Cavalhadas de Viseu

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Resolvemos agregar duas festividades num só texto porque são parte constituinte das mesmas festas populares viseenses: da soma das Cavalhadas de Vildemoinhos e das Cavalhadas de Teivas poderemos dizer que resulta uma nova designação, as Cavalhadas de Viseu, que se mostram ao público anualmente, no mês de Junho.
O que são as Cavalhadas
As Cavalhadas de Viseu são cortejos feitos por altura das festas dedicadas aos santos populares e que remontam ao século XVII, pelo menos. Uma, de data relativamente movível, mas que calha por volta do dia 17 ou 18 ou 19 de Junho, dá pelo nome da Cavalhada de Teivas. Outra, mais famosa, chama-se Cavalhada de Vildemoinhos e tem dia marcado – celebra-se sempre a 24 de Junho, dia dedicado a São João, santo muito festejado um pouco por todo o país mas sobretudo na zona norte, tendo como referências maiores o São João do Porto e o São João de Braga.
Quer uma quer outra, começam na terra que lhes entrega o nome, percorrem vários quilómetros, e terminam no centro da cidade de Viseu.
As festas juninas, por todo o país, são uma explosão de cor, uma ode à transgressão, uma celebração dos excessos. E as Cavalhadas surgem neste contexto, mesmo que haja lendas a procurar justificá-las de outra forma – e já lá iremos. É impossível não ver nos cortejos, na música, nas sardinhas e na broa, uma imensa festa ao astro fecundador, o sol, que por esta altura entra na sua máxima potência, prolongando os dias e encurtando as noites.
Cavalhadas de Teivas
Como falado, a Cavalhada de Teivas antecipa-se em cerca de uma semana à Cavalhada de Vildemoinhos.
Faz-se de um cortejo de carros e de bombos, realizado entre a povoação e o centro de Viseu. De particular tem uma coreografia, que popularmente é conhecida como morgadinha, dançada em par e que lembra um pouco algumas danças oitocentistas. A origem deste baile parece residir numa espécie de caricatura das danças de época. Os seus participantes eram, antes, exclusivamente homens, coisa que já não acontece na actualidade.
No cortejo onde a morgadinha acontece, os trajes alternam o feminino com o masculino – de um lado, vestidos palacianos, do outro, roupagens coloridas completadas com coroas armadas. Este emparelhamento lembra-nos novamente o mês de Junho e todo o seu simbolismo alusivo à época fecunda. Recentemente, uma edição recriou um dos vestidos numa escala diferente: oito metros de altura homenagearam o traje típico da morgadinha.

Os pares da Morgadinha, na Cavalhada de Teivas

Cavalos e bandeiras iniciam a Cavalhada de Vildemoinhos
Cavalhadas de Vildemoinhos
Semelhante à Cavalhada de Teivas, a Cavalhada de Vildemoinhos marca a diferença pela dimensão. De facto, quer em termos de participantes, quer em termos de visitantes, a de Vildemoinhos ganha.
A componente religiosa também parece ter maior primazia face ao que acontece em Teivas. De facto, assistimos, logo pela manhã, a um agradecimento a São João, por parte de um alferes, dois mordomos, e um moleiro, todos eles a cavalo (há uma lenda que serve de suporte a esta tradição, de que falaremos adiante). O agradecimento só é concluído depois de três voltas serem dadas à capela dedicada ao santo.
Só depois começa o cortejo. Constituído por cavaleiros e moleiros e romeiros, alimentado ao som dos bombos dos Zés Pereiras e do rancho local, é contudo nos carros que reside o factor de diferenciação. Os carros que se passeiam até ao centro de Viseu são essencialmente alegóricos, geralmente críticos da situação política nacional e internacional), puxados por motores ou força animal. Há ainda uma charanga, gigantones e cabeçudos, e até bandas e ranchos folclóricos se podem juntar à pândega. São cinco quilómetros de festa e mais de cem mil espectadores a registar o momento na memória ou em foto.
Pela noite, dá-se ainda a Queima do Pinheiro, fenómeno próximo daquele que vemos nas fogueiras que acontecem pela mesma altura no Porto ou em Braga – mais um piscar de olho ao sol, o outro São João.
A lenda das Cavalhadas de Vildemoinhos
Vildemoinhos, antiga Vila de Moinhos, era terra de moleiros, como o nome indica. Os moinhos – ou as azenhas, a bem dizer -, dependiam do empurrão das águas do rio Pavia para moer o cereal.
Mas a montante, gente dedicada à agricultura via no Pavia também o seu sustento. E sem pedirem autorização a quem quer que seja, resolveram, através de açudes, desviar a água fluvial para abastecimento dos seus campos.
Os trambelos – nome dado aos habitantes de Vildemoinhos -, estranharam a fraca corrente do Pavia. E, subindo o rio, aperceberam-se da trama. Danados homens represaram água que devia ser de todos. Como represália destruíram todos os açudes que encontraram. Os agricultores não se deram por vencidos e daqui surgiu uma guerra de profissões: agricultores de um lado, moleiros do outro. Não havia fim à vista. E portanto decidiu-se resolver a cvoisa judicialmente, em Lisboa.
Os moleiros, apoquentados, fizeram uma promessa ao seu São João. Se a decisão dos tribunais fosse favorável aos moleiros de Vildemoinhos, todos os anos lhe dedicariam procissão de agradecimento. A notícia não tardou a chegar. E a favor dos trambelos. Desde aí, todos os anos, o obrigado é dado ao bem aventurado – todos os anos mesmo, até em época de pandemia.
Viseu – o que fazer, onde comer, onde dormir
Conhecer Viseu dá bem para um mês. Um dos pólos urbanos da Beira Alta - partilha o estatuto com a Guarda -, tem no burgo da sua Alta, junto à Sé e ao Museu Grão Vasco, um dos melhores sítios para se vaguear no país. Mas há surpresas no sopé da colina que lhe deu fama, como a Cava de Viriato, o artesanato das Flores dos Namorados em Fragosela, ou os planeados jardins do Parque do Fontelo. Entre Agosto e Setembro, o concelho bate recordes de visitas com a Feira de São Mateus, uma festividade com mais de seis séculos. Antes, no mês de Junho, há dois cortejos que se inserem nas festas dedicadas aos santos populares, a Cavalhada de Teivas e a Cavalhada de Vildemoinhos. Se a intenção é ficar pela urbe, a histórica Pousada de Viseu ou a aconchegante Casa da Avó Zirinha são óptimas escolhas.
O campo que cerca a cidade também deve ser alvo de atenção do visitante. Se houver força de pernas, aproveite-se a Ecopista do Dão que liga Viseu a Santa Comba Dão, a pequena Rota do Feto em Mundão, a Barragem de Vila Corça que impele ao banho de água doce. No mês de Junho, não se podem perder as Cavalhadas - as mais conhecidas são as de Vildemoinhos (encostadas à cidade), mas a povoação de Teivas também as vive em grande. Por estes lados do Viseu campestre, temos cama na magnífica Quinta dos Três Rios, explorada por um casal de ingleses bem hospitaleiros, a Casa de Pedra num granito já nortenho, ou a rústica Casa do Compasso em Farminhão.
Nas comidas, há tanto para explorar: os viriatos, os pastéis de feijão, o rancho, as castanhas de ovos, e muito mais. E na restauração temos o Mesa de Lemos, com estrela Michelin, mas também o Improvviso, a Tasquinha da Sé, o já velhote Cortiço, e muitos outros que poderia pôr aqui.
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