Desfile de Rebanhos de Silvares

by | 15 Jun, 2018 | Beira Alta, Festas, Junho, Províncias, Tradições

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O Desfile de Rebanhos que acontece no mês de Junho, em Silvares, localidade do concelho de Santa Comba Dão, a propósito das comemorações de Santo António.

Um milenar hábito que tem por fim dar robustez ao gado é feito em Silvares, concelho de Santa Comba Dão

O Santo António de Silvares

As festas ao Santo António, na pequena aldeia de Silvares, na Beira Alta, terminam sempre no Domingo imediatamente a seguir ao dia dedicado ao bem aventurado (13 de Junho). É essa a data do Desfile de Rebanhos, normalmente depois dos eventos de carácter litúrgico (a procissão e a missa), por volta das cinco da tarde.

O certame acontece quando vários pastores – esses homens que são cada vez menos neste país, mas que ainda gozam de alguma fama nas cordilheiras beirãs – encaminham os seus rebanhos para a ermida da terra, a Capela de Santo António. O gado chega a entrar na pequena igreja e deve depois circular em redor do templo três vezes – é este o caminho para que Deus (ou os Deuses, porque há muito de pagão aqui) abençoe os animais. É costume, também, os animais serem ornamentados com chocalhos e outros acessórios de várias cores numa alusão à estação colorida: a Primavera.

Depois das voltas, os pastores direccionam os rebanhos de volta aos pastos com a ajuda de aboios e cajados, agora já beatificados.

Significado da Bênção do Gado

Se é verdade que abençoar o gado é um costume em declínio em Portugal, não é menos dizer que ainda conseguimos ver experiências destas em vários pontos do país, com maior frequência nas regiões de montanha por razões óbvias, e usualmente nos meses de Primavera ou de Verão.

Já falámos, por exemplo, da Cabeça Relicário de São Fabião, uma estranha relíquia que pastores da zona dizem ser um amuleto protector dos seus animais. Mas há muitos exemplos mais a dar – Riachos, povoação entre a Golegã e Torres Novas, faz a sua Bênção do Gado de quatro em quatro anos, no fim do mês de Julho; o concelho de Sousel, mais concretamente a aldeia de Santo Amaro, santifica os seus rebanhos em Maio; isto para lembrar apenas um par deles.

Tal como acontece com os pescadores ou os caçadores, também os pastores têm os seus Deuses, e também a eles rezam de diversas formas além da que cá está instaurada (no nosso catolicismo, que é bem peculiar). As três voltas à igreja têm a curiosidade de dar expressão a um dos números divinos por excelência: o três (além do sete, que neste país está conotado com milhentas superstições, más e boas). São gestos que se traduzem num clamor que os pastores fazem aos vaivéns da terra, clamando por solos férteis que sustentem as suas gadarias nos meses mortos e por tempos fáceis que patrocinem a sua saúde quando as pestes chegam.

Não deixa de ser relevante que, em Silvares, se mescle a sacralização do gado com as festas de tributo a Santo António, o homem de Pádua que, neste canto, se confunde com as odes à abundância, mormente no sul do país – sendo o Santo António de Lisboa paradigmático no que a isso diz respeito.

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Santa Comba Dão – o que fazer, onde comer, onde dormir

Santa Comba Dão ainda é conhecida enquanto concelho que deu berço a Salazar, um véu de história que oculta uma das mais bonitas cidades beirãs, afunilada entre o rio Dão e o ribeiro do Couto, e casa de uma das histórias mais trágicas do lendário português.

Dedique-se a visita à passagem pelos lindos solares da terra, ao saborear das broinhas de Santa Comba, e a um passeio pelos meandros de Aldrógãos e a sua ribeira das Hortas. O arroz de lampreia (na época em que é feito) e a chanfana têm por estes lados um cunho especial, e devem ser acompanhadas, claro, pelo eternamente subestimado vinho do Dão - já que estamos no assunto, é favor ir ao restaurante Cova Funda que não se dá o tempo como perdido.

Para quem gosta de pedalar, é obrigatória a viagem que a Ecopista do Dão proporciona, de Santa Comba Dão a Viseu, ou vice-versa. Também no concelho acontece a festa da bênção do gado de Silvares, a não perder para quem estiver na zona no mês de Junho.

Para dormir e repousar próximo da cidade, as melhores escolhas são a Quinta de Santa Maria do Dão, uma bela casa com vista para o rio, e a Quinta Lusitânia, a norte da cidade.

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Mapa

Coordenadas de GPS: lat=40.40239; lon=-8.08618

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