senhor do Calvário de Almodôvar
Almodôvar – o que fazer, onde comer, onde dormir
O concelho de Almodôvar encontra-se no sopé da Serra do Caldeirão. Marca a transição da planura aberta do Baixo Alentejo com o relevo atribulado que anuncia o Algarve serrano - o Pico do Mú, que regista um dos máximos de altitude do Caldeirão, chega aos 577 metros, ainda se encontra dentro dos limites do concelho almodovarense.
Da geografia setentrional para a meridional, tudo muda. O desmatamento que assimilamos na zona norte transforma-se em campos de esteva, rosmaninho, medronho e sobro na zona sul. Sensivelmente a meio, há a vila de Almodôvar, sede de concelho. Reconhecemo-la pelas esculturas em ferro velho que povoam rotundas e praças. Lá se visita o Museu da Escrita de Sudoeste, onde se expõem estelas monumentais encontradas dentro e fora do município. Lá escutamos veteranos a relatarem orgulhosamente a lenda da Vila Negra, tão boa de se conhecer. Lá nos aconchegamos nos canecos, nas migas, no medronho, e nas carnes suínas da Tasquinha do Medronho. Para quem queira dormir na vila ou lá perto, destacamos as casas de férias Cerca da Ponte e Corvos e Cadavais.
Fora da povoação, a Barragem do Monte Clérigo e a Ribeira do Morgadinho surgem como um oásis no deserto. Os Palheiros de Veio, de planta circular, aproximam Almodôvar de uma forma surpreendentemente castreja, típica do norte do país. E o povoado calcolítico das Mesas do Castelinho dá conta de um passado longínquo, revisitado por romanos e mouros. Para tudo isto, recomendamos o Monte Gois Country House e Spa como resguardo para descanso - uma casa rural de inspiração norte-africana instalada no Caldeirão.
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