Santuário de Nossa Senhora de Mércoles

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Neste espaço, existiram com certeza vários templos além daquele que se vê agora. O Santuário de Nossa Senhora de Mércoles já foi muita coisa, entre elas um local de culto a Mercúrio.
Um templo que é uma sobreposição de templos presta culto a um monte erguido bem ao lado de Castelo Branco
A Igreja de Nossa Senhora de Mércoles
Está a aproximadamente três quilómetros de Castelo Branco, orgulhoso e só, no cocuruto de um monte onde dominam árvores do sul, como azinheiras ou oliveiras.
Presentemente, conta com um traço, não raras vezes, moderno – foi restaurado recentemente, entre 1980 e 1983, o que justifica esta nova cara. Um estilo contemporâneo que, todavia, não chega a esconder totalmente a sua antiguidade.
Essa é talvez a grande característica do Santuário de Nossa Senhora de Mércoles: a mescla de estilos que correu a sua história, alguns deles já praticamente apagados.
Aquilo que de mais antigo vemos quando olhamos para a igreja é essencialmente gótico. Um gótico tardio, do século XIV, que foi sido tratado com traços mais modernos ao longo de todas as requalificações que teve desde o século XVII até ao século XIX.
Destacam-se à vista os torreões anexos à fachada, em jeito de capelas, de telhado piramidal e em perfeita simetria, de onde partem duas paredes que criam um átrio anterior ao portal. Nas laterais encontram-se dois alpendres, um de cada lado, típicos dos templos dos montes sagrados. No interior, o azulejo é escolha para o revestimento.
Em torno da igreja, podemos ver várias habitações de feição beirã, embora com o piso térreo habitual no Alentejo. São casas que antes recebiam os romeiros de uma das mais famosas procissões da diocese de Portalegre e Castelo Branco, a Romaria da Senhora de Mércoles, celebrada por três dias, do segundo Domingo depois da Páscoa até à Terça-Feira seguinte (dia em que é feriado no município).

Uma romaria como agradecimento a um milagre contra uma praga de gafanhotos
Origem Templária e não só
É bastante provável que haja duas (ou mais?) origens bem distintas para compreender a existência do Santuário de Nossa Senhora de Mércoles, e sobretudo para perceber a razão de estar no sítio onde está.
Que a Ordem do Templo aqui tenha decidido fazer obra, parece ser ponto assente, sabendo-se que Afonso Henriques entregou estas terras à Ordem por altura da Reconquista. Os Templários, de resto, são bem conhecidos pela plantação de santuários que fizeram à medida que o terreno a sul ia sendo conquistado, uma forma de irem criando novas raízes cristãs em território que, de certa forma, tinha sido influenciado pela fé islâmica.
Ainda assim, é consensual entre muitos investigadores que o edifício templário veio a ser construído em cima de outro que já cá andava, talvez moçárabe, e que mesmo esse era uma sobreposição de um outro monumento bem mais antigo e, até, pré cristão, que pode ter aparecido como forma de prestar culto ao monte onde se encontra. E para isso devemos ir pelo topónimo desta estranha Senhora, a Senhora de Mércoles.
Nossa Senhora de Mércoles
Frei Agostinho de Santa Maria fala de uma lenda que defendia haver por aqui uma imagem que milagrosamente apareceu no tronco de uma azinheira. A imagem foi atribuída à Virgem e, dado tal fenómeno ter acontecido a uma Quarta-Feira, e à proximidade de Espanha de tal evento, a Senhora foi apelidada com o castelhano de Miercoles (ou seja, Quarta-Feira para os nossos vizinhos do lado).
Esqueceu-se Frei Agostinho de Santa Maria de acrescentar que a palavra Miercoles deriva de Mercúrio, ou seja, é o dia da semana consagrado à Divindade mitológica romana. E isso é deveras importante porque neste mesmo monte foi encontrado um altar de devoção a Mercúrio, o que significa que, muito provavelmente, este era um sacro-monte ainda antes da cristianização da península.
Uma outra lenda sugere que a romaria feita quinze dias depois da Páscoa em homenagem à Senhora de Mércoles é um agradecimento a esta por ter poupado a região de uma praga de gafanhotos – mais uma vez, tal como acontece com as Festas das Papas muito próprias da Beira Baixa, as procissões são justificadas por milagres usados por Santos ou Senhoras contra pestes destruidoras de culturas.
Castelo Branco – o que fazer, onde comer, onde dormir
Castelo Branco, tantas vezes nomeada capital da Beira Baixa, terra de Templários e da posterior Ordem de Cristo, tem na sua Sé, antiga Igreja de de São Miguel, um dos monumentos de visita certa. Mas há outros pequenos detalhes que por lá andam para olho atento, como o manuelino popular de alguns portados da cidade, o Paço Episcopal e seus jardins, o Santuário de Nossa Senhora de Mércoles, e os vários solares espalhados pelo concelho.
De Castelo Branco ouvimos também falar do célebre bordado e de uma das suas grandes consequências: as Colchas de Castelo Branco. Nesse sentido, é interessante uma passagem pelo Museu de Francisco Tavares Proença Júnior e pelo Museu da Seda para compreender a realidade têxtil albicastrense. Os queijos regionais, alguns deles portadores do selo de qualidade DOP, são obrigatórios para qualquer bom garfo. E não esquecer a Viola Beiroa, rejuvenescida nas últimas décadas, com um delicioso timbre, que até já deu origem a um outro instrumento, a Beiroinha, para as unhas dos gaiatos.
Quanto a natureza, há um óptimo passeio que se pode fazer de barco entre Portugal e Espanha - o ponto de partida é no Cais de Lentiscais, sendo a navegação feita até ao Cais de Cedillo.
Para dormir na cidade, o ideal é experimentar os apartamentos Casa 92. Para consultar outras ofertas e promoções, ver em baixo:
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=39.81929 ; lon=-7.45061