Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta

De construção longa e difícil, a Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta impõe-se, juntamente com a sua torre heptagonal, numa povoação várias vezes massacrada pela sua posição fronteiriça.

Uma longa história

Se tudo corresse conforme esperado, a Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta teria quase a mesma idade que o país. Mas esta que vemos é, na sua maior parte, um trabalho do século XVI, que só viria a ser concluído no século XVII. O que se passou então para que do papel à sua finalização decorressem praticamente quatrocentos anos?

Vamos ao início de tudo isto, ou seja, à ideia de aqui se fazer um templo. Foi no reinado de D. Sancho II que germinou esse decisão de dar uma igreja matriz à terra de Freixo de Espada à Cinta. Problema: a igreja em causa era desproporcionada quando comparada com a população freixenista. Isto é, o seu tamanho desmesurado não batia certo com os impostos colectados para a sua construção.

A isso, somavam-se pedidos do povo para que o dinheiro destinado ao templo fosse investido noutras prioridades, como a construção de uma muralha que protegesse a vila de ataques. Uma reclamação legítima tendo em conta que Freixo de Espada à Cinta se encontra à mercê das primeiras investidas castelhanas.

A igreja, entretanto, ia-se fazendo. Com as sobras de outros investimentos e com outros proveitos que por acaso vinham ao bolso. Foram duzentos anos nisto. E, como tal, em dois séculos o produto final estava longe de ser uma obra homogénea. Decidiu então D. Manuel I acabar com quase tudo o que até ali existia, optando pela construção de um santuário novo, feito de raiz. Mesmo assim, depois de colocada a primeira pedra, só estaria concluída a obra cerca de cem anos depois, já no reinado de D. João IV.

Desde aí, acrescentos foram feitos, sobretudo no interior. No entanto, podemos dizer que a sua carcaça se mantém, grosso modo, conforme o planeado por D. Manuel I.

Nervadas manuelinas no interior do templo

Um delicado bloco

A Igreja Matriz de Freixo de Espada à Cinta, que é, já agora, dedicada a São Miguel, apresenta-se como um monumento de contrastes.

A um primeiro olhar, aparenta ser uma fortaleza de densas paredes amuralhadas, embrutecida e simplificada nas formas. Um paralelepípedo apoiado em contrafortes musculados, preparado para a guerra.

Mas depois olhamos para os portais e notamos um outro cuidado. A delicadeza da ornamentação manuelina, quer no portal principal, quer nos dois secundários, põe a igreja num outro campeonato, mais artístico. No portal principal a execução é especialmente bela, numa moldura que combina dois óculos com uma linha que faz brotar motivos vegetalistas, possivelmente alfarrobas.

Esta nota artística passa também para dentro de portas. O interior de três naves, bastante amplo e descongestionado, expõe pinturas de Grão Vasco emolduradas por talha barroca junto à capela-mor e é coroado por uma bela estrutura de nervadas.

Freixo de Espada à Cinta – o que fazer, onde comer, onde dormir

Vila histórica desde a primeira metade do século XIII, os seus habitantes beneficiaram de vários forais e de carta de feira, embora a sua posição geográfica, de terra-fronteira, a tenha posto ao dispor de algumas guerras contra o poderoso vizinho ibérico.

Na vila, é obrigatória a visita ao interior da Igreja Matriz, mas também à Igreja da Misericórdia, e ao castelo, claro. E pela altura da Páscoa, é imperativo conhecer a Procissão dos Sete Passos. Nas redondezas, vigiado pelo Abutre do Egipto, é a natureza que domina: as arribas que cercam o rio Douro, que aqui é fronteira, os registos pré-históricos como o Cavalo de Mazouco, a Ribeira do Mosteiro, a Calçada de Alpajares, a Praia Fluvial da Congida, a magnífica vista do Miradouro de Penedo Durão e da sua estátua à Senhora do Douro.

Para comer bem, é favor ir ao Cinta d'Ouro para as alheiras da casa, e as dormidas fazem-se na aconchegante Casa da Caroline ou no poiso de férias Terra d'Alva, ambos com piscina.

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