Canja de Cornos

by | 24 Ago, 2017 | Beira Alta, Gastronómicas, Províncias, Tradições

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A Canja de Cornos (ou para outros, a Sopa de Cornos) não é exactamente um prato típico de determinada província ou concelho mas sim um prato típico de um só restaurante. A verdade é que se tornou tão famoso que outras casas de pasto começaram a replicá-lo, transformando-o num activo à escala regional. E para isso temos de agradecer ao seu inventor: o Restaurante Zé Nabeiro, no Soito, Beira Alta.

Importa saber que a Canja de Cornos está apta a consumo no Zé Nabeiro mas apenas às Quartas-Feiras e aos Sábados. Dias sagrados no Soito, à beira da fronteira com Espanha.

Uma canja diferente

É uma sopa, mas de outra ordem.

A lembrar que vem da família das canjas vem o caldo e a massa, em forma de estrelinha. Depois há o resto da conversa, e é até mais essa que importa.

Consta-se por estes lados que José Manuel Fogeiro, nos bons tempos em que os matadouros eram também de pessoas e não apenas de empresas (no caso, na década de setenta), convidava compadres para comezainas à séria, à base de vitelas que criava por conta própria. Ora, da vitela aproveitava-se quase tudo, mas para o quase desaparecer era preciso dar um propósito à cabeça do animal.

Vai daí passaram igualmente a cozer a cabeça da vitela e os seus miolos, e o caldo que daí resultava tinha sabor maior, demasiado bom para ir fora.

A seguir ao prato estar inventado surgiu o nome, de certeza que meio em tom de brincadeira e, obviamente, fazendo a associação dos cornos à tal cabeça que ia para o tacho. A verdade é que a canja tem apelido sonante, dando fama a um caldo que, ao contrário de outros, também tem proveito.

E assim de come a Canja de Cornos, logo acompanhada de outras carnes dispostas em separado (que se baseiam, além da vitela, na carne de porco ou de borrego).

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Receita da Canja de Cornos

Ora aqui vai o segredo que me deram sobre esta afamada sopa beirã: nenhum.

Não faço a mínima ideia de qual o truque ligado à Canja de Cornos. Sei que leva vitela, criadas na região, e que se coze a carne com lareira caseira. Sei que leva as massas normais de qualquer canja convencional. Sei que o caldo vem, como já foi falado, da cozedura da cabeça da vitela. Sei que os ingredientes da praxe lá param também: cebola e alho, talvez pimenta. Isto é tudo o que sei e tudo o que qualquer outra pessoa sabe.

Ademais, uns pedacinhos que aparecem na canja, e que se assemelham a carne, são na verdade a medula dos ossos da cabeça da vitela. A ser verdade, Canja de Cornos não seria apenas uma expressão mas sim uma descrição relativamente gráfica daquilo que levamos à boca – distanciando-se assim de outros ícones portugueses, como o Licor de Merda, que, como é evidente, não leva o ingrediente que o nome sugere.

Contudo, sabendo tudo isto não explica por si como atinge este especial palato. Isso é segredo dos Deuses. E os Deuses aqui são José Manuel Fogeiro e demais família.

Onde ficar

A Casa da Manjedoura fica a poucos quilómetros do Soito e é uma simples e simpática acomodação na vizinha Alfaiates. Encontra-se entre o Sabugal e a fronteira espanhola e está equidistante de variadíssimos pontos de interesse na Beira da raia.

Em Agosto pode aproveitar-se a estadia e fazer-se a ronda das Capeias Arraianas do concelho do Sabugal.

Mapa

Coordenadas de GPS: lat=40.35689 ; lon=-6.9642

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