Caretos de Lazarim

by | 11 Fev, 2015 | Festas, Fevereiro, Províncias, Tradições, Trás-os-Montes

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Os Caretos de Lazarim representam o ponto alto das festividades de Lazarim. Localizada perto de Lamego, é uma pequena e bonita aldeia que, no Entrudo, por meados de Fevereiro ou inícios de Março, a par com os icónicos Caretos de Podence, se transforma numa festa onde abundam as acções erráticas e caóticas por parte dos caretos. Como já se referiu em outras secções referentes a estas carismáticas figuras do norte transmontano, os caretos representam uma provável antiga tradição pagã, que sobreviveu até aos dias de hoje.

Diabos à solta

Tendo sobrevivido ao advento do cristianismo, certas conotações ficaram no entanto associadas a estas figuras.

Visto representarem a proximidade da Primavera, e como tal, um novo ciclo, na continuidade do simbolismo que também tem expressão nos caretos do solstício de Inverno em Dezembro, os caretos no Entrudo são o romper com a carga negativa acumulada durante o ciclo anterior, a libertação da tensão do que foi proibido pelos tabus da sociedade durante o ano.

Isto verifica-se através de uma associação diabólica a estas figuras, possivelmente incentivada desde a introdução do cristianismo nesta zona do país. E é também particularmente a ênfase neste lado diabólico dos caretos que parece ter especial expressão nos Caretos de Lazarim. É que as tradicionais máscaras comuns a todos os caretos são especialmente diabólicas em Lazarim. Sem exibir pinturas coloridas como se verifica noutras zonas, as máscaras em geral exibem chifres, que variam em tamanho mas chegam a ser longos e enormes. Para além desta particularidade cornuda, que acentua de imediato o seu lado diabólico, estas máscaras são especialmente expressivas, com a madeira de amieiro esculpida em faces que vão desde uma expressão bucólica ou cómica até um ar maligno e misterioso que inspira respeito e mesmo temor.

A juntar, os cajados de madeira destes caretos também diferem especialmente de outros: a madeira encontra-se espiralada e esculpida com curvas, acentuando a aparência infernal destes Caretos de Lazarim. O seu guarda-roupa remete-nos para a natureza e a para a vida no campo, como criaturas saídas da própria paisagem e atmosfera em redor, variando entre as habituais cores que são observáveis noutras localidades e indumentárias mais características de Lazarim como trajes feitos à base de palha, barbas de milho ou folhas.

Diabruras

Como é habitual nestas figuras, durante os dias dedicados ao Entrudo, os jovens solteiros da aldeia e arredores (e hoje em dia raparigas também) vestem a sua veste e máscara de careto e andam pelas ruas a criar todo o tipo de desordem e a cometer todo o tipo de indiscrições, urrando, gritando, rindo e dançando, ao som de grupos de gaiteiros e zés pereiras.

Pensa-se que em tempos mais ancestrais, estes caretos chegavam ao ponto de atirar dejectos aos restantes habitantes da aldeia e eram verdadeiros demónios, criadores das maiores obscenidades possíveis. Hoje em dia, durante o dia principal do Entrudo, ao mesmo tempo que estes diabretes andam à solta, as pessoas ajuntam-se para a leitura dos testamentos, declamados por um rapaz e uma rapariga, o compadre e a comadre, ambos vestidos de preto, que falam dos defeitos e percalços cometidos respectivamente por rapazes e raparigas da aldeia, que sejam solteiros, num verdadeiro festival de má-língua que visa o purgar dos feitos do ano que passou com vista a um novo ano, um “ritual” que em tempos pagãos teria servido de regeneração espiritual da comunidade. Tal “ritual” é finalizado com a imolação de dois bonecos representativos do compadre e da comadre, que imediatamente nos remete para um comportamento típico das antigas sociedades pagãs europeias, especialmente de cariz céltico.

O culminar da imponente figura dos caretos de Lazarim dá-se no último dia das celebridades do Entrudo, quando diversos potes embruxados onde se coze feijoada e caldo de farinha são colocados junto a uma fogueira comunitária sob o olhar guardião e diabólico destes caretos cornudos empunhando os seus infernais cajados.

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Careto em Lazarim ajusta a sua máscara

Um diabo em Lazarim

Conjunto de Caretos provoca a câmara

Conjunto de Caretos de Lazarim

Lamego – o que fazer, onde comer, onde dormir

Se estiverem ali pelo interior norte junto ao rio Douro, visitem Lamego. É o conselho mais curto, directo e honesto possível. Lamego, a cidade, e Lamego, o concelho, são obrigatórios para quem gosta dos pequenos prazeres da gastronomia, da movida urbana, e, ao mesmo tempo, do bucolismo da natureza duriense.

Nas quintas que circundam a sede de concelho temos dos melhores vinhos que se fazem no país - não esquecendo as Caves da Raposeira junto à urbe. Sugere-se a Quinta da Casa Amarela ou a Quinta da Pacheca (é possível reservar quartos em ambas). A norte do concelho, a escadaria esculpida na Barragem de Varosa da é única. A sul, o Carnaval de Lazarim e os seus Caretos devem ser vividos pelo menos uma vez na vida.

Já na cidade, a obra humana manda. O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios (palco da Romaria de Portugal, em homenagem à Virgem) e a Sé de Lamego são as escolhas óbvias nas edificações religiosas, mas há também o Castelo - a este propósito, dormindo na maravilhosa Muralha Charm House temos o privilégio de tocar nas paredes da cerca antiga. Na restauração destaca-se a cozinha gourmet do Douro Excellence e do Vindouro, e a simplicidade dos petiscos da Casa da Rua.

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Coordenadas GPS: lat=41.03143 ; lon=-7.845237

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