Pedra Moura de Lavadores

by | 7 Set, 2020 | Douro Litoral, Lendas, Mitos e Lendas, Províncias

Monumentos

Natureza

Povoações

Festas

Tradições

Lendas

Insólito

Roteiros

A Pedra Moura, colada à praia de Lavadores, é uma sobreposição de um bloco de pedra granítica sobre um outro do mesmo material. Assim dirá um geólogo.

No entanto, a sua curiosa forma, a lembrar um pouco a Pedro do Galo alentejana, empurrou-a para relatos lendários, sempre mais tocantes do que a mera descrição científica.

A moura de Lavadores

Joel Cleto, incansável promotor do outro Porto, aquele que não se vê, contou-nos como é que o povo justificou esta particularidade pétrea.

Pelas águas encantadas de Lavadores havia uma moura cuja força era inquestionável – e a beleza também. A moura atribuiu a si uma tarefa rotineira e pouco usual: carregar pedras do mar até ao areal. O problema é que as pedras transportadas seriam mais tarde recuperadas para o oceano por força da maré. Mas a moura não desistia e todos os dias retomava o trabalho. Era uma maldição. Todos os dias trabalhava para nada.

Começou então a colocar pedras em cima de outras pedras. Dessa forma evitava que o mar as roubasse. A cordilheira de rochas que se vê junto à praia de Lavadores começou a formar-se assim. No entanto, a moura tinha um último fôlego para dar. Saindo das águas como se de Neptuno se tratasse, trouxe sobre a cabeça uma enorme rocha e, caminhando até terra, colocou-a sobre o mais alto afloramento rochoso que conseguiu ver. Foi a última vez que a moura foi vista – dizem uns que o esforço perante tal obra terá sido suficiente para se salvar da maldição a que tinha sido condenada; outros afirmam que se esfalfou tanto com a sua última obra que ali ficou, debaixo da pedra, para sempre.

As moiras encantadas carregadoras de pedras

A moura da lenda é, afinal, uma das infinitas mouras encantadas que pululam o lendário popular português e que, por razões históricas, são vistas de forma diferente de norte para sul – e que já abordámos aqui em dois textos diferentes, um meu e outro do Carlos Carneiro.

A terra e a água são elementos recorrentes nas lendas de moiras, e aqui temos esses dois elementos novamente: a terra no bloco granítico, a água no mar Atlântico.

O livro infantil (mas que todo o adulto deveria ler) “Bestiário Tradicional Português” ilustra as moiras encantadas a pentear os seus cabelos e a carregar um gigante bloco de pedra. Não é por acaso. São dois dos actos mais comuns na tradição oral portuguesa quando as moiras vêm à baila. A pedra carregada ora pode ser uma rocha de formação singular (como acontece com a Pedra Moura de Lavadores), como uma tampa de um dólmen (coisa muito comum nos relatos populares que tentam explicar a existência de certos fenómenos megalíticos), como até blocos que servem a construção de certos castelos de origem mágica.

Voltando a Joel Cleto. O autor, no seu livro “Lendas do Porto – Volume III” onde dá conta da lenda da Pedra Moura de Lavadores, menciona o helénico Sísifo, sagaz fundador de Corinto. Sísifo levou toda a sua vida a fintar os seus Deuses – Asopo, Hades, Ares, Tânato foram algumas das vítimas. Depois de morrer, Sísifo foi levado para as profundas terras dos mortos e levou com um castigo eterno por ter passado toda a sua vida a manipular seres superiores: teria de carregar uma pedra de mármore montanha acima, e sempre que estava perto do seu objectivo, a pedra ganhava força e rolava rampa abaixo até ao seu ponto de partida.

Todo o relato da Pedra Moura de Lavadores parece encaixar na maldição de Sísifo, podendo ser uma adaptação do mito a um contexto mitológico português (ou galego). Embora com um twist no final, a nossa moira, ao contrário de Sísifo, parece vencer a condenação, sublinhando a invencibilidade com que normalmente as mouras encantadas são descritas.

Siga-nos nas Redes Sociais

Vila Nova de Gaia – o que fazer, onde comer, onde dormir

Dizer que Gaia se resume às caves de Vinho do Porto e à vista que se tem sobre a Invicta é extremamente injusto. Não apenas por ignorar toda a zona ribeirinha da Serra do Pilar até ao Cabedelo, com todos os seus bairros de pesca a merecerem visita (ainda mais por altura da Festa de São Pedro), mas sobretudo por omitir o alinhamento de praias que começa a norte, no Cabedelo, e termina na ponta sudoeste do concelho, na Praia de São Félix da Marinha, passando por óptimos areais como o de Lavadores (carregada de lendas, veja-se a da Pedra Moura já aqui falada), o de Miramar (onde se encontra o Senhor da Pedra), ou o da Aguda (com uma bela marginal para caminhadas). Na parte interior do concelho, saliente-se a zona Carvalhos e o seu lendário Monte Murado.

É também em Vila Nova de Gaia que temos das melhores e mais luxuosas ofertas hoteleiras, mesmo para quem queira passar quase todo o tempo do outro lado do rio Douro, na cidade do Porto. Assim temos o The Yeatman, por exemplo, com uma das melhores fotografias que se pode tirar à paisagem urbana portuense. Mas também a Casa das Janelas Verdes, perto da costa.

E já agora, é também em Gaia que podemos comer uma das melhores francesinhas do país, no restaurante Locanda, em Canelas.

Mais ofertas para dormidas em Vila Nova de Gaia em baixo:

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=41.12981; lon=-8.66938

Siga-nos nas Redes Sociais