Praia do Almograve
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Começando em Vila Nova de Milfontes e dirigindo-nos para sul pela costa, apercebemo-nos que, muito ao de leve, a marginal vai inclinando para ocidente. O ponto máximo aparece-nos numa violenta arriba – o Cabo Sardão. Mas pelo caminho há uma boa dúzia de praias a valer o descanso. Uma delas, a que dispõe de melhores acessos, é a extensa Praia do Almograve.
Uma praia partida em dois
A rocha é uma constante, onde quer que entremos. A rocha camuflada pelo mar, que expõe a todos apenas a sua crista superior, como se de gigantes barbatanas se tratassem. A rocha sobressaída das falésias que delimita a praia na Ponta dos Azulejos, a norte, e na Ponta da Ilha, a sul. A rocha esburacada que dá asilo ao pombo das rochas, ao peneireiro, à cegonha-branca. E a rocha que quebra o areal em dois trechos de areia quase independentes – em maré cheia, pode até tornar ambos os lados incomunicáveis -, à qual o povo deu o nome de Rocha Furada, provavelmente por toda a pancada que já levou do Atlântico.
E quem lá chega, apercebe-se dessa dualidade imediato. Entrando pela ponta sul ou pela ponta norte, uma longa parede, rematada por um gigante penedo achatado, separa o extenso areal em dois. Curiosamente, não é apenas aquele biombo natural a discriminar o lado meridional e setentrional do espaço. Também a bancada que existe nas costas muda – a sul as arribas à espreita proporcionam belos miradouros, sabendo nós lá ir ter; a norte há amontoados de dunas barrentas povoadas de chorões e estornos, de mais fácil acesso para quem quer ter uma perspectiva geral do conjunto.
A desconformidade é tal que, apesar de termos Praia do Almograve como o nome que une os dois lados, as gentes dali arranjaram maneira de distinguir uma e outra parte: o pedaço setentrional, de maior largura e mais chegado à povoação do Almograve, intitulou-se Praia Grande; o meridional, um pouco mais estreito, passou a ser chamado Meia Praia.
O que é comum a ambas as fracções é a planura do seu chão, o que traz como consequência uma abrupta diferença entre as marés. O mar tanto galga metros à terra, como em poucas horas é sugado de volta à base. Com efeito, se formos no pico da maré cheia e depois lá tornarmos no pico da maré vazia, julgamos estar a falar de sítios distintos.
Um destino balnear perfeito
Os antigos Guias de Portugal da Gulbenkian, escritos por algumas das melhores penas do país, guardam apenas uma linha para a Praia do Almograve, e não é propriamente lisonjeira, reduzindo-a à condição de insignificante.
O que é que estes escritores, habituados a encontrar beleza em quase tudo, não viram nesta fatia costeira que tanta gente hoje vê? A resposta é fácil: não viram a praia enquanto destino, ou antes, a praia enquanto fim para um dia feliz. Em 1927, quando essas palavras foram escritas, não existia o conceito moderno de turismo balnear – a praia era um hábito de gente rica, não de massas, e muito menos em locais inóspitos como o litoral alentejano.
Agora que qualquer nesga de sol é desculpa para meter o pé na tábua e seguir até à primeira língua de areia que se vir, a apreciação do Almograve mudou. Almograve, enquanto povoação, situa-se a meio quilómetro da praia com o mesmo nome. Acompanha esta com serviços de hotelaria e restauração que começam a ser procurados a partir de Maio. Não sofre das enchentes de veraneantes de que algumas terras vizinhas padecem. E apresenta duas ofertas preciosas a quem se lembrar de lá passar umas noites: a Praia do Almograve, com a garantia da Bandeira Azul, com nadador-salvador e com bar, suportada por um bom parque de estacionamento; e a Praia de Nossa Senhora, imediatamente a norte, praticamente deserta por não ser vigiada.
A Praia de Nossa Senhora não é o objecto do presente texto e, por isso, falaremos dela, eventualmente, noutra altura. Mas a Praia do Almograve, sua vizinha do lado, apresenta características que a tornam fácil, sobretudo se se tiver o cuidado de olhar para a tabela de marés e se apontar a ida às horas da baixa-mar. Aí, quando o mar recua e o doirado da pedra moída toma o seu lugar, Almograve transforma-se num espaço de família. As rochas que ficam a descoberto guardam em pequenas cavidades alguma da água salgada que antes as tapou – nascem mini piscinas, livres de correntes, livres de ondas, e aquecidas pelo sol. A criançada adora. Os pais também, pela despreocupação.
Odemira – o que fazer, onde comer, onde dormir
De Odemira ficam sempre as praias, em continuação, ao longo da Costa Vicentina. Não há uma que não se recomende. Da Praia do Malhão, ainda a norte de Vila Nova de Milfontes, à Zambujeira do Mar, já a sul do Cabo Sardão, um rolo de areais escondidos por arribas vai-se revelando aos mais aventurosos. A Praia do Brejo Largo, a Praia do Almograve, a Praia do Cavaleiro, entre dezenas de outras, são de visita obrigatória. Para dentro não nos podemos esquecer da praia fluvial de Santa Clara-a-Velha, na barragem com o mesmo nome, e do Pego das Pias, um dos segredos do concelho.
O descanso pode ser feito em várias casas e quintas que por ali se espalham. Salienta-se a sustentabilidade da Figueirinha Ecoturismo, a Quinta do Chocalhinho junto à sede de concelho, e a Herdade do Touril em pleno Parque da Costa Vicentina.
Se a intenção for conhecer o interior do município, recomenda-se a casa Sernadinha.
Mais oferta para dormidas em Odemira podem ser vistas em baixo:
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=37.65265; lon=-8.80222