Praia do Zorro
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Formalmente conhecida por Praia Fluvial de Palheiros e Zorro, mas sumariamente chamada pelos locais de Praia do Zorro ou ainda de Praia de Torres do Mondego (numa referência ao nome da freguesia), é a mais famosa paragem balnear do concelho de Coimbra, que só em 2019 se viu com verdadeira concorrência a jusante, quando a Câmara Municipal instalou a Praia do Rebolim abeirada da cidade.
Fica na margem esquerda do Mondego, junto de Palheiros, mas pode ser abordada para quem venha do outro lado do rio – antes, através de uma ponte provisória em madeira que se montava sempre que o período das cheias terminava; agora, através de uma ponte em aço que serve de miradouro para belas fotografias.
Coleccionadora de medalhas
Sabendo que os principais rios de Portugal, sobretudo nos seus segmentos mais urbanos, têm habitualmente problemas de poluição (e aqui com a agravante de se estar em antigo lugar mineiro de extracção de chumbo e zinco, na Mina do Zorro ou dos Barbadalhos situada imediatamente a montante), é redobrado o mérito da Praia do Zorro quando se apresenta com o reconhecimento da Bandeira Azul há mais de uma década, sem interrupções. Uma tradição de recolha de medalhas que agora começa a partilhar com a sua vizinha do Rebolim.
No entanto, pelo menos para já, a Praia do Zorro tem bem mais para oferecer do que qualquer outro competidor cercano: a areia aproxima-se da que pisamos numa praia de mar, a profundidade da água é maior do que nas estâncias a jusante, há campo de vólei e há kayaks, conta com um parque infantil, apetrechou-se de mesas e churrascos para as comezainas da hora de almoço, e goza de espaço suficiente para improvisar poisos para pesca desportiva (nomeadamente ao sável, que por aqui vem desovar), além de ser parte de percursos locais e regionais para caminhantes ou ciclistas. Já que se fala em percursos, note-se que a Praia do Zorro é parte do Trilho Ribeirinho e também paragem intermédia do Corredor do Mondego, a Grande Rota que de Oliveira do Hospital segue até à Figueira da Foz, percurso de centena e meia de quilómetros que este escriba, caminhante dos quatro costados, ainda tem em agenda.
Isto no Verão. Porque na época do frio, por outras razões, a Praia do Zorro dá razões para nova visita. Os outeiros do Maciço Marginal de Coimbra que de um e do outro lado guiam o rio – e que, graças a Deus, são saudáveis barreiras à extensão urbana conimbricense – escavam um profundo vale que no Outono e no Inverno serve de corredor à neblina matinal. Paradoxalmente, o cenário que entre Maio e Setembro recebe dezenas de milhares de pessoas a querer bronze é o mesmo que, meses depois, parece retirado aos bucolismos de Caspar Friedrich.
A ponte em aço, pedonal, que liga as duas margens
Coisa rara: uma praia fluvial com vólei de praia
Mas há mais em matéria ecológica. A Praia do Zorro distingue-se também pela engenharia sustentável de resguardo do ecossistema. Sabemos como as represas que retêm as águas fluviais são muito confortáveis para os banhistas mas pouco simpáticas para os cardumes que seguem para o desovamento rio acima. O prolongamento do açude na margem direita tem uma encosta com uma pontuação de pedras facilmente visível para quem se encontra no tabuleiro da ponte. Descontando o facto de estar em obras no momento em que o visitei, a ladeira permite que a peixaria vá à sua vida, sulcando o obstáculo.
E assim se fez um lugar que é mais da Natureza do que do Homem. Além de praia para nós, espécie humana, é praia para eles, os javalis, as raposas, os esquilos, as ginetas, as lontras, as águias e milhafres, os gaios, as rolas, os guarda-rios, as garças, as corujas… e também para carvalhos e castanheiros e amieiros e salgueiros e sabugueiros. Um zoológico sem cárcere. Um jardim sem cerca. E um rio para o frescor. Nem parece que temos uma das maiores cidades do país aqui ao lado.
Arvoredo no acesso à praia
As neblinas da manhã
Promoções para dormidas em Coimbra
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=40.19977 ; lon=-8.36751