Relicário de Coral Vermelho da Rainha Santa Isabel

by | 24 Mar, 2020 | Beira Litoral, Lugares, Monumentos, Museus e Exposições, Províncias

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Actualmente exposto no Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra, o Relicário de Coral foi um dos objectos cedidos pela Rainha Santa Isabel ao também coimbrense Mosteiro de Santa Clara-a-Velha.

Encerra em si um conjunto de superstições conivente com a imagem popular de D. Isabel de Aragão, a rainha milagreira, a quem se atribui, entre muitos outros, o Milagre das Rosas.

As crenças

Os relicários, e este em particular por ter no exótico coral vermelho o seu eixo, estiveram sempre associados a certas crenças populares da idade medieval – a eles eram apontados tratamentos para pestes e outras doenças, além da capacidade de afastar o mau olhado (veja-se as propriedades atribuídas à Cabeça Relicário de São Fabião, como outro exemplo).

O coral, de resto, sempre foi interpretado como objecto curador, acreditando-se que concentrava em si três componentes maiores da natureza: animal, vegetal e mineral. A mitologia grega liga a sua origem às gotas de sangue da cabeça decepada de Medusa – e acrescente-se que também a imagem da cabeça de Medusa era utilizada enquanto talismã apotropaico.

Não custa a crer, portanto, que o povo, passando na caixa-forte da igreja de Santa Clara-a-Velha onde o tesouro da Rainha Santa repousava, viesse pedir certos milagres a um relicário raro, neste ou em qualquer outro país, até para os dias de hoje.

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Aspecto actual do Relicário

Aspecto actual do Relicário, sem as figuras cimeiras entretanto perdidas

O relicário

Tão ou mais invulgar do que as crenças que alimenta é a própria peça, que entre a sua base de dois leões (não por acaso, o leão é símbolo do poder e da sabedoria) e as mísulas do topo tem vários braços de coral vermelho cravados em cilindros de prata dourada. É graças a esse material que o relicário ganha um curioso aspecto, como se fosse uma árvore – os corais são considerados, aliás, as árvores do mar.

É famoso o uso dos corais na ourivesaria barroca. O que torna este relicário único é a data da sua criação – D. Isabel morreu em 1336, muito longe dos anos onde o barroco se afirmou.

Acima do par de leões encontra-se um nó com o escudo de Aragão, em esmalte, Casa Real da Rainha Santa Isabel. Por baixo da mísula superior, uma pequena caixa guarda, diz-se, uma relíquia de Santo Lenho (isto é, um fragmento da cruz onde Cristo foi crucificado) – e neste caso não estamos perante fenómeno insólito já que existem, em Portugal, vários relicários que se afirmam como guardadores do santo lenho.

No seu topo, há três suportes que não seguram coisa nenhuma. Naquele vazio estiveram, antes, figuras do Calvário – Maria de um lado, São João Evangelista do outro, e ao meio Cristo crucificado (todas elas, infelizmente, desapareceram).

Coimbra – o que fazer, onde comer, onde dormir

A bela cidade académica de Coimbra tem um mar de tesouros por explorar. Cada igreja poderá bem contar com uma mão cheia de pormenores a visitar e, porque queremos ser sintéticos, resumiremos a coisa a isto: ouça Fado de Coimbra (sem aplausos), conheça a Sé Velha, visite o Museu Nacional Machado Castro (que esconde o relicário de coral de D. Isabel de Aragão), deambule pela Universidade e pela maravilhosa Biblioteca Geral (aproveite para conhecer os sinos da cabra e do cabrão), e coma no Manel dos Ossos.

Na cidade, as recomendações para dormir são também vastas, porém ficamo-nos pelo Ponto de Vista - Coimbra (na margem esquerda do Mondego, tendo Coimbra inteira à nossa frente), o Oryza Guest House & Suites (igualmente na margem esquerda), e o luxuoso Solar Antigo Luxury Coimbra (com quartos para toda a família).

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