Capa de Honras
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Também conhecida por Capa Mirandesa, ou Capa de Honras Mirandesa se quisermos ser exaustivos, é o mais pesado traje português e ao mesmo tempo um dos mais belos. Ninguém é alheio à sua severidade, e até mesmo o Papa Francisco, ao vesti-lo, não resistiu em elogiar a força dos portugueses (ou dos mirandeses em particular) por conseguirem aguentar com tanto quilo em cima dos ombros.
A sua produção está actualmente ameaçada dada a falta de vontade em pegar no legado da sua confecção.
Origem
Não é bem consensual qual a origem da Capa de Honras. Sabemos que nos dias que correm ela é usada por gente de algumas posses porque é necessária uma certa capacidade financeira para a comprar (um exemplar novo conta com preços acima dos 500 euros, podendo chegar aos 1000 euros conforme a complexidade da composição), e que esse uso remonta ao século XVI, pelo menos. Mas terá tal capote sido usado apenas por uma espécie de pequena elite mirandesa?
Artesãos dizem que não, que nem sempre foi assim, já que a Capa de Honras foi antes usada enquanto capa pastoril por pastores de parcos rendimentos, embora sem a formalidade e a riqueza estilística que actualmente a caracterizam. Assim, um traje muito parecido era vestido por esses guiadores de rebanhos nas zonas dos actuais concelhos de Miranda do Douro e de Mogadouro (e também na vizinha Zamora, já espanhola), servindo-se da lã de que dispunham e transformando-a em burel – seriam as suas mulheres a cortar a peça até à sua versão final.
É possível, contudo, que houvesse dois tipos de capotes a coexistir na idade média: um mais simples e funcional, usado por pastores para se protegerem do gélido frio transmontano, podendo até ser utilizado como colchão nos dias mais quentes; outro mais ornamentado, cumprindo uma função cerimonial, vestido pelos Senhores, isto é, pelos homens mais ricos do nordeste português.
Estátua na zona histórica de Miranda do Douro
A peça
A Capa de Honras demora dois meses a ser produzida. É trabalhada em burel – um composto de lã, normalmente preta – sendo dividida em três peças principais: a capa, a sobrecapa e o capuz. A primeira toma praticamente todo o nosso corpo, com excepção da cabeça – é a parte sóbria do traje, recusando grandes motivos decorativos (por vezes eles existem na parte traseira junto aos pés). A sobrecapa, como o nome indica, sobrepõe-se à capa, e cobre a zona entre os ombros, o peito e parte dos braços, terminando em franja – goza de algum adorno, habitualmente na zona dos ombros, sendo toda ela bordada. Já o capuz é também ele bordado com pontos sobrepostos, completado com uma faixa que cai sobre as costas à qual se dá o nome de Honras, de onde deriva o nome da capa – o capuz é a peça da vaidade, conferindo a cada traje uma personalidade própria.
No entanto, é o todo que conta. Quando vestido, é impossível ignorar a nobreza e austeridade do traje, componentes que são, paralelamente, parte do sentir transmontano. A tonalidade, que varia entre duas cores escuras – o castanho e o preto -, acentua-lhe esse carácter lúgubre, de quem está quase recolhido a si mesmo.
Será por isso que o seu uso, na actualidade, se remete a circunstâncias muito especiais, como em eventos solenes de grande exigência formal (os autarcas costumam usá-la na recepção de convidados, por exemplo), em dias festivos ligados aos ciclos, em festas religiosas como a Páscoa, ou em festivais regionais como é o caso do dia de Exaltação da Capa de Honras que acontece em Março na Sé de Miranda do Douro (a tal do Jesus da Cartolinha).
Miranda do Douro – o que fazer, onde comer, onde dormir
Miranda do Douro e o seu planalto são, a par com algumas manchas do Algarve, das zonas mais diferenciadas do país. A sua cultura, partilhada em parte com a asturo-leonesa, distingue-se de praticamente tudo o que vemos no resto do país, começando, logo à cabeça, pela Língua Mirandesa, ainda usada como forma de comunicação em algumas aldeias do concelho. Mas há muito mais: os burros, as capas de honras, as gaitas e as flautas, os pauliteiros, as postas, as alboradas, os festivais... tudo isso é merecedor de ser admirado com tempo.
E é assim, sem olhar para o relógio, que se recomendam sítios como o Puial de l Douro com vinha própria e vista para a Sé (aproveite-se também para visitar o Menino da Cartolinha), a Casa de l Cura que conta com extras como salão de jogos e piscina, a lareira comum das Casas Campo Cimo da Quinta, ou o enorme bom gosto da Casa de Belharino.
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