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Das festas Juninas, o dia de São Pedro é, por várias razões, o menos lembrado. Injustamente, como veremos. Na ressaca do Santo António e do São João, são vários os municípios que se guardam para o 29 de Junho.

29 de Junho, dia de São Pedro

É de facto o São Pedro mais esquecido do que os dois outros santos mais celebrados em Portugal? Eu diria que sim,  e diria que quase todo o país pensa como eu, com a excepção da população dos municípios que o festejam anualmente.

Isto porque o São Pedro é ocultado pela magnitude do Santo António de Lisboa e do São João do Porto (e, até certo ponto, do São João de Braga, que já goza de dimensão considerável) – e não nos podemos esquecer, de igual maneira, do Dia da Espiga, que é escolhido como feriado municipal por várias povoações.

No entanto, sabemos que há mais concelhos a dedicarem festa municipal a São Pedro do que a Santo António – dos três, o que tem direito a maior número de festas populares é mesmo o São João, concentrando-se a maioria delas no norte do país).

Este secundarizar de que é vítima o São Pedro mostra-se tremendamente injusto tendo em conta os diversos municípios que se entregam a esta data, e sobretudo atendendo a um carácter particular das festas dedicadas a este santo: o facto de ser venerado pelas comunidades piscatórias.

Origem do Dia de São Pedro

A origem do dia de São Pedro é a mesma que a do dia de São João e do dia de Santo António: o solstício de Verão que, com mais hora aqui e menos hora ali, acontece à volta do dia 21 de Junho.

Moisés Espírito Santo defende que a festa principal, anteriormente, era a de São João (por ser a mais próxima do dia de solstício). Ou seja, a cristianização do país fez a data mexer ligeiramente, por poucos dias, para a fazer corresponder com a data que se atribui ao nascimento de São João Baptista, a 24 de Junho.

Acontece que, em várias povoações, São João Baptista não era tão acarinhado como outros santos juninos, e daí se partiu para uma deslocação de certas festas para os dias em que outros santos eram celebrados: o 13 de Junho de Santo António em certos concelhos, e o 29 de Junho de São Pedro noutros (sendo possível que o festejo de São Pedro tenha origem romana, que já o fazia no século III).

O que parece ser um facto é a tendência que existe em se homenagear o São Pedro em terras onde a faina é uma actividade central, ou seja, há uma preponderância das festas do Dia de São Pedro nos concelhos que se situam nas proximidades do mar, a saber: Afurada (bem pertinho do Porto), Póvoa de Varzim, Sintra, Montijo, Seixal, Ribeira Grande (nos Açores).

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Onde e como se comemora o São Pedro

Se há tradições que podemos considerar transversais aos três principais santos juninos – a sardinha como comezaina principal, o bailarico como meio para a rambóia, o manjerico como símbolo maior de Junho -, há outras que conseguimos particularizar como próprias de certas localidades que são marcadas pelo padroeiro dos pescadores.

Não iremos a todas, para não estender demasiado o texto, mas aqui ficam algumas das principais.

Festas de São Pedro da Afurada

Com os trajes tradicionais, os pescadores carregam santos numa procissão marcante, enquanto os barcos que atracam na ribeira do Douro são abençoados.

A Ponte da Arrábida, que liga Vila Nova de Gaia ao Porto, presta um hipnótico espectáculo pirotécnico a que chamam Cascata de Fogo, uma espécie de fogo de artifício invertido, sob o tabuleiro da ponte.

Festas de São Pedro da Póvoa

Duram cerca de uma semana, como aliás a maioria das restantes.

Na Póvoa de Varzim, há cortejo de usos e costumes, missas, concertos e arruadas. Habitualmente faz-se uma procissão que homenageia os três santos juninos principais: São Pedro, São João e Santo António.

Destaca-se a Inauguração dos Tronos, feita por seis bairros distintos do município que competem pelo prémio de trono mais belo.

Festas de São Pedro do Montijo

Habitualmente, inicia-se com uma oferenda a São Pedro – flores são dedicadas à sua estátua. – e o hastear de bandeiras. Nos dias posteriores, fazem-se largadas e corridas de toiros, não estivéssemos nós no Ribatejo. Pela manhã organizam-se constantemente Alvoradas com a ajuda do som imbatível dos morteiros. Há também procissão nocturna.

E evidencie-se a Queima do Batel, que embora não tenha a popularidade de outros tempos, distingue-se como um momento único: um barco que é queimado, numa ode similar às fogueiras ao sol que se fazem na noite de São João.

Festas de São Pedro do Seixal

Tem marchas populares ao jeito de Lisboa e realça-se uma que tem anos de história: a Marcha das Canas, que junta os sobreviventes à madrugada de 28 de Junho e os leva ao lavar da cara, normalmente de toalha branca ao ombro.

Festas de São Pedro de Macedo de Cavaleiros

Longe do Atlântico também há São Pedro. Em Macedo de Cavaleiros há disputa de concertinas e concertos pela noite. Durante a tarde, pairam arruadas todos os dias.

São Pedro em andor

No Montijo, a festa junina chega a 29 de Junho

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