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Quem já lá esteve, sabe: uma vez em Rio de Onor basta para que nunca mais nos esqueçamos dela.

Numa altura em que o zeitgeist nos faz duvidar se o regionalismo, o último bastião contra esta moda que é a mundialização e uniformização dos gostos, está em queda abrupta, sobram-nos coisas como Rio de Onor, para nos darem algum alento e continuar a acreditar na diversidade cultural.

Estive lá por duas vezes, uma delas com direito a dormida, e desde aí que não consigo imaginar passar no Parque Natural do Montesinho sem lá pôr os pés, nem que seja pelo tempo de a fazer toda a pé, o que acontece em vinte minutos, se tanto.

Meia leonesa, meia transmontana

Para quem a desconhece por completo, que fique para já a saber o essencial. Rio de Onor é uma aldeia pequeníssima, mas grande o suficiente para ter duas nacionalidades – portuguesa e espanhola, no caso. Todavia, mais que ser parte dos dois países ibéricos, é sobretudo um microclima cultural, cuja idiossincrasia comunitária e linguística não se encontra em nenhum outro sítio. Tanto é que há bibliografia que chegue apenas sobre ela, sendo dada como um paraíso para etnógrafos com sede de conhecimento.

Situa-se em cima da fronteira que Trás-os-Montes tem, a norte, com a província leonesa. E, para os fundamentalistas da geografia e do território, esta fronteira corta-a ao meio. Tretas que quase nada valem a quem lá mora. Se oficialmente chamamos Riohonor de Castilla à parte espanhola, e Rio de Onor à parte portuguesa, mais válida é a forma como os locais as separam: a parte de cima, e a parte de baixo, tão simples quanto isto, ou seja, para irmos a Espanha, vamos lá acima, e para irmos a Portugal, vamos lá abaixo.

Antes, logo depois de Salazar e Franco mandarem, a separação da aldeia fazia-se por uma corrente que tínhamos de saltar e que importunava a passagem da carroçaria. A corrente foi retirada. No entanto, o marco fronteiriço, neste caso a placa fronteiriça, lá está, bem no centro, numa dispensável lembrança do que é que pertence a quem. Mas nem correntes nem placares esmagam uma imagem de aldeia que se aproxima, como nenhuma outra que conheça, dos arquétipos do romantismo.

Em Rio de Onor, vive-se dentro de uma ordenada comunidade, tal como acontecia na antiga aldeia de Vilarinho das Furnas, agora desaparecida. Aqui, a horta, o forno, as lavandarias públicas, o gado, tudo isso é trabalhado por cada um, mas sempre ao serviço de todos. As festividades cíclicas são uma experiência colectiva, como acontece na Festa dos Reis ou dos Rapazes, à semelhança do que se passa em Varge. O trabalho é tido com uma responsabilidade superior, porque não se trabalha só para o eu, mas para todos os conterrâneos. E a língua, uma vincada marca da povoação, que decalca a sua posição no mapa ibérico, é uma mistura de castelhano, com galego, com leonês, com mirandês, e com português – e tem um nome: chamam-lhe rionorês.

Lembra a aldeola que Uderzo e Goscinny inventaram na Gália, num reduto de resistência à globalização vinda de Roma. Mas de verdade.

Fachada da Igreja de São João Baptista, fotografada no Outono

Igreja em Rio de Onor

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Bragança – o que fazer, onde comer, onde dormir

​O concelho de Bragança tem, na sua parte setentrional, a beijar a já espanhola província leonesa, demasiados pontos de interesse para que todos sejam cumpridos em viagem apressada.

No entanto, se não houver tempo, lembramos que a aldeia de Rio de Onor, a de Varge e os seus Caretos, bem como todo o Parque Natural do Montesinho - ventre de um dos mais reconhecidos méis do país (o famoso Mel do Parque) e da apetitosa Castanha Longal - são obrigatórios. Aí, não podemos deixar de recomendar a Casa da Portela, do lado português de uma terra que se estende em dois países (falamos da supracitada Rio de Onor, claro).

Caso a ideia seja fixarmo-nos num ponto mais urbano e daí partir para as deambulações no Montesinho, o Baixa Hotel afirma-se como um dos melhores na capital de distrito.

Veja em baixo mais ofertas perto de Bragança para este fim de semana:

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=41.940244 ; lon=-6.616763

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