Castelo de Serpa

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Virá do Castelo de Serpa o ditado Serpa, terra forte. É, de facto, o forte que domina toda a terra. Primeiro com a cerca, muro protector de quem lá dentro vivia. Segundo com a alcáçova, imperial, a coroar um outeiro.
História
Falar dos castelos que Serpa teve é passar uma vista de olhos por todo o historial da cidade, começando em tempos pré-romanos e aterrando no minuto em que se escrevem estas linhas. Porque dificilmente, desde que temos civilização, houve em Serpa algum momento sem qualquer fortificação.
O que agora vemos é, em grande parte, uma requalificação daquele que D. Dinis, rei de boa memória, aqui quis montar. Mas terá havido outros, de várias inspirações. Eventualmente começou como um castro, depois romanizado. Tribos orientais (Alanos) e germânicas (Vândalos, Suevos, Visigodos), quando o império de Roma finou, terão aqui fixado outro forte, embora pouco se saiba disso – como, de resto, poucos são os vestígios deste período em quase todo o país. O que sabemos com certeza é da existência de um castelo mouro, várias vezes conquistado e perdido e de novo conquistado pelas tropas cristãs.
Depois da definitiva conquista dos exércitos de Cristo houve escaramuça no que toca a disputa de terras a sul. D. Afonso III, quinto rei português, ganha aos sarracenos a cidade de Serpa e anexa todo o Algarve. Afonso X, rei de Castela e Leão, entende que esses domínios (ou seja, o extremo sul e a margem esquerda do Guadiana) lhe pertencem. A coroa lusa discorda. No entanto, Afonso X acaba por entregar as terras impugnadas à sua filha Beatriz, viúva de D. Afonso III – D. Dinis, filho varão do casal, herda assim o território que é somado ao reino português.
Terá sido nos anos do reinado de D. Dinis que o Castelo de Serpa actual ganha forma, aproveitando-se as linhas defensivas já construídas aquando da permanência árabe.
Dada a sua posição, corajosamente posicionado em terrenos além-Guadiana, e por isso sempre muito cobiçada por Castela e, mais tarde, por Espanha, Serpa esteve sempre no olho do furacão assim que brotavam guerras entre Portugal e o seu poderoso vizinho. Assim foi depois de D. Fernando ter deixado apenas uma filha na sua descendência, casando-a com o rei de Castela, e abrindo uma crise dinástica que só viria a ser resolvida com a célebre Batalha de Aljubarrota. Assim foi na segunda crise dinástica, esta que terminou com a união do reino português ao espanhol em 1580, e na consequente Guerra da Restauração que teve início em 1640 e decorreu por quase trinta anos. Assim foi na Guerra da Sucessão de Espanha, confronto no qual estivemos envolvidos política e militarmente, sendo por essa altura que se deu a famosa explosão de pólvora, quando o duque de Ossuna se viu obrigado a abandonar o castelo mas não sem antes desfazer-se rancorosamente de uma das suas torres. Assim foi, até, nas Invasões Francesas e na Guerra das Laranjas.
Apesar disso, Serpa nunca se chegou atrás na hora de mostrar lealdade ao monarca português, mesmo que isso a pusesse em risco. Terra forte, verdadeiramente.

A famosa ruína do Castelo de Serpa
Características
A fortaleza de Serpa, como muitas que têm como base as defensivas islâmicas na península, conta com dupla linha de muralhas – uma primeira, larga, a que normalmente atribuímos o nome de cerca, que inclui toda a antiga povoação, e uma segunda, interior, que não é mais do que o perímetro do castelo.
Começando pelo castelo propriamente dito, isto é, pela alcáçova que se encontra dentro da cerca, este situa-se na aresta norte da fortificação, e tem planta toscamente quadrangular. Engloba a torre de menagem e a Igreja Matriz de Serpa, também conhecida por Igreja de Santa Maria, tendo a Torre do Relógio como vizinha.
Já a cerca, que delimita o primeiro bairro da cidade e que, no fundo, inclui todo o espaço intramuros, conta com uma planta também quadrangular, falando de grosso modo. Continha cinco portas (três delas originais, duas concluídas mais tarde) – actualmente, subsistem a de Beja, a oeste, sendo a mais imponente das entradas, lateralizada por dois torreões semi-circulares; a de Moura, no lado oposto; e a Porta Nova, a norte. A Porta da Corredoura desapareceu e da Porta de Sevilha só sobra o nome de uma rua.
É também na cerca que está embutido o Palácio dos Condes de Ficalho e o aqueduto que fornecia a casa senhorial de água. Fica no pano de muralha do lado ocidental.
Um pormenor curioso e que já se tornou imagem de marca da cidade é a ruína que resultou da explosão atrás mencionada, perpetrada pelo duque de Ossuna, e fazendo implodir a torre que, numa acrobacia milagrosa, arranjou maneira de não ir completamente ao chão. Pode ser vista junto ao castelo. Uma bela cicatriz, numa metáfora perfeita a uma terra que não verga.
O Castelo de Serpa tornou-se monumento nacional em 1954 e foi alvo de várias requalificações recentes. Com recorrência recebe eventos municipais e culturais, com destaque para o Noites de Rua Cheia, cujo programa é distribuído por várias terras concelho.
Serpa – o que fazer, onde comer, onde dormir
Serpa, terra quente e fundada por uma lendária serpente alada, guarda uma das melhores gastronomias do Alentejo - passando à frente do Queijo de Serpa, que esse é tão bom que se torna óbvio demais, temos os magníficos azeites, os requeijões e queijadas, o pão e os seus ensopados, as carnes de caça, e o vinho, claro, sobretudo o tinto. Aproveite-se a Feira do Queijo do Alentejo, em Serpa, e a Feira do Enchido e do Presunto, em Vila Nova de São Bento, para experimentar tudo isto.
Mantendo-nos no tópico gastronómico, recomenda-se uma ida (ou mais) ao restaurante O Alentejano (o ensopado de borrego ou as sopas de cação com coentros são muito boas), à adega Molha o Bico (várias especialidades orientadas para o trato do borrego), à cervejaria Lebrinha (um ícone para moradores e visitantes), ou ao restaurante Pedra de Sal (a comida é menos alentejana do que nos prévios, mas nem por isso pior).
Na cidade, os sítios de visita axiomática são o Castelo, e é quase impossível não o ver estando lá, a Torre do Relógio, o Palácio dos Condes de Ficalho, e o Museu do Relógio, entretanto agora com um irmão mais novo instalado na cidade de Évora.
É também por estes lados que o Cante Alentejano mais se faz ouvir nas tabernas - e aqui temos de realçar a taberna do Xico Engrola, onde se dirigem os homens dos grupos de coral para improvisarem canções alimentadas pelo copito de tintol.
No que toca a natureza, a Serra de Serpa e a sua curiosa história de divisão de território, num longínquo conflito entre a facção comunal e a facção privada, vale a pena. Mas estamos perto do Guadiana, e por isso vivê-lo, seja lá de que forma for, é fundamental, mesmo numa visita curta - há canoagem a acompanhar o sentido da corrente em direcção ao concelho de Mértola, há festividades como a que acontece em Junho na povoação de Brinches, há percursos que picam os antigos moinhos movidos a águas fluviais.
Para dormir, é favor passar a noite na beleza singela da Casa do Xão, um sítio que sublinha o conceito de tempo lento, tão vincado no Baixo Alentejo. O Monte da Morena, uma velha casa agrícola recuperada com piscina e largo terraço para pequenos-almoços.
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Mapa
Coordenadas de GPS: lat=37.94448 ; lon=-7.59763