Praia do Submarino
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Antes de tudo, desnublemos o leitor de eventuais equívocos. A Praia do Submarino, no concelho de Portimão, é muitas vezes confundida com a Praia da Morena, no concelho de Lagoa. Duas razões justificam o engano – a relativa proximidade entre uma e outra, e o facto de ambas contarem com um leixão de peculiar forma, que sem esforço associamos à de um submarino.
Esta de que aqui se fala é a primeira das sobreditas, a que está a meia distância de Portimão e de Alvor.
Tão escondida quanto um submarino
Já se sabe que a afluência a uma praia varia na proporção inversa à facilidade de acesso à mesma. Não espanta, por isso, que a Praia da Rocha, a Praia dos Três Castelos, a Praia do Vau, ou a Praia de Alvor, estejam à pinha entre Junho e Setembro, sendo enseadas onde a ida de carro, de mota, de bicicleta, ou à pata, calha bem. Do mesmo modo, também não espanta que as baías desabadas das falésias, mais desobstruídas por mar do que por terra, andem semi vazias, até no pico do Verão.
Ora, a Praia do Submarino apresenta-se como um desses areais que não é para toda a gente, um pouco à semelhança da vizinha Praia João de Arens, mas ainda menos óbvia. A primeira etapa não assusta: é caminhar até ao pontão João de Arens tendo a Casa da Guarda à nossa direita; chegamos então ao Algar das Baratas, protegido por uma cerca de madeira, e voltamos para poente quase no fim do penhasco. Há um caminho em terra batida, de onde já se avista o tal submarino pétreo a boiar no Atlântico, que beija o limite da arriba e nos guia até à parte sofrível. E o problema, para muitos, começa aqui.
As escadas são espaçadas. As ladeiras escorregadias. E nas transições de umas para as outras há um fogo solar que não nos larga. Para moralizar, levamos connosco a certeza de que o processo se repetirá no regresso, e com a agravante de ser a subir.
Quando parece que termina, a uns cinco metros acima do nível da água, a incompleta ponte férrea lá aparece só para gozar com a nossa cara. Se calhar incompleta, não é qualificação acertada, porque ela já esteve completa, um dia. Mas descompletou-se, perdoem-me o neologismo. Uma grelha do tabuleiro foi à vida, e deixa-nos a pensar que não deve faltar muito para outras seguirem igual destino. Pode ser que o caro leitor tenha a sorte de já ver a travessia corrigida – oxalá que sim. Lá chega enfim a areia, mas nem aí temos sossego.
O sítio onde aterramos não é exactamente uma praia, antes uma antecâmara, ou um hall de entrada para as enseadas que ficam a este e a oeste. E salta mais um revés para a desgastante jornada – se por acaso entrámos nesta digressão sem olhar para a tabela de marés, não há praia para ninguém! Os túneis abertos nas arribas não são portas para nada mais além de mar. Só a maré baixa nos convida a pisar os areais paradisíacos que nos gabaram em guias online. Um deles, a nascente, está carregado de rochas, o que dificulta o mergulho. A poente contamos com duas belas enseadas de águas menos punitivas: primeiro a dos grifos, seguido da do submarino, por ser de lá que melhor avistamos o submergível.
De notar que, tal como a Praia João de Arens, também aqui há uma inclinação para o nudismo. Se isso não for problema, é aproveitar. Antes que preia-mar nos vede o retorno.
Portimão – o que fazer, onde comer, onde dormir
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=37.11639 ; lon=-8.57174