Capela das Onze Mil Virgens
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Tal como acontece com o seu conterrâneo Santuário do Senhor dos Mártires, ninguém diria, olhando para o Convento de Santo António, em Alcácer do Sal, que lá se esconde um pequeno espaço sagrado chamado Capela das Onze Mil Virgens, e que é, nem mais, nem menos, do que uma das obras maiores da Renascença portuguesa, inicialmente feito para sepultar o diplomata D. Pedro de Mascarenhas, na altura vice-rei da Índia lusitana.
Vícios de gente que queria e podia mas que nós hoje agradecemos, mais não seja pelo bom gosto. Uma obra de mármore, do mesmo tipo de mármore rosado que podemos encontrar na zona alta de Estremoz, já Alto Alentejo, em que a pureza das formas e uma preocupação perseverante com a geometria lembram aquela que viríamos a apelidar de arquitectura chã.
Mármore simbólico
Do lado de fora já damos por ela, numa saliência cúbica que se evidencia do Convento, ao lado de duas arcadas. Mas essa é apenas a sacristia, já que a capela se estende para lá dela. Na verdade ela corre em paralelo com a igreja propriamente dita, e é esse o caminho que fazemos pela nave rectangular até nos pormos debaixo daquela cúpula de luz que antecede o pequeno espaço da capela-mor.
É aqui que a simbologia tem mais peso. Em baixo, na zona do jazigo, o quadrado; em cima, a cúpula, translúcida e semi-esférica. Esta quadratura do círculo tem significado por trás, numa representação de duas dimensões que a religião gosta de sublinhar: a terra (figurada no quadrado, em baixo, símbolo do mundo visível ou material) e o céu (no círculo da cúpula, em cima, símbolo do mundo ininteligível).
Um passo à frente, na capela-mor, guardam-se as relíquias que a vida diplomática de D. Pedro de Mascarenhas lhe deu, correndo a palavra de que entre elas está um pelo da barba de Jesus Cristo e uma das 30 moedas com que Judas traiu Jesus. Outra das relíquias, segundo se diz, e de uma forma um pouco mais mórbida, é a cabeça de Santa Responsa, uma das tais onze mil virgens martirizadas em conjunto com Santa Úrsula por um exército pagão, em Colónia, numa lenda de fundamento católico e com óbvia intenção de demonização da causa pagã ou, dependendo do contexto histórico e da geografia em que a tradução foi feita, de demonização dos muçulmanos.
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=38.373866 ; lon=-8.510176