Igreja de Nossa Senhora da Nazaré (Landeira)

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A velha Vendas Novas
O que mais havia para ver na Igreja de Nossa Senhora da Nazaré – e que remontava à sua primitiva estética, do século XV ou XVI -, já não existe. Foi vítima do apetite voraz do tempo, sobretudo quando o terramoto de Lisboa deu de si, a meio do século XVIII. Foi-se uma das capelas laterais, a do lado direito para quem se encontra virado para a Capela-Mor. Ficou outra, já bastante adulterada, no lado oposto.
Também a estatuária não surpreende. Na verdade, até se podem apontar alguns defeitos técnicos na escultura da Senhora aqui celebrada. A pia de ligeiro estilo manuelino ainda se salvou mas por pouco, e apenas por ser obra de duradouro material – está agora exposta do lado de fora aos olhos de todos. Os azulejos no interior mostram um padrão elegante, mas comum quando comparado com o de outras ermidas. O retábulo ao fundo exibe-se competente, mas longe de ser disruptivo. E de resto, a uma primeira vista, não há nada mais que mereça particular atenção, por dentro ou por fora.
No entanto, o que faz do templo um importante marco histórico do concelho de Vendas Novas é que este é, possivelmente, o edificado mais antigo de Landeira, e Landeira é sem grande dúvida o povoado mais antigo do município. Deverá, por isso, ter tido origem na Ordem de Santiago, quando esta, com a conivência do rei, colonizou boa parte da Costa Vicentina, daqui até ao rio Mira.
Concluindo, a relevância da Igreja de Nossa Senhora da Nazaré não está tanto no que se vê mas no que se sabe dela. Assim percebemos que, além da Procissão das Velas realizada em Maio, aqui passe uma das mais bonitas romarias do sul de Portugal – a Romaria a Cavalo de cinco dias que liga Moita a Viana do Alentejo. Apesar de modesta, o templo de Landeira mantém-se como uma estação elementar no itinerário religioso regional.
E se isso não chegasse, temos um mistério a descodificar quando olhamos um insólito objecto que lá se encontra…
A caveira
Um estranho objecto está colocado num nicho no interior da Igreja de Nossa Senhora da Nazaré: uma caveira. A justificação para a sombria exposição não é dada.
Sabe-se que aqui, neste mesmo lugar onde hoje se fixa a igreja, encontraram-se ossos soterrados, o que leva a crer que estamos num lugar de culto aos mortos, isto antes de um cemitério ter sido edificado no lado oposto da aldeia, levando a que os defuntos da terra, a partir de certa altura, fossem sepultados noutro lado. Assim sendo, poderá esta caveira vir desse outro tempo em que neste lugar se tumulava gente? E, aceitando essa hipótese, guardaram esta caveira em especial porquê? Algum notável senhor? Algum ilustre pároco?
Numa outra perspectiva, José Adelino Maltez, no seu Abecedário Simbiótico, relaciona as caveiras com o monte Gólgota (ou Monte do Calvário, se se preferir) ao escrever que resulta de Gulgaita, isto é, de “monte que se assemelha a um crânio”. Poderia este espaço, antes de ser transformado numa igreja dedicada à Senhora da Nazaré, e portanto de corrente culto mariano, estar relacionado com outro tipo de ritualização mais próxima da Paixão de Cristo, como a do Senhor dos Passos, por exemplo?
Ou, por outro lado, estamos perante uma relíquia na sua forma mais rude, uma espécie de cabeça-relicário, tal como vemos na de São Fabião, em Castro Verde. Se sim, todas as curas ou atributos milagrosos que habitualmente se confiam a esses mágicos objectos desapareceram neste caso, pois não tenho qualquer conhecimento de crenças em propriedades curandeiras vindas da caveira de Landeira.


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Coordenadas de GPS: lat=38.59374; lon=-8.64891
