Praia de São Félix da Marinha

by | 26 Set, 2016 | Douro Litoral, Lugares, Natureza, Praias, Províncias

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Nem devia abrir o meu livro de confissões, mas cá vai: em vida campestre, prefiro o norte de Portugal ao sul. No entanto, se há coisa onde o sul goleia o norte é na beleza da sua costa. As praias alentejanas e algarvias, quando não manchadas por cimento, são tão paradisíacas que ainda hoje pergunto o que leva um português a pagar tanto na procura de praias estrangeiras.

Contudo, na freguesia de São Félix da Marinha, há uma sequência de praias que partilham entre si uma particularidade: a serenidade, mesmo em Agosto, elemento difícil de encontrar numa linha costeira onde as grandes urbanizações são uma constante. Falarei de uma delas, a Praia de São Félix da Marinha.

Das praias que se alinham de Espinho à foz do Douro, é em São Félix da Marinha que encontramos o pedaço de areia com menor presença humana

A praia deserta do Norte

No Verão, a Praia de São Félix da Marinha é aquela que destaco na zona próxima à cidade do Porto, ou à de Vila Nova de Gaia, se preferirmos. Isto porque a maioria das outras, da Praia da Aguda à Praia de Miramar com a sua Capela do Senhor da Pedra, têm o problema óbvio: demasiado cheias de gente que procura o frio do Atlântico quando o ar fica acalorado.

Há dois motivos a justificarem a pouca aderência: uma primeira ligada às rochas que se escondem por baixo da maré cheia e que dificultam o banho; uma segunda ligada ao acesso, menos evidente quando comparado à vizinhança a norte e a sul – estamos numa espécie de zona de intervalo entre Gaia e Espinho.

Contudo, há truques para contornar estes senãos. Na questão da cordilheira de rocha que amedronta o mergulho, poderemos dar uns passos em direcção à Praia de Bocamar, imediatamente acima, onde existem duas ou três clareiras livres de pedra, e onde temos permissão para nadar em condições, desde que o mar não esteja revolto. O mesmo acontece a sul, na Praia do Brito. Já quanto aos acessos, temos dois, sendo que um deles é privado: ou através do Hotel Solverde, passando um portão em ferro, ou por um túnel existente na Rua do Moinho de Vento que desemboca no complexo dunar da Praia de São Félix da Marinha.

As praias de São Félix, um areal burguês

O contraste classista entre a Praia da Aguda e aquelas que estão a sul já foi maior. Mas ainda se nota. E podemos sempre lembrá-lo pelo casario. Na Aguda, terra piscatória, as modestas casas começam a dar lugar a habitações aburguesadas assim que metemos pés nas estradas costeiras da Praia da Granja.

Esta sequência de areais que segue em direcção a Espinho marcam um espaço que foi antes destino favorito de um certo patronato ligado às ricas indústrias nortenhas.

Este lado selecto das praias da freguesia de São Félix da Marinha ficou ainda mais óbvio quando o Hotel Solverde por lá se fixou – a praia não é privativa aos clientes do hotel, mas acaba por gerar, mesmo que inconscientemente, uma certa exclusividade ao encadeamento que começa em Bocamar e termina no Brito, junto ao Rio Largo, que sinaliza a fronteira com o distrito de Aveiro.

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Dunas e uma ribeira, a riqueza da Praia de São Félix da Marinha

Aproveitem-se as tábuas de madeira que lá param para caminhar, porque foi para isso que as fizeram, facilitam o passeio balnear carregado de sal. Temos vista sobre o complexo dunar, sobre a cidade de Espinho, e sobre o mar Atlântico.

As dunas que se espraiam de um lado e do outro do passadiço em madeira são, pessoalmente falando, o que mais rico lá há.

Os tons de verde seco são dados por jasíones, madorneiras, cordeirinhos-da-praia e morganheiras. Dependendo da estação, saímos desta carpete monocromática. Há esporas-bravas e luzernas-das-praias e perpétuas-das-areias a dar tufos amarelos, cardos e chapeletas e ouriços-das-dunas a arroxear o chão, lírios-das-praias e erucas-marinhas dão um toque branco primaveril.

A certa altura, ligeiramente a norte do hotel já falado, apercebemo-nos que o passadiço vira ponte. Por baixo passa um riacho de pouca altura, enrolado-se em pedregulhos. É a fronteira que separa a Praia de São Félix da Praia de Bocamar. Corre aqui a Ribeira do Prego, e aproveite-se a erosão provocada na foz desta com o Atlântico – aí, as rochas mingam, permitindo algum espaço para banhos, sobretudo pela maré baixa. A Ribeira do Prego está cercada de solitários fenos e estornos e, por vezes, é possível lá encontrar gente à procura de peixe.

Vila Nova de Gaia – o que fazer, onde comer, onde dormir

Dizer que Gaia se resume às caves de Vinho do Porto e à vista que se tem sobre a Invicta é extremamente injusto. Não apenas por ignorar toda a zona ribeirinha da Serra do Pilar até ao Cabedelo, com todos os seus bairros de pesca a merecerem visita (ainda mais por altura da Festa de São Pedro), mas sobretudo por omitir o alinhamento de praias que começa a norte, no Cabedelo, e termina na ponta sudoeste do concelho, na Praia de São Félix da Marinha, passando por óptimos areais como o de Lavadores (carregada de lendas, veja-se a da Pedra Moura já aqui falada), o de Miramar (onde se encontra o Senhor da Pedra), ou o da Aguda (com uma bela marginal para caminhadas). Na parte interior do concelho, saliente-se a zona Carvalhos e o seu lendário Monte Murado.

É também em Vila Nova de Gaia que temos das melhores e mais luxuosas ofertas hoteleiras, mesmo para quem queira passar quase todo o tempo do outro lado do rio Douro, na cidade do Porto. Assim temos o The Yeatman, por exemplo, com uma das melhores fotografias que se pode tirar à paisagem urbana portuense. Mas também a Casa das Janelas Verdes, perto da costa.

E já agora, é também em Gaia que podemos comer uma das melhores francesinhas do país, no restaurante Locanda, em Canelas.

Mais ofertas para dormidas em Vila Nova de Gaia em baixo:

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=41.030104 ; lon=-8.646827

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