Ermida de Nossa Senhora das Neves de Mértola
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Quem entra em Mértola pelo lado Oeste, antes de atravessar a Ponte de Mértola, repara que um cerro do lado esquerdo está coroado com um pequeno e alvo edifício rectilíneo. É a Ermida de Nossa Senhora das Neves.
Antiga torre Moura
Normalmente foram as antigas mesquitas que se transformaram em igrejas, mas aqui e ali isso também aconteceu com outro tipo de edifícios, civis ou mesmo militares. A Ermida da Nossa Senhora das Neves, em Mértola, inclui-se no último caso.
Dada a posição que ocupa, com um bom ângulo de visão para os vários pontos cardeais, e por se situar numa situação privilegiada de defesa a norte de Mértola (de onde vinham os ataques cristãos), foi ali que os sarracenos, no período em que ocupavam o sul da península, decidiram instalar uma torre de vigia. Isso explica, em parte, o facto da capela ser tão despida de ornamento e, sobretudo, tão rectiforme, deixando apenas o telhado como elemento que abdica das formas equitativas. De facto, não fosse a cobertura e a ermida passaria por um legítimo cubo, a lembrar a Ermida da Memória ou os Morabitos de Alvor.
A má notícia é que habitualmente se encontra fechada. Mas há uma compensação: a romaria que Mértola organiza no dia 5 de Agosto tem como destino esta capela que funciona como um miradouro para o Castelo de Mértola, uma boa altura do ano para a ir ver.
Um miradouro sobranceiro a Mértola presta culto à água
A Senhora das Neves
Há vários sítios a invocar Nossa Senhora (que veio substituir antigas invocações à Mãe Natureza) sob esta forma particular, das Neves. Em Portugal, conheço várias igrejas e capelas dedicadas a ela: em Sortelha, em Vilar de Perdizes, na Serra de Montejunto encostada à Real Fábrica do Gelo, em Alcabideche, em Neves perto de Viana do Castelo, e muitos outros concelhos ou freguesias do país.
Com efeito, a Senhora das Neves, também conhecida por Santa Maria Maior, foi buscar o seu nome a um milagre que se deu em Roma: não sabendo um casal onde construir uma capela, foi ajudado pelos céus quando Maria apareceu e anunciou que o santuário deveria ser feito na zona do monte Esquilino (a mais alta das colinas romanas) que ficasse coberto de neve. Ora, havia aqui um problema – Roma é uma cidade onde as temperaturas negativas são caso raro, o monte Esquilino tem pouco mais do que cinquenta metros de altitude, e estávamos em pleno Verão. Mas o milagre deu-se, e de 4 para 5 de Agosto nevou, lá se construindo um templo que, muitos anos depois, deu na actual Basílica de Santa Maria Maior.
É por aqui que se entende que os lugares atribuídos a esta Senhora estão no cimo de elevações que se destacam face à envolvente, tal como acontece em Mértola. Prende-se isto com o próprio carácter da invocação que lhe é feita. À Senhora das Neves pede o povo por neve ou, conforme o contexto, por água. E a sublinhar isto, sabemos pelos mais velhos que é à Ermida de Nossa Senhora das Neves que os mertolenses vão quando querem pedir clemência aos meses de seca que prejudicam os campos da região.
Outra possível justificação para a atribuição da Senhora das Neves a este cume prende-se com uma linha explicativa mais literal. Tratando-se de uma vila do Baixo Alentejo, província onde a possibilidade de se ver neve é muito remota, poderá ter sido um improvável nevão naqueles lados a lembrar o povo de que também ali, como no monte Esquilino de Roma, aconteceu um milagre? E que como recompensa os mertolenses tenham dado àquele cerro o nome da Senhora que o pintou de branco.
Mértola – o que fazer, onde comer, onde dormir
Mértola tem boa cama. Contudo, é do outro lado do rio, com vista para a vila, que ficam os dois mais recomendáveis poisos.
A Casa da Ti Amália, em Além Rio, com habitações partilhadas e privadas, à escolha, situa-se mais a Leste. A Oeste, fica a luxuosa (mas de preços bem acessíveis) Quinta do Vau, com piscina exterior e ampla vista para Mértola, a norte.
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=37.64122; lon=-7.66552