Fonte das Bicas
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Numa terra que privilegia a vida colectiva municipal, como se pode ver nessa corrida de capelinhas que é a tradição de Fazer as Onze, o Chafariz de Borba, mais conhecido por Fonte das Bicas, é o monumento agregador das suas gentes, tal e qual como um pelourinho.
A Fonte das Bicas, em Borba, não é só um monumento régio. É também um monumento à água e ao mármore.
O Chafariz de Borba
A razão da construção da Fonte das Bicas prende-se com uma visita real ocorrida no século XVIII, no caso a da Rainha Dona Maria I, a Louca, e ainda lá se pode ver o brasão respectivo, em alto relevo.
Numa altura em que a passagem de um aristocrata por um município era tida como o evento do século, não se fez a coisa por menos, decidindo-se construir uma ampla fonte barroca com laivos de neo-classicismo.
Estando em Borba, decidiu-se montar o chafariz usando a pedra que ainda hoje emprega tantos borbenses: o mármore, a par do vinho e do azeite, o grande activo económico da terra. Diz José Couto Nogueira: “De todas as hipérboles marmóreas, a mais notável e notória é a Fonte das Bicas”, para logo acrescentar, “aqui se esmeraram numa espécie de monumento à água”.
A estética foi inspirada em algumas outras fontes do país, nomeadamente espalhadas pela capital. Dispõe de três bicas ao centro e duas laterais que parecem estar adaptadas ao tamanho de uma criança. Por trás, um lago artificial marca o largo que se foi ampliando a partir dali, agora ironicamente chamado Praça da República.
Os bustos dos monarcas que justificaram esta construção (D. Maria I, como já se disse, e D. Pedro, com quem casou) é que são agora só memória – foram roubados há não muito tempo e nunca voltaram a domínio público.
Um monumento à água e ao mármore
Crenças sobre a Fonte das Bicas
É costume as fontes trazerem hábitos invulgares criados pelos locais. A Fonte de São Pedro, em Rates, já aqui falada, é prova disso.
Aqui, em Borba, a crença dos borbenses está relacionada com o número de bicas existentes na taça central: diz o povo que uma serve os solteiros, outra os casados, e outra os viúvos. Os divorciados, aparentemente, a nada têm direito – diga-se também que só recentemente é que o divórcio virou estado civil comum.
Aparte esta saudável segregação, feita conforme a bica, conta-se ainda que quem bebe das águas do chafariz mais afamado do município, a Borba sempre retornará. Posso apenas dizer que comigo aconteceu.
Lago artificial do Chafariz de Borba
Onde ficar
No centro de Borba recomenda-se a Casa de Borba, lar quinhentista entretanto renovado e com piscina exterior. Há cozinha partilhada para quem quiser fazer comida própria.
Ligeiramente a norte do concelho, mas a curta distância, podendo até fazer-se a coisa a pé, está o Monte da Fornalha, casa rústica muito bem decorada e também com piscina. A sala partilhada tem lareira e há biblioteca para quem quiser.
Mapa
Coordenadas de GPS: lat=38.80625; lon=-7.45361