Castanha Longal
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Habituados que estamos aos carrinhos de assadores que se vão espalhando pelas áreas urbanas de Portugal, esquecemos que há uma castanha que é a prata da casa e que raramente aparece nos cardápios: a Castanha Longal.
Se a ideia é surpreender lá em casa, vá-se sempre, mas sempre, pela Castanha Longal, um presente transmontano para todo o país.
Longal, uma castanha transmontana
Se exceptuarmos uns focos na Beira Alta ou Beira Baixa e a peculiar Serra de Marvão no Alto Alentejo, todo o bom souto, estável e prolífico, vem de Trás-os-Montes.
É de lá que surgem os vários tipos de castanhas protegidos sob o selo DOP (Denominação de Origem Protegida) e é por essa província misteriosa que este fruto (que sendo rigoroso é uma semente) é tratado com a exigência que merece.
As variedades assumem diversos nomes: Boaventura, Martaínha, Amarelal… e no entanto são sempre duas que ganham destaque, por razões bem distintas: de um lado, a Castanha Judia, do outro, a Castanha Longal.
A Castanha Judia é aquela que, mais provavelmente, é exposta nas montras das mercearias e mercados portuenses e lisboetas e de outras urbes do país. É também a que os assadores de castanhas chocalham e servem em cones de papel de jornal (entretanto substituídos por pequenos sacos de papel sem tinta). No entanto, como se fosse um segredo, há uns poucos que sabem da outra, a Castanha Longal, mais pequena e avermelhada do que a primeira, mas com duas vantagens marcantes – o sabor, apurado e ligeiramente adocicado, e a casca, muito fácil de se retirar.
A Longal faz-se valer do seu tamanho para manter o seu relativo anonimato: regra geral, na avaliação leiga de uma castanha, os consumidores olham para a dimensão, entrando na lógica tantas vezes injusta de pensar que maior é melhor. No caso, e dando uma opinião obviamente pessoal mas de longo apreciador de uma boa dúzia de castanhas assadas ou cozidas ou cruas, o tamanho não é proporcional à qualidade.
A Longal é também a última a amadurecer, sendo colhida apenas no mês de Novembro, que é, tradicionalmente, visto como o mês dos magustos.
É uma pena que, por falta de informação, o público fique quase irremediavelmente afastado da mais saborosa das castanhas nortenhas, que deveria ser sempre a personagem principal de qualquer fogueira levantada no Dia de São Martinho, acompanhada pela suavidade doce de uma boa Jeropiga ou do vinho novo improvisado em água-pé, também transmontanos, claro está.