Casa de Juste

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Há solares bonitos, há solares antigos, há solares históricos. E depois há a Casa de Juste, uma maravilha lousadense agora adaptada a turismo rural da Primavera ao Outono, a que se acrescenta uma vinha, uma fábrica de produtos gastronómicos, uma loja, e um casal (a Ana e o Fernando) de simpatia extrema que abre caminho a quem a quiser espreitar. Se forem dos que, como eu, duvidam do bom gosto dos tempos modernos, lembrem-se de cá passar, mesmo que apenas para regalar os olhos, porque só isso já consola o espírito.
As famílias antigas de Lousada
Como esperado, estando nós no Norte, e em particular no Vale do Sousa, a Casa de Juste tem berço no Portugal feudal. Ou senhorial, se preferirem, porque há quem garanta que o nosso feudalismo não teve a ortodoxia de outros da Europa ocidental. Seja feudal ou seja senhorial, a verdade é que esta organização de classes que apanhou quase toda a Idade Média, onde as Honras e os Coutos serviam nobreza e clero – cada uma com estatuto próprio, como se fossem pequenos Estados de uma maior federação (o reino) -, é coisa muito nortenha. Vigorou acima de tudo no Minho e no Douro Litoral, e de forma menos vincada em Trás-os-Montes e na parte setentrional das Beiras.
A sua semente, dirão alguns, encontra-se nas villae romanas, núcleos residenciais que incluíam vários casais, e que eram antes administrados por uma elite vinda da península itálica. Mais tarde, com a dissolução do Império de Roma, as mesmas seriam aproveitadas pelos povos germânicos que tomaram conta do território ibérico. Depois da incerteza que a ocupação moura gerou no Norte peninsular, tornaram a ser reocupadas por soldados de alta patente vindos das Astúrias na altura da Reconquista, a maioria deles associada às mais poderosas famílias visigóticas ou, em alternativa, a uma aristocracia que de além-Pirinéus para cá viajou à procura novos feudos. No caso da Casa de Juste esta ligação a um passado romano parece ser especialmente importante tendo em conta que o Coronel Augusto Soares de Moura, um dos mais versados homens quando o assunto é a história de Lousada, sugere que o nome Casa de Juste possa vir de villa Justus. O que não deixa dúvidas é que a villa de Juste foi enumerada nas Inquirições de D. Afonso III.
O mesmo autor refere-se à casa como empreendimento dos Cunha Coutinhos no século XVII. Contudo, este edifício seiscentista surgiu, por certo, como uma requalificação de outro solar mais antigo. O que hoje se vê é uma casa de estrutura simples, longitudinal, encostada à capela (também ela uma garantida presença em qualquer velha Honra nortenha), com alguns detalhes de inquestionável importância, como acontece com a janela virada a norte, de toque manuelino, uma raridade nestas paragens. Já o pórtico tem um remate que lembra o que encontramos em vários monumentos românicos, esses sim, de enorme concentração no concelho lousadense e noutros seus vizinhos. A somar temos o enleamento das restantes casas e, em especial, do jardim de buxo, um portento de geometria e cor, montra de exibição para camélias e tulipas, lugar de nado de cisnes negros, poiso namoradeiro para chás das cinco.
Para cima, vemos bosque – carvalhos e castanheiros, sobretudo. É um prolongamento da floresta que antes integrava a Casa de Vilar (mais um dos domínios senhoriais lousadenses), recentemente entregue à Câmara Municipal, que justamente a promoveu como brenha autóctone, e que é vulgarmente conhecida como Mata de Vilar.
Para baixo, junto à estrada nacional, achamos a loja, uma responsabilidade que a Ana acumula à gestão da casa. E o que dizer da loja? Uma desorganizada delicadeza onde se vendem chás açorianos com mistura caseira, compotas de fruta de bosque que são um primor, azeites e biscoitos, vinho verde espremido das uvas de Juste (tenho um aqui ao meu lado que não sobreviverá ao dia de hoje), Vinho do Porto, artesanato local e cabazes à espera de um lugar junto à Árvore de Natal.

O romântico na Casa de Juste

Uma casa na floresta: a perdição das crianças

A janela Manuelina

A floresta da Casa de Juste cola à Mata de Vilar
Lousada
Um curto roteiro histórico com o melhor de Lousada. Surpreendentes destinos, saborosos repastos, sossegadas dormidas.
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Mapa
Coordenadas de GPS: lat=41.29109 ; lon=-8.22178