Casal das Três Marias

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Já por aqui foi falado várias vezes no simbolismo inerente aos números.
Seja no escudo de Portugal, com o seu quincôncio repetido em cinco escudos, ou na bíblia (“Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete vezes”; Mateus, 18: 32), a numeração é uma parte essencial e instintiva na construção humana de estórias e fórmulas com que reordenamos a aleatoriedade do Universo.
Dentro dos números, os primeiros costumam ser os com maior carga simbólica, veja-se o Zero do nada, o Um do todo e o Dois do dualismo simplista do Cosmos (homem e mulher, sol e lua, branco e preto, etc). O Três, surge enfim como contrapartida, o próximo passo lógico, a transmitir finalmente complexidade e novas coordenadas percepcionais.
Seja na Santíssima Trindade ou no Passado/Presente/Futuro, o número três aparece como um número importante. Não é pois de estranhar que em lendas ou mitos urbanos, surja este número repetido e associado frequentemente ao paranormal. E para facilitar a memorização da estória, nada como repetir o mesmo nome várias vezes.
É o caso do Casal das Três Marias.
Assombração
Quem passar por Azenhas do Mar em Sintra, verá como é um local repleto de arquitectura que compensa olhar e estudar com mais atenção. Dentro desta panóplia que contempla adegas, mansões e até uma casa desenhada por Raúl Lino, inclui-se uma casa assombrada. Os locais, residentes e veraneantes frequentes, referem a antiguidade desse adjectivo, pois quando em crianças já as ruínas do malfadado local inspiravam estórias de aterrorizar.
Como qualquer lenda, este mito urbano compõe-se de múltiplas versões. Mas certos pormenores repetem-se fielmente.
Em tempos teria vivido na casa uma mãe, com três filhas, cujos nomes algumas pessoas afirmam saber: Ana Maria, Joana Maria e Teresa Maria.
Ora a mãe, sem nome, era aficionada de práticas ocultas e negras, por iniciativa própria ou quiçá, inspirada pela força mística da Serra de Sintra, local para onde se dirigia para praticar os seus rituais obscuros. Lugares candidatos para concílios metafísicos não faltam pela Serra. Portanto, algures nas suas florestas, a dita mãe encontrava-se com uma entidade maléfica, quiçá o próprio diabo.
Ora, as três filhas ficavam em casa enquanto a mãe se ausentava em périplos satânicos. Mas a corrupção da alma da mãe passou para a casa. Segundo alguns, o diabo ou uma entidade malévola procurou apoderar-se das filhas também e a sua negra influência infestou as paredes da mansão, assombrando-a.
O que aconteceu não se sabe, mas as filhas e a mãe desapareceram, fugidas do local ou engolidas pela influência nefasta.
Para trás ficou a imaginação, manifestada nos barulhos e choros que por vezes se ouvem vindos de dentro das suas paredes.
Verdade ou Mito
Qual a verdade por detrás desta historieta?
A mansão, de facto, tem um arco em azulejo com o nome de Casal das Três Marias. Supostamente, a casa havia sido construída por António Augusto Carvalho Monteiro (mais conhecido por Monteiro dos Milhões) para as netas que por ali veraneavam.
Não há provas de que tal mito tenha existido, podendo ser apenas uma tentativa de associar a casa ao impulsionador da mística Quinta da Regaleira, que tinha no seu antigo escritório a pintura de José Basalisa “As Três Graças” (Força, Sabedoria e Beleza, os pilares da maçonaria de São João).
A repetição do nome Maria faz lembrar lendas mais antigas como a da Igreja das Três Marias.
Enquanto não houver uma investigação mais aprofundada, o mistério manter-se-á e inspirará vídeos no youtube, graffitis de fantasmas na fachada, ou livros como a banda-desenhada SINtra, de Tiago Cruz e Inês Garcia, e Uma Aventura na Casa Assombrada, de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães.
Sintra – o que fazer, onde comer, onde dormir
O concelho de Sintra é dos poucos em Portugal onde temos uma colectânea de quase todas as paisagens possíveis do país - há campo (como em Colares e as suas particulares vinhas), há vilas históricas (como a própria vila de Sintra), há praias (e tantas são elas, como a Praia Grande, a da Ursa, a das Maçãs, a da Adraga, a do Magoito, a de São Julião ou a das Azenhas do Mar, entre muitas outras), há promontórios (como esquecer o mítico Cabo da Roca?), há serra (com todos os seus altos, da Peninha ao cume sintrense do Castelo dos Mouros), e há urbe (já entrando nos pólos suburbanos de Lisboa, como Mem Martins).
As dormidas que se recomendam dependem, por isso, de qual o objectivo da visita. Sendo também evidente que por se escolher um sítio perto da costa não significa de todo que não se possa ter um passeio cultural ou uma caminhada serrana - está tudo ali à mão.
Ainda assim, e por partes: para estarmos perto do centro histórico da vila, recomenda-se a Casa da Estefânea Boutique Bed and Breakfast e o Sintra Bliss Hotel (colada à Estação de Comboios de Sintra); para um registo mais bucólico, temos a Eugaria Country House by Lost Lisbon e a aristocrática Quinta de São Tadeu; para destino balnear, salientam-se algumas casas que podem ser alugadas, como a Sintra Maçãs Beach House (com dois quartos e junto à praia homónima) e o belo chalet O Amorzinho Sintra Praia.
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Mapa
Coordenadas de GPS: lat=38.83493; lon=-9.46576