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Diz o povo que Lindoso foi nome inventado por D. Dinis, homem delicado no trato das palavras que levou a que o descrevessem como rei-poeta. Quando aqui chegou o rei Lavrador, pouco tempo levou a que se deixasse seduzir pelas belezas nativas deste pequeno lugarejo acastelado, enroscado num cabeço com vista imensa para as alturas do Soajo, da Galiza, da Serra Amarela. Lindoso, chamou-lhe o rei, porque era lindo. A crença é lendária, claro. Contudo, e ressalvando que D. Dinis possa de facto ter cá vindo, até mais do que uma vez, Lindoso, afinal, é corruptela do latim limitosum, ou seja, refere-se a um limite, talvez relacionado com o facto de ser das uma das mais periféricas dependências da Diocese de Braga.

Mas que o topónimo esteja relacionado com a sua geografia e não com a sua beleza não invalida que Lindoso seja, de facto, bonito. Se não foi um rei a dizê-lo, digo-o eu.

A freguesia de Ponte da Barca que menos barquense é

Há uma parte do concelho de Ponte da Barca que não é exactamente barquense, no sentido em que foge a uma certa equivalência de comportamento, de paisagem ou de urbanismo característica da vila minhota. Falamos das terras orientais do concelho, como Entre Ambos-os-Rios, Froufe, Ermida, Germil, e de toda a freguesia de Lindoso, cujo temperamento corresponde em quase tudo ao de uma aldeia de montanha. São povoações greladas pela Serra Amarela e, portanto, por ela condicionadas. Vilarinhos de pouca gente (Lindoso, presentemente, não deve ter mais de trezentas pessoas), cerradas entre afloramentos, onde alguns carros nem arriscam entrar.

Lindoso foi, sabemos, uma povoação autónoma da Barca – não só da Barca como de todos os vilarejos espalhados pelo seu flanco sul, antes reunidos numa só administração política, a das Terras da Nóbrega, com sede militar no Castelo da Nóbrega, onde se incluíam territórios que vão da parte ocidental do corrente concelho barquense até ao eixo setentrional do concelho de Vila Verde. E bastará o leitor fazer a bonita estrada nacional paralela ao rio Lima que de Ponte da Barca nos leva até Lindoso para perceber como muda a cor, o clima, o trabalho, e a densidade de casas entre ponto de partida e o ponto de chegada.

O quotidiano barquense enquadra-se no que encontramos em vários outros lugares minhotos – o Minho do vinhão em malga de barro, do caldo verde, das romarias, das rusgas e cantares ao desafio, dos viras, dos trajes garridos, da mulher matriarca, dos corações e dos lenços, do ouro ao peito, das famílias numerosas, das casas senhoriais. Em Lindoso, os ímpetos festivos e de ostentação são silenciados por uma boa dose de agruras. Falo das chibatadas de vento gélido que apanhamos ao chegar, ou no império da rocha granítica que nos faz sentir bem mais pequenos. A colorida desgarrada minhota substitui-se por um sóbrio e despojado comunitarismo semelhante àquele que Joaquim Pais de Brito ensaiou sobre Rio de Onor, ainda actualmente testemunhado nas gentes e nos aparelhos, que pretende tirar o máximo proveito de solos pobres, quando não estéreis, em actividades seculares como o cultivo de couves e de laranjeiras, a tecelagem do linho e da lã, o aproveitamento do tojo e da urze para o mel, a criação de gado suíno para os enchidos de fumeiro que matam a fome invernal, a aplicação da videira alta como garante de vinho e de sombra.

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Além dos labores sobreditos, dois outros há a acrescentar que se destacam porque balizam o comportamento e a arquitectura da aldeia: o cultivo de cereais, no caso o centeio mas sobretudo o milho, dando origem ao exército de espigueiros que se encontra junto do castelo, de que falarei adiante; e o pastoreio (desde logo promovido pelo foral manuelino, e hoje mais reservado para a produção de excelente carne bovina), labuta que ocupa boa parte dos actuais habitantes e que levou a que o orago da Igreja Matriz (um anterior templo românico descaracterizado com as recentes requalificações) fosse consagrado a São Mamede, santo protector do gado.

É justo dizer que, mais recentemente, Lindoso ganhou a sazonal gestão de um novo mercado, o do turismo, porque no fim de contas já estamos no Parque Nacional Peneda-Gerês. Aliás, uma das cinco portas para o Parque está por cá, estando as restantes dispersadas por outros concelhos, como Arcos de Valdevez, Terras de Bouro, Melgaço, Montalegre – as Portas do Parque são espaços informativos e de aconselhamento a quem quiser ir ao fundo das centenas de maravilhas que estas serras portuguesas e galegas têm para dar. Contudo, se formos no pico do Inverno, este lado aprazível e hospedeiro entra em hibernação, e, suspensa a restauração e a hotelaria, o que fica à vista é um dos últimos exemplos de aldeia colectiva agro-pastoril, guardadora de ritos que só altas cordilheiras conseguem tornar impermeáveis à modernidade, como acontece, por exemplo, com o Pai Velho, fenómeno particular do Entrudo de que falarei em texto próprio.

Como é que aqui se fez lugar atractivo para alguma gente é outra questão. Mas a resposta ainda cá está, e em letras garrafais: é do castelo que Lindoso se fez.

Casa típica de granito e dois pisos em Lindoso

Casa típica de dois pisos em Lindoso

Casario, espigueiro, e castelo de Lindoso

A aldeia de Lindoso e os montes da Galiza ao fundo

Rua em Lindoso com casario típico

Calçada e casario vernacular em Lindoso

Tanque comunitário alimentado pela Fonte da Tornada

Um dos ribeiros adaptados para uso humano

O Castelo de Lindoso

Pense-se no tempo em que aquilo que fixava pessoas a determinado sítio era o templo ou a fortificação. O templo, como casa de Deus, atraía aqueles que procuravam um canal de comunicação com os céus, o que, na sociedade temerária da Idade Média, se traduzia por todo e qualquer mortal. A igreja perdoava, redimia, aconselhava, ensinava. Nas centúrias da época medieval seria aquilo que mais próximo está de uma escola do nosso tempo. Mais: garantia o Paraíso celeste no post mortem, um paraíso muito distante da vida que se teve durante a existência terrestre. E o castelo, por outro lado, servia como magneto para casas, cabanas, acampamentos, feiras, armazéns, campos de cultivo, que nele viam protecção para o trabalho e para as famílias.

Este é o contexto social em que uma aldeia como Lindoso consegue nascer e crescer. Temos depois o contexto histórico.

D. Afonso III, filho de D. Afonso II enviado para França e depois recuperado pelas elites lusas para se coroar rei português, teve duas guerras maiores na sua vida. Uma a sul, com a conclusão da Reconquista assim que se incorporou no Reino de Portugal a região algarvia; outra dentro de fronteiras, na guerra civil que o opôs ao seu irmão, D. Sancho II. Saído vitorioso das batalhas contra os sarracenos e contra os apoiantes do seu irmão mais velho, quis logo depois afirmar-se como um homem de paz e de justiça – dois conceitos interdependentes que, em última análise, para Afonso III, se centralizavam na pessoa do rei.

Para isso, recorreu a uma política de povoamento (ou, em vários casos, repovoamento ) de áreas consideradas de risco para o reino. A fronteira norte, em especial a que era naturalmente criada pelo rio Minho, foi militarizada ou urbanizada de modo a dissuadir eventuais investidas de terras galegas. Viana, Caminha, Cerveira, Valença, Monção, Melgaço funcionaram como bastiões de um novo país. Para leste destes burgos fronteiriços ficavam majestosas serras de difícil transposição que seriam, pela sua própria morfologia, uma orgânica muralha às más intenções dos reinos vizinhos.

Todavia, naquele emaranhado montanhoso, havia uma brecha – uma brecha que já os romanos tinham dado conta, pois nela fizeram via. Seguindo o rio Lima desde a Galiza, vemos que ele passa entre as gargantas dessas serras nortenhas e entra em Portugal pela Portela da Madalena, uma depressão entre a Serra da Peneda e a Serra Amarela que, traduzindo por miúdos, se revelaria uma estrada da invasão para exércitos que pretendessem entrar em território português com intuitos belicistas – como chegou a acontecer nas Guerras da Restauração, quando por pouco mais de um ano, o castelo esteve nas mãos de soldados espanhóis; e como quase aconteceu na Segunda Invasão Francesa, quando o Marechal Soult, após cancelar dois planos para atravessar o rio Minho, considerou uma incursão por aqui, decidindo-se depois por cruzar a fronteira em Chaves.

 

Torre de menagem e cerca antiga do Castelo de Lindoso

A cerca velha do Castelo de Lindoso, vigiada pela torre de menagem

Paisagens minhotas vistas do Castelo de Lindoso

A nova cerca das Guerras de Restauração

Muralha e serra na aldeia de Lindoso

A mais recente muralha de Lindoso

Ponte levadiça do lado norte

A nova entrada no castelo, depois da adaptação dos séculos XVII e XVIII

Surgiu então a necessidade de criar uma terra que servisse de tampão às más surpresas vindas do norte, ao mesmo tempo que defendia a via fluvial do rio Lima, curso de bom caudal, navegável do Atlântico até às redondezas da Barca. Assim apareceu o Castelo de Lindoso, algures durante o reinado de D. Afonso III, e a partir daí a aldeia floresceu, apoiada numa ajuda mútua: a população servia o castelo, o castelo escudava a população. Porém, a dita brecha, obviamente, também funcionava ao contrário. E não por acaso, do outro lado da raia, em Lobios, havia uma fortificação simétrica, de nome Castelo de Araújo, presentemente em irreversível ruína, para estancar eventuais progressões militares portuguesas em terras de Espanha – avanços esses que chegaram a ser uma realidade no decurso das Guerras da Restauração.

Mas voltando atrás…

Se D. Afonso III esteve na sua origem (é no seu reinado que Lindoso aparece nas Inquirições de 1258 e também é seu o brasão que encima a porta de armas virada a sul), D. Dinis, filho dele, confirmou-o como vigilante dos limites de Portugal (alguns investigadores entendem que a torre de menagem foi por si acrescentada), numa altura em que a estratégia dos monarcas passava da expansão para a consolidação territorial – com o fortalecimento da coroa, com a reforma da justiça e da administração, com a elaboração de um mapa rigoroso de Portugal (dos reguengos, das Honras, dos Termos, dos concelhos). Como tal, no longo período de seis séculos que se seguiu, o Castelo de Lindoso foi entregue a várias famílias da fidalguia do Norte, até da fidalguia de berço galego, como aconteceu com os Araújos ou, mais tarde, já depois da governação dos Filipes de Espanha, da fidalguia de ascendência gaulesa, com ligações aos Bourbon. Pelo meio, a povoação recebeu o cobiçado foral durante o reinado de D. Manuel I.

Curiosamente, a transição do forte medieval (uma mistura de estilo românico e gótico do qual muito sobra, graças às recuperações executadas ao longo do século XX na primitiva muralha, no adarve, na torre de menagem ameada, nos matacães) para o forte seiscentista aconteceu por decisão espanhola, quando em 1662 o Castelo de Lindoso, conforme relatado em cima, foi tomado por forças militares do país vizinho. Daí saiu a estrutura amuralhada do lado de fora, que por necessidade acaba por se moldar à cerca interior, mas desta feita com formato estrelar e dotada de fossas e canhões e guaritas, desenhada pelo Marquês de Buscayolo, conforme ensinava a arquitectura de defesa da época, inspirada nos vitoriosos modelos de Marechal Vauban que correram a Europa. Reconquistado pelas tropas de D. João IV, a modernização de iniciativa espanhola foi posteriormente concluída, num trabalho de décadas, por forças portuguesas. Daí resultou a corrente entrada, agora virada a norte, oposta ao portal original, este orientado para o casario.

Por fim, não deixa de ser interessante notar que a teimosia em manter Lindoso livre de mãos estrangeiras teve recompensa. No século XIX formou-se uma Comissão Mista ibérica, com representantes de Portugal e de Espanha, com o objectivo de estabelecer de uma vez por todas onde começava e acabava cada um dos países nestas paragens de difícil acesso. A luta por Lindoso foi grande. Acabou por ficar do lado português. Algum misterioso interesse aqui viram que justificasse tanta discussão. Coincidência ou não, pouco mais de cem anos depois, a Barragem do Alto-Lindoso foi projectada, sendo hoje uma das que mais energia produz em território nacional.

O museu intramuros

Dentro da muralha interior do Castelo de Lindoso fez-se espaço museológico que muito impressiona na vertente arqueológica. Começa por uma sala introdutória onde se vê o forno usado para alimentar o povo e os soldados e passa depois, contornando o castelo pelo adarve e entrando na torre de menagem pelo piso superior, por um generoso número de painéis explicativos e uns quantos achados recolhidos na freguesia com cronologia que se estica até ao Neolítico, bem como por um punhado de objectos militares cedidos pelo Museu Militar do Porto.

Com efeito, na torre de menagem, actualmente com menos um piso do que no seu traço original, o roteiro começa por uma breve introdução ao castelo, completada por uma maquete que replica a fortificação medieval depois da possível reforma de D. Dinis. Pelo meio, discorre-se acerca da aldeia e da sua organização, nomeadamente no que toca à estruturação do trabalho. A rematar, um salão com várias relíquias impõe ao visitante que se detenha por uns minutos para apreciação. Destaco a ara votiva a Hércules e uma outra de cariz funerário.

Muralha e entrada para o Museu do Castelo de Lindoso

Museu do Castelo de Lindoso nos intramuros da fortificação

Forno recuperado para exposição no Castelo de Lindoso

Antigo forno de produção de pão

Os Espigueiros de Lindoso

Enfim, a ocupar praticamente o mesmo espaço que o castelo no penedo rochoso sobranceiro à aldeia, está o conjunto de espigueiros de Lindoso. É composto por um absurda conta de canastros, talvez mais do que sessenta (dependendo de como e a partir de onde os apontamos), que deixa marca em qualquer visitante. De dimensão recordista – consta que se trata do maior conjunto da Península Ibérica, e portanto estamos a incluir no concurso todas as províncias espanholas onde conseguimos observar espigueiros, como a Galiza e, com ligeiras alterações estruturais, também as Astúrias, Leão, ou o País Basco -, a maior parte deles nasceu no século XVIII ou no século XIX (uns poucos poderão ser mais antigos, outros, conforme data cravada na pedra, são de construção recente, produto do século XX).

Para se ter perspectiva sobre a coisa, os famosos Espigueiros do Soajo, a não mais de dez quilómetros daqui, não chegam a metade deste número. Saramago, por exemplo, na sua “Viagem a Portugal“, compara-os a uma cidade. Eu vou pela maioria das pessoas que se deixa surpreender por este draconiano cenário subscrevendo as descrições que lhe fazem quando o comparam a um cemitério: uma labiríntica agregação de tumbas, boa parte delas sinalizada com cruzes no topo, cuja cinzentona severidade nos remete para uma cerimónia fúnebre.

Que a quantidade não se percepcione como sinal de pouca qualidade. Os Espigueiros de Lindoso são todos de bela engenharia: largos, robustos, homogéneos, embelezados nos ângulos de sombra pelo verde do musgo.

Vieram para resolver o problema da secagem do milho, mormente o sul americano que, a partir dos idos quinhentistas, foi para cá importado como consequência das Descobertas, conhecendo particular devoção na província minhota, onde foi plantado por toda a parte, inclusive em lugares de questionável fertilidade, como é o caso de Lindoso. O milho grosso era dos poucos constituintes da roda dos alimentos da aldeia, em grande parte pela fermentação que dele faz broa. Mas não só – o milho ia além do grão, servindo a folhagem, a casca, o talo, para nutrir o gado. Num ermo destes, onde o chão dá pouco, guardar milho era guardar ouro.

Conjunto de espigueiros de Lindoso visto do castelo

Espigueiros de Lindoso vistos do castelo

Aglomerado de espigueiros na eira de Lindoso

A eira de Lindoso e os seus espigueiros

Os montes do Soajo num dia de Inverno em Lindoso

Os montes do Soajo a norte do Lima

Conjunto de espigueiros de Lindoso, o maior da península

Os mais de sessenta espigueiros na eira comunitária de Lindoso

Então se construíram estas dispensas pétreas, com fendas nas faces laterais para que o vento as atravessasse, maturando o cereal, gravitando-o acima da humidade do solo e protegendo-o das chuvas acompanhantes das colheitas – que depois se prolongavam pelo resto do Outono e por parte do Inverno, por vezes em modo neve. Ao mesmo tempo, os roedores viam-se arredados de refeição fácil, porque no topo do pilar havia um disco disposto na horizontal que assegurava a queda dos bichos por força da gravidade.

Dizem uns que o seu ajuntamento é revelador do comunitarismo de Lindoso. Outros que não é exactamente assim, já que a decisão para se colocarem todos os espigueiros numa superfície comum e quase sempre alinhados no mesmo sentido tem razões funcionais: é aqui, por estarmos num dos pontos mais elevados do vilarejo, que mais vento há, e portanto vê-se como normal que os donos de cada exemplar escolham o mesmo sítio para secarem o seu cereal. Mas, em defesa da tese comunitarista, não será também verdade que o entendimento quanto ao melhor lugar para implantar espigueiros tenha origem numa organização social de inclinação colectivista? O alinhamento estético não mostrará uma combinação de regras de construção que só seria possível com concertação? As próprias cruzes, aquelas que resistem em vários espigueiros, sobrepujadas na esquina da cobertura de duas águas, não sugerem um elemento agregador, ao expor uma crença partilhada por todos os homens e mulheres de Lindoso, um acordo que confirma os cereais aqui armazenados como sagrados, espécie de dádiva dos Deuses aos mortais?

Infelizmente, alguns destes canastros encontram-se abandonados. Não é de estranhar. As novas gerações migraram e deixaram o espigueiro da família à disposição do tempo. Ainda assim, a paisagem humana que os espigueiros e o castelo fazem é um encanto. Em cima, uma fortaleza para defender gente. Em baixo, uma fortaleza para defender alimento. E no sopé do afloramento, uma aldeia que parece confiar nos dois para continuar a sua vida.

A limpinha Igreja de São Mamede, Matriz de Lindoso

Igreja Matriz de Lindoso tem São Mamede como orago

Casas e serra na aldeia de Lindoso

Pólo urbano de Lindoso

As ameias reconstruídas na torre de menagem do Castelo de Lindoso

A torre de menagem requalificada no século XX

Face da abertura num espigueiro de Lindoso

Portinhola de abertura de um espigueiro

Par de espigueiros do magnífico conjunto do Lindoso

Par de espigueiros com cruz na eira junto ao castelo

Promoções para dormidas em Ponte da Barca

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=41.86476 ; lon=-8.19961

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