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Apesar de Portugal ter, nos concheiros de Muge, um dos mais importantes objectos de estudo do que era a vida de um caçador-recolector do Mesolítico, há uma vasta área a ser dissecada por arqueólogos portugueses e não só: a dos concheiros do Sado, situada imediatamente a montante de Alcácer do Sal, logo depois do rio passar pela aldeia de São Romão.

Os concheiros

Concheiros, ou sambaquis (denominação mais usada no Brasil), são estações arqueológicas. Habitualmente, representam depósitos de bivalves entretanto fossilizados: berbigão, amêijoa, ostra, mexilhão, por aí fora. Mas não só. Estes amontoados contêm também esqueletos humanos e de outros animais, armas ou objectos votivos e decorativos. São uma espécie de fonte de conhecimento antigo – apropriados para estudar como seria o quotidiano de um homem ou de uma mulher durante o Mesolítico, isto é, entre 8000 e 4500 anos antes de Cristo, no caso português.

Sabemos que esta era a altura do caçador-recolector. Por outras palavras, do Homem ainda nómada, que viajava à procura dos recursos necessários à sua sobrevivência, ainda antes da agricultura e a domesticação de animais o fazer parar e planear a vida num só sítio.

Apesar da vagabundagem que lhes era característica, alguns destes homens do Mesolítico acomodaram-se nas linhas de costa ou nas margens dos rios, zonas onde o peixe ou o marisco abundava, poupando-lhes o esforço da constante procura de caça. São os primeiros sinais de que havia uma ideia de assentamento, de controlo de provisões para o futuro, algo que, mais tarde, viria a dar origem às primeiras comunidades Neolíticas – ou, no fundo, às primeiras aldeias, estruturas sociais com divisões de trabalho e logística próprias, agregados por uma identidade (ou cultura) comum.

O repositório destes séculos de transição está nos concheiros que se encontram distribuídos pelo centro e sul (mais este último do que o primeiro) do país. Olhamos para eles e não diríamos ser capazes de falar tanto. Não são mais do que montículos de conchas que um olhar desconhecedor associa a lixo. Mais um exemplo a lembrar-nos da máxima: nem tudo é o que parece.

O caso português e o caso do Sado

Em Portugal, para lá de umas quantas estações em Rio Maior, na costa alentejana e algarvia, e nas margens do rio Mira, as concentrações mais relevantes de concheiros acontecem maioritariamente nos rios Tejo e Sado.

No Tejo, temos o exemplo maior dos concheiros de Muge, referenciados por qualquer bom académico internacional. No Sado, embora com menor protagonismo, há uma compilação de concheiros cuja importância é imensa. É lá que damos com os artefactos mais antigos, datados de 5500 antes de Cristo ou 4500 antes de Cristo).

O Vale Romeiras e o Cabeço do Pez que estão lado a lado; a Várzea da Mó, na ribeira de Algalé; a Fonte da Mina e as Poças de São Bento, a norte da Lagoa Salgada; o Cabeço das Amoreiras, a oeste da aldeia de São Romão, e a Barrada das Vieiras, um pouco mais a jusante; o Cabeço do Rebolador e os Barreirões, também lado a lado, perto do Vale Cridrão; Arapouco, já a chegar a Alcácer. Estes são apenas alguns dos exemplos do algomerado dos concheiros do Sado que nos permitem, com recurso à tecnologia moderna, ir até tão atrás no tempo.

Nas Poças de São Bento, por exemplo, foram encontrados recentemente esqueletos de uma mulher e de um cão. Ambos foram enterrados em posições que obedecem a um ritual fúnebre, o que já nos permite dizer muito em relação à forma como a morte era pensada, e até ao modo como se encarava a relação destes antepassados com os animais ditos domesticáveis. São comportamentos que não diferem muito dos nossos – podemos até afirmar que estão assustadoramente próximos de nós, 7000 anos depois.

Teremos mudado muito se subtrairmos a tecnologia da equação? Haverá, decerto, muitas respostas a esta pergunta. Mas olhando para o que os concheiros nos transmitem, a minha resposta pende para o não.

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Alcácer do Sal – o que fazer, onde comer, onde dormir

Alcácer do Sal, concelho não muito distante da urbe de Lisboa e ainda menos da de Setúbal, contraria os ventos polutos das cidades que lhe estão próximas com o límpido ar do campo que nos entra nariz adentro, sublinhado pelos voos vagarosos da cegonha-branca.

Oferece de tudo um pouco para os mais variados tipos de turismo. Se é inegável que uma certa elite prefere as paragens balneares da Comporta e da península de Tróia, há um pacote cultural à disposição no interior do município, representado por monumentos como o Castelo de Alcácer, a Capela das Onze Mil Virgens, o Santuário do Senhor dos Mártires, os concheiros, a aldeia de São Bento e os seus descendentes de escravos, ou a Lapa de São Fausto. Há também oferta de banhos para lá das praias, no exuberante Estuário do Sado que se abre a oeste de Cachopos, mas também nas duas grandes albufeiras a montante da sede de concelho: a de Vale do Gaio, a sul, e a do Pego do Altar, a norte.

Assim, é também normal que o cardápio da hotelaria reflicta a diversidade turística que Alcácer do Sal recebe. Para quem procura luxo, e não sendo o dinheiro um problema, as sugestões passam pelo Vale do Gaio Hotel, e pelo Sublime Comporta. Mas há alternativas, sem prejuízo da qualidade: o Spatia Comporta, por exemplo, com restaurante e bar incluído.

Para aconchegar o estômago, são elementares o restaurante A Escola, numa benéfica combinação de mar e alentejo, e o restaurante Dona Bia, uma referência da Comporta.

Mais ofertas para ficar no concelho de Alcácer do Sal em baixo:

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=38.25214 ; lon=-8.44113

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