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Redinha parece vir de roda pequenina. Talvez referência a uma terra contida, junto a um rio perfilhado de múltiplas rodas de moinhos de água, muitas delas ainda hoje vivas.

Redinha parece montada num artificio teatral, quase, de uma terra onde tudo é majestosamente pequeno, passe o paradoxo.

Isso vê-se não só no perímetro urbano recolhido numa dúzia de ruas, ora traçadas a esquadro, ora tangentes e tortas. Vê-se também no rio ligeiro que atravessa a vila, com caudal de ribeiro, mas promessas de forças e inundações. Vê-se na ponte épica, mas pequena, de contrafortes prontos para enxurradas, e pedras calcorreadas por miríades de multidões e exércitos. Vê-se na sua história singela, mas ainda assim dramática.
Redinha, em muito um pouco.

Para o incauto, apenas um pormenor interessante na viagem. Para o atento, um verdadeiro locus amoenus, não excessivamente campestre ou enfadonho, mas em equilíbrio bucólico perfeito, entre o apenas estar e a descoberta de surpresas, nos meandros da História.

No alto de Redinha

No limite norte do concelho de Pombal, a Noroeste da Serra do Sicó, Redinha é geralmente acedida pela N1. Assim sendo, os visitantes costumam desembocar na parte alta da vila, nomeadamente, no largo da igreja matriz.

Olhos insuspeitos certamente não saberão dos vários vestígios inexplorados de ocupação romana, que remontam pelo menos ao século VIII. Talvez uma villa, ou quem sabe, uma pequena cidade.

Contundo, a primeira referência histórica chega-nos de crónicas árabes que aludem à construção de um castelo de taipa, nos finais do século X por Ibn Al-Kader, a partir de antigas estruturas romanas sobre uma curva rochosa do rio Anços, onde já existiria uma ponte.

Certo é que Redinha teve fortificação e que esta foi gerida pelos templários, tendo sido doada em 1128 por D. Teresa, juntamente com Soure, Ega e Pombal, com a condição de neles construírem fortificações e igrejas. Esta doação terá vindo da necessidade de tornar mais robusta a Linha Fortificada do Mondego contra invasões do Sul. Aliás, a sua importância como provável elemento de ligação com a Linha do Tejo justifica o seu primeiro foral em 1159, concedido pelo próprio mestre D. Gualdim Pais. Com o povoamento de um território inculto à época, um recinto de casas muralhado estendeu-se para sul.

Contundo, olhando em volta, o visitante nada verá deste passado. Ou será que vê?

A perda de importância estratégica levou o castelo à sua ruína, tendo desaparecido já em 1508 (quando pertencia à Ordem de Cristo). Contudo, a morfologia do núcleo antigo da vila aponta o perfil arredondado da antiga fortificação.

Mas antes de se aventurar pelas ruas, vale a pena ao visitante explorar primeiro a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, com o seu portal manuelino entrelaçado e azulejos de folhas de acanto seiscentistas.

D. Manuel I concedeu, em 1513, novo foral à vila e com este veio o seu desenvolvimento como concelho, com respectivo edifício da câmara, cadeia, forca e pelourinho. Nessa época, havia já referências a uma outra ruína, que teima ainda em hoje em perpetuar a maldição do desmazelo.

Numa rua próxima à igreja, encontra-se o Paço Medieval dos Comendadores, que, como foi citado, esteve em ruínas durante muitos séculos, onde só eram distinguíveis uma adega e um cerrado. Nova lufada de ar fresco veio no séc. XVIII, com uma reconstrução que manteve a estrutura da adega.

Pena o estado actual. Os proprietários tentaram classificar o imóvel em 1988 e 2008, sem sucesso, o que apenas torna mais real a ameaça de ruína total ou reconversão urbanística impensada num bloco de apartamentos.

Soldados franceses avançam por Redinha

Azulejo ilustrativo da Batalha de Redinha

Pelo rio fora

Mas esquecendo mortandades antigas, vale a pena ao visitante explorar as redondezas e observar a multiplicidade de casarões e quintas que trocaram entre si momentos de prosperidade.

De salientar um percurso pedestre de 3 quilómetros, fácil de fazer e sempre a acompanhar o Anços, em várzeas magníficas recheadas de salgueiros, moinhos de água e campos floridos (dependendo da época claro).
Este trilho pertence à Grande Rota 26 que percorre as terras de Sicó por um total de 200 quilómetros.

O segmento sugerido vale bem a pena fazer partindo de Redinha até à nascente do próprio Anços, um local por si só merecedor de visita, onde é possível ver numa casa pitoresca, a água a brotar em golfões do subsolo, com pressa aparente de desaguarem no rio Arunca. Os mais corajosos podem sempre juntar-se aos locais, que em dias de calor mais intenso atrevem-se a dar mergulhos na piscina de águas gélidas.

Conclusão

Quem queira e consiga viver em Redinha não lhe faltarão com certeza terrenos e casas para recuperar, assim como todos os serviços e até uma grande escola privada, o reconhecido Colégio Cidade Roda.

Mais haverá por contar do que foi explanado, mas essas informações ainda sonegadas aguardam novas inquirições, pesquisas e visitas. Quiçá, não possa o leitor ajudar na tarefa.

Ponte de três arcos em Redinha

Ponte sobre o Anços

Na baixa de Redinha

Descendo pelas ruas facilmente se descobre o pelourinho, a Igreja de São Francisco (séc. XVIII) e o Núcleo Museológico e Etnográfico. Mas rápido foge o olhar até ao rio, para a tão prometida ponte. Atarracada mas forte, sustenta-se em três arcos, por onde continuam a rolar carros e multidões. À sua beira, os chorões, patos e gansos, descontraem folhas e penas, ouvindo o burburinho suave do Anços.

Por perto, um painel de azulejos, alude ao momento mais trágico da história de Redinha. De facto, o concelho sofreu uma machadada fatal, com a Guerra Peninsular. À altura tinha 1.848 habitantes. Durante a 3.ª Invasão Francesa (1837), os saqueadores despeitados com a derrota, fogem com o rabo entre as pernas para França, aproveitando para rapinar o que podiam pelo caminho. A ponte de Redinha, foi a causa da sua desgraça. Aproveitando a passagem sobre o rio, os invasores puseram a população em fuga. Aqui, o marechal Ney, comandante do 6.º corpo do exército francês, toma posição defensiva para atrasar as forças anglo-lusas o máximo de tempo possível. Estava formado o pano para a famosa batalha de Redinha. Por volta das 14h00, Wellington tomou a iniciativa e aproximou-se. Ney, ao ver que não esmoreciam os seus avanços pelas salvas de tiros, deu ordem de retirada e de incendiar as casas da vila. Estando o caudal do rio profundo e cheio de fúria, os batalhões aglomeraram-se na ponte. Sobre os tiros do exercito inimigo, os franceses caíram que nem tordos. Apesar disso, Ney cumpriu a missão de proteger a retaguarda, abandonando a seu tempo um vale que era fértil à desgraça e ruína. Do seu lado, contaram-se 227 mortos, feridos e desaparecidos ou capturados. Os Aliados, pelo seu lado, tiveram 17 mortos, 174 feridos e 15 desaparecidos.

Redinha, não tornaria a recuperar. Em 1842, o seu concelho foi anexado pelo de Pombal. Curiosamente, em 1895 passou a integrar o de Soure, mas por vontade da população voltou a Pombal em 1998.

Pombal – o que fazer, onde comer, onde dormir

Em Pombal há coisa que não se perde: as Festas do Bodo, no fim de Julho, com quase uma semana de música e fé popular. A melhor forma de as viver por dentro é no Cardal Hotel, bem central e de trato fiel. Destaca-se também a vila histórica de Redinha, na zona norte do concelho, quase a chegar à fronteira do distrito de Leiria com o distrito de Coimbra, e logo ali ao lado o Vale do Poio Novo e do Poio Velha que pode ser visitado numa rota bem sinalizada.

Já no que toca a praia, Pombal não tem muita oferta. Na verdade, tem só uma, mas falamos da Praia do Osso da Baleia, que compensa de largo a falta de escolha - dado tratar-se de um areal onde a hotelaria é praticamente inexistente, o que só lhe fica bem, sugerimos a Casa na Areia, bem perto, mas já no concelho da Figueira da Foz.

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=40.00424; lon=-8.58482