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É certo e garantido que toponímias começadas por al metem lendas de mouros ao barulho. E quando existem torres sinuosas em pleno destaque na paisagem, essas mesmas lendas irão, com certeza, ter como personagem principal uma princesa ou dama.

Almofala não é excepção, possuindo portanto uma lenda que se aproxima de estórias como a Torre dos Namorados, no Fundão, ou a Torre da Princesa, em Bragança. Mas a narrativa mais próxima será mesmo a Lenda de Salúquia, de Moura, no Baixo Alentejo, a quase 500 kms de distância.

A principal diferença está no desfecho, menos negro. Mas vamos à lenda.

A lenda do Cavalo Alado

Em tempos remotos, de lutas entres cristãos e muçulmanos, vivia em Almofala um fidalgo poderoso, instalado numa torre altíssima, símbolo do seu poderio. Mas, apesar de tão forte, a torre não impediu o destino de lhe dar uma morte inglória.

Certo dia, aventurando-se em plena caçada pelas arribas escarpadas do rio Águeda, foi surpreendido por um grupo de mouros que por ali rondavam. Morto o fidalgo sem apelo, foge um dos serviçais a galope para a Torre. Aí chegando, avisa a viúva que ainda não o sabia ser, da emboscada. A mulher, correndo à janela, viu o grupo de sarracenos a vir na sua direcção, prontos para a rapina e pilhagem.

Desesperada, atirou-se das alturas, implorando a Santa Maria de Aguiar que a perdoasse e a levasse para o paraíso. Logo surgiu um cavalo alado, autêntico Pegasus, que a apanhou no dorso e a levou para lugar seguro. Os sarracenos em vendo o poder de Maria, logo se embasbacaram e duvidaram de Maomé, ocorrendo então o segundo milagre. Tornaram-se os malfeitores em devotos cristãos e fiéis frades, apoiados pela senhora fidalga que pretendiam vilipendiar, tendo a viúva doado todos os seus bens à Santa.

Irmã de Centum Cellas?

Se não for em construção, será certamente em mistério.

Os próprios nomes pelos quais é chamada destapam a história escondida das suas pedras. O povo conhece-a por Casarão da Torre, Torre dos Frades ou ainda por Torre das Águias, nome revelador da sua antiguidade, pois virá de Turris Aquilaris.

De facto, os vestígios arqueológicos encontrados, apontam para a existência da Civitas Cobelcorum, identificada pela inscrição numa ara dedicada ao deus Júpiter Óptimo Máximo, e actualmente exposta nas escadarias dos Paços do Concelho de Figueira Castelo Rodrigo.

A Cidade dos Cobelcos, um povo do qual não se sabia sequer a existência, obriga a repensar a presença romana na zona. Quem seriam estas pessoas que ocuparam uma área aproximada de 60.000m2, com autonomia administrativa, religiosa e fiscal?

Não fosse a torre e provavelmente, nunca se teria o mistério aprofundado.

Do século I d.C., e orientada a nascente, seria um templo romano. À sua volta, foram descobertos restos de mármore esculpido em vestes e numa mão esquerda feminina segurando uma caixa de grãos de incenso, que corresponderiam a uma estátua com aproximadamente três metros de altura.

A metamorfose das convulsões do tempo disfarçou o santuário numa atalaia medieval, que poderia ser até uma torre de menagem de uma fortaleza. Com os seus nove metros de altura, integrava certamente no sistema defensivo leonês de Figueira de Castelo Rodrigo.
Dúvidas e mais dúvidas. Mas onde estas não restam é nos seus métodos de construção em alvenaria. Sobre o podium, ergueu-se o muro de xisto com silhares graníticos.

A atalaia foi doada em 1165, pelo rei leonês Fernando II, aos monges de Santa Maria de Aguiar, corroborando de certa forma um dos seus nomes populares e parte da lenda.

Na descoberta de todas estas pistas, convém salientar dois dos seus principais intervenientes, nomeadamente, o general João de Almeida, historiador local, e Helena Frade, arqueóloga e descobridora da ara que lançou o enigma dos Cobelcos e que estudou também intensivamente Centum Cellas em Belmonte.

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Albufeira de Santa Maria de Aguiar e Almofala

Mesmo junto à torre, está a ribeira que dá o nome à Senhora da lenda, retida por uma barragem e reconhecida por ser um ex-líbris do birdwatching, senão mesmo o melhor local para observar aves aquáticas em Riba Côa.

Os destaques vão para o abundante mergulhão-de-crista, o corvo-marinho-de-faces-brancas e a garça-real. Nos caniços abundam os rouxinóis e nos céus o inconfundível grifo. Nas redondezas, vale a pena espreitar a aldeia que dá o nome a zona. Simples e agrícola, esconde mais estórias de guerras e guerrilhas, não fosse o próprio nome significar acampamento (Almohala surge mencionada em documentos de 1217). Os poucos vestígios da sua antiguidade poderão dever-se à razia espanhola de 1642, que provocou uma verdadeira hecatombe na zona.

A partir da aldeia, segue um percurso pedestre até ao famoso castro de Santo André das Arribas, onde mais pistas dos Cobelcos poderão estar enterradas.

Figueira de Castelo Rodrigo – o que fazer, onde comer, onde dormir

É simples: a primeira coisa a fazer no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo é visitar a povoação-fortaleza que é Castelo Rodrigo, um baluarte fronteiriço que só encontra paralelo em Elvas ou Valença.

Fazendo o check no elementar, podemos ir aos restantes pontos de interesse, que são tantos: a Serra da Maroca e o seu Cristo-Rei a abençoar o vale, o rio Douro já domado que passa por Barca d'Alva, as Arribas de Santo André coladas a Espanha, a Torre das Águias ou de Almofala de carácter lendário. Indo no pico do Verão, em Agosto, aproveite-se para visitar a sede de concelho no Dia dos Idades.

As melhores refeições fazem-se na Cerca, com cozinha tradicional, e no Saborearia, espaço de muito bom gosto com dias de música ao vivo. Para dormir, o histórico Convento d'Aguiar, transformado em hospedaria, e cuja fundação deve ter cerca de mil anos, e a Casa da Amendoeira, dentro da aldeia histórica de Castelo Rodrigo, são de excelente serviço.

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=40.86975; lon=-6.88253

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